Foi um belo salão de Milão! Confesso que não fiquei deslumbrado com as novidades ou com o número das mesmas, mas ainda assim gostei da 75ª edição do EICMA. A organização optou por misturar todos os expositores e não criou desta vez zonas específicas que estratificam e sectarizam em demasia os temas e interesses do público. Os espaços de circulação estavam mais pequenos, mas os stands das marcas estavam bem desenhados e concebidos, levando a uma imagem forte e de muita qualidade. O público apareceu em força, 24% de aumento de entradas relativamente ao ano passado e também o número de profissionais estrangeiros que visitaram a feira aumentou 28%. Muita gente, muita cor, muita luz, muito brilho, muita beleza e um EICMA que se vai destacando cada vez mais como o maior e melhor evento de mostra de novidades a nível mundial.
As marcas japonesas foram algo parcas em novidades, a Kawasaki foi a que apostou mais forte nesta ocasião, seguida da Honda, Yamaha e Suzuki, tendo esta última um enorme stand, mas apenas uma “novidade” que já tinha sido apresentada anteriormente. A Suzuki continua a sua travessia do deserto, tendo o ano passado sido a excepção que confirma a regra dos últimos anos sem novidades de maior. As marcas europeias tentaram dominar a lista de novas entradas, mas a BMW esteve algo “morna”, comparada com edições passadas, a Triumph apesar de apenas duas novidades absolutas terem sido mostradas, são pesos pesados na sua gama e num segmento de grande expressão comercial como são as trail e a Ducati mais uma vez jogou todas as fichas para ter a mais bela moto do salão e conseguiu-o, com a Panigale V4 que arrasou a concorrência com justiça. O Grupo Piaggio (Piaggio, Vespa, Aprilia, Moto Guzzi, etc), não esteve tão profícuo como noutras ocasiões, mas jogou forte com uma novidade eléctrica em forma de Vespa, o que por si só é de assinalar e destacar. As austríacas KTM e Husqvarna, sem muitas novidades, marcaram pela introdução do novo motor 790 laranja e pela nova tendência retro da Husky. A MV Agusta, que está a crescer, mas a assumir cada vez mais a sua natureza exclusiva e elitista. As americanas Harley-Davidson e Indian, já tinham mostrado as suas principais novidades, pelo que foram poucas as apresentações nos seus stands do salão. Do resto do mundo, vem um novo motor da Royal Enfield, um marco histórico para a marca, dez novidades da Benelli que se assume como uma marca em verdadeiro crescimento e expansão, as habituais renovações de gama de marcas de grande consumo como a Sym, Kymco, Peugeot, Keeway e Hyosung. Nos nichos de mercado, estiveram presentes as marcas de todo o terreno com boas propostas, a AJP, a Gas Gas, a Sherco, a Beta e a SWM, sendo que esta última também tem produto no segmento retro, onde marcas como a Mash, UM Motorcycles, Norton, Brough Superior, Caballero e Mondial, procuram um destaque para os seus produtos. Até a Arch Motorcycles do conhecido actor Keanu Reeves, esteve presente com grande destaque a ser dado à estrela de Hollywood, mais do que às espectaculares (e caras) motos que representa.
O segmento dos acessórios e equipamentos esteve bastante forte e com muitas marcas a mostrar os novos produtos, é sem dúvida um dos grandes interesses deste salão. Um destaque especial também à industria nacional, que esteve presente com excelentes espaços a mostrar o potencial e qualidade dos seus produtos, parabéns naturalmente à Nexx, CMS, Polisport, AJP, Jasil, JN Seat Covers e Hertz Ride, é muito bom ver as nossas cores bem representadas e presentes neste palco especial.
É assim um EICMA que abre boas perspectivas para um 2018 em cheio, foi um EICMA que mais uma vez nos fez sonhar e sentir como crianças em véspera de Natal, a desejar os presentes no sapatinho para o novo ano e esse é mesmo um dos papéis deste tipo de eventos. Mas ainda assim, venho do EICMA com mais do que uma impressão, com uma certeza sobre estratégia. Ao contrário do que se passava antigamente em que a comunicação das marcas assentava nos meios impressos e por isso interessava apresentar a maioria das novidades nos grandes salões, hoje em dia a globalização e facilidade na dispersão da informação levam a que as marcas guardem algum (muito?) jogo na manga, para que ao longo de todo o ano possam ir criando motivos de atenção sobre os novos produtos sem terem de partilhar o palco com os outros construtores. Assim temos a importância dos salões um pouco diminuída, mas que não retira brilho e destaque ao EICMA e sim a outros, que são cada vez mais “regionais”.
Agora que as motos já são conhecidas, venham elas para as testarmos e vos podermos dar em primeira mão aqui no MotoPT todas as informações e opiniões sobre as mesmas, estejam atentos!c