Quando em fevereiro deste ano aqui publicámos uma reportagem sobre o passado e o futuro da Honda ao nível de motos elétricas, estávamos longe de imaginar ao certo qual era a extensão dos planos eletrizantes da marca japonesa. Foi preciso esperar alguns meses para ficarmos então a conhecer em maior detalhe o plano da Honda para atingir a denominada neutralidade carbónica. E esse futuro eletrizante inclui pelo menos 10 motos elétricas até 2025.
Numa conferência de imprensa dedicada inteiramente à divisão de motos daquele que é o maior fabricante mundial de veículos de duas rodas, alguns dos principais responsáveis da Honda explicaram, em traços gerais, aquilo que podemos esperar nos próximos anos.
E o plano estratégico implica colocar no mercado global diversas motos elétricas.
A Honda planeia lançar globalmente dez, ou mais, modelos de motos elétricas até 2025, e pretende aumentar as vendas anuais de modelos elétricos para 1 milhão de unidades nos próximos cinco anos, e para 3,5 milhões de unidades (equivalente a 15% das vendas totais de unidades) a partir de 2030.
O gigante nipónico visa alcançar a neutralidade carbónica em todos os produtos e atividades corporativas em que a marca está envolvida até 2050. Hoje, 13 de setembro de 2022, a Honda organizou uma conferência de imprensa sobre as suas iniciativas para o negócio de motos, apresentada por Kohei Takeuchi (Vice-Presidente) e Yoshishige Nomura (Diretor Geral).
E em que consiste o plano da Honda tendo em vista uma gama de motos mais amiga do ambiente?
A primeira coisa que os motociclistas devem ter em conta, é que a vontade de atingir a neutralidade carbónica a médio prazo, não significa imediatamente que deixaremos de ver a Honda a lançar no mercado motores a combustão interna (ICE). Na verdade, desta conferência de imprensa sai precisamente a vontade expressa de continuarem a desenvolver motores deste tipo, abraçando simultaneamente a eletrificação da gama de motos.
A eletrificação Honda vai ter um pouco de tudo: motos citadinas ou equivalentes a ciclomotores, mas também motos “grandes”, capazes de transmitir o que a marca japonesa define como “prazer de condução” a que as motos da marca habituaram os seus clientes.
Para uma utilização pessoal, a Honda planeia lançar dois modelos urbanos EV entre 2024 e 2025 na Ásia, na Europa e no Japão. À luz da evolução futura do mercado e dos avanços tecnológicos, a Honda explorará também uma gama de futuros modelos de uso pessoal, incluindo aqueles equipados com uma fonte de energia além de baterias substituíveis.
Na gama equivalente a ciclomotores, um segmento que tem vindo a ganhar maior preponderância nos mercados asiáticos, principalmente na China, a Honda vai apresentar cinco modelos, que serão comercializados a nível global. O “timing” para a chegada destas novidades elétricas será até final de 2024.
Depois, veremos nascer a gama Fun EV, uma nova gama de motos que se encontra em desenvolvimento e que em breve teremos mais detalhes técnicos. A sua chegada ao mercado global será até 2025.
Em relação à bateria, um componente central dos veículos elétricos, a Honda pretende equipar as suas motos elétricas com uma bateria integralmente em estado sólido, em desenvolvimento atualmente pela marca, fazendo uma utilização ativa dos seus próprios recursos.
Por outro lado, a melhoria das infraestruturas de carga e a uniformização das especificações das baterias são vitais para a adoção das motos elétricas a nível global. Como parte da melhoria das infraestruturas de carga, a Honda tem vindo a trabalhar na popularização da partilha de baterias.
E convém também recordar que, tanto no Japão, como ainda na Europa, a Honda participa em diferentes consórcios com outros fabricantes de motos, que têm como objetivo criar um conjunto de baterias que possam ser uniformizadas a nível técnico, permitindo otimizar tecnologias e beneficiar todos os fabricantes e, claro, disponibilizar aos clientes motos elétricas o mais rapidamente possível.
Falta ainda referir que a Honda não só está a pensar a nível de hardware. Todo o pacote eletrónico que controla as funcionalidades das futuras motos elétricas Honda será também um “ativo” extremamente importante na implementação deste projeto eletrizante.
Nesse sentido, na área de desenvolvimento de software, a Honda tem vindo a trabalhar com a sua subsidiária de software, a Drivemode, no sentido de melhorar a criação de novos valores para as suas motos elétricas no domínio da conectividade.
Começando com o modelo utilitário urbano EV previsto para ser colocado à venda em 2024, a Honda vai oferecer funcionalidades em termos de experiência do utilizador que enriquecem continuamente a qualidade da condução através da conectividade, tais como a disponibilização de trajetos ideais que levam em consideração a autonomia restante, o envio de notificações dos pontos de carga, formação em segurança rodoviária e assistência no serviço pós-venda.
Olhando para o futuro, a Honda trabalhará para o estabelecimento de uma plataforma de conectividade que permita gerar ainda maior valor, não apenas interligando as suas motos, mas antes ligando uma vasta gama de produtos Honda, numa conectividade que ultrapasse os domínios dos seus produtos de duas rodas. Será assim criada uma experiência verdadeiramente global.
Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos continuar a acompanhar de perto todo o desenvolvimento deste plano estratégico que tem como objetivo permitir à Honda atingir a neutralidade carbónica.