O outro lado das “mortes do Expresso”

Alguns jornais, mais recentemente o Expresso, têm dado voz a algumas "notícias" que procuram denegrir a imagem da moto e dos motociclistas. Um post do Deputado Miguel Tiago ajuda a repor a verdade.

Nos últimos meses têm havido várias notícias bastante negativas sobre a utilização das motos, os seus utilizadores e da forma de obter a habilitação legal das mesmas. O número de óbitos em acidentes de moto durante este ano é o actual centro das atenções. As razão para este súbito “interesse” não são óbvias, mas as pressões de alguns sectores económicos que procuram lucrar com o actual bom momento do nosso sector poderão ter alguma responsabilidade. As “notícias” têm sido sempre bastante tendenciosas, não reflectindo toda a verdade dos factos e ocultando os dados que não são úteis para os interesses instalados.

Hoje o Deputado da CDU Miguel Tiago dedicou uma publicação na sua página de Facebook, que transcrevemos abaixo, a esclarecer muitos do pontos merecedores de dúvida na mais recente notícia do Expresso, e ajudam a repor a verdade.

Miguel Tiago

“O expresso devia identificar esta notícia como publicidade e não como trabalho jornalístico.

Vejamos:

Em primeiro lugar, o título emite uma opinião e não um facto. Não é possível correlacionar a lei das 125 com o aumento do número de mortes em 2017, pelo simples facto de que os dados não separam as 125 das outras motos.

Em segundo lugar, a lei das 125 entrou em vigor no final de 2009 e o número de motos nas estradas tem vindo a aumentar muito desde então, 125 e outras de elevada cilindrada, sem que os acidentes e número de mortos tenha aumentado. Na verdade, desde 2009 que os acidentes têm tido uma pequena tendência decrescente com excepção de 2017 que, ainda assim, não chega ao número de mortos de 2009, ano em que não vigorou a lei das 125.

Em terceiro lugar, não se pode dizer que o aumento do número de mortos se deve à lei das 125 sem ter em conta que há um número muito superior de motos e muitos mais quilómetros percorridos de moto hoje em dia. O número de motos desde 2009 até 2017 cresce a um ritmo muito significativo por ano e o número de acidentes e mortos não acompanha e até decresce.

Em quarto lugar, é estranho que o expresso tenha ouvido todos os interessados economicamente na lei e apenas um agente não económico (a Federação) e também é estranho que lá pelo meio do artigo diga que afinal não se pode comprovar uma correlação entre a lei das 125 e o aumento do número de mortes.

Em quinto lugar, como explica o Expresso que o número de mortes hoje com muito mais motos a circular seja inferior ao de 2008, dois anos antes da entrada em vigor das 125.

Em sexto lugar, a posição do expresso, escolhendo ignorar as condições objectivas em que os motociclistas circulam, escolhendo ignorar também que na maior parte dos acidentes envolvendo ligeiros e motociclos, a culpa é do condutor do ligeiro, escolhendo ignorar a total falta de condições de muitas estradas, principalmente nacionais e municipais, escolhendo ignorar o incumprimento da lei dos rails, a tinta escorregadia das passadeiras, as juntas metálicas nas pontes e viadutos, os buracos, a falta de visibilidade, a má sinalização, o preço caríssimo das portagens que tira motos das auto-estradas e as empurra para vias menos seguras, demonstra bem que a última preocupação do expresso é para com os motociclistas e a sua segurança.

Qual será então a preocupação do expresso?