Com o Mundial de Resistência FIM a caminho da terceira ronda do calendário 2024, as famosas 8 Horas de Suzuka, algumas das equipas deste campeonato do mundo que não participam na prova japonesa, devido aos custos associados, optam por participar noutras provas de forma a trabalhar as suas motos e preparar os seus pilotos. Foi o caso do Team Bolliger Switzerland #8, onde está o português Pedro Nuno.
A equipa suíça viajou até Barcelona, onde participou nas conhecidas 24 Horas da Catalunha. A prova catalã disputa-se desde 1995, e todos os anos atrai ao circuito Barcelona-Catalunha um conjunto de equipas bastante competitivas e que discutem a vitória.
Entre as equipas favoritas encontrava-se o Team Bolliger Switzerland #8. E foi sem grande surpresa que a mais antiga equipa do Mundial de Resistência FIM alcançou a “pole position” para a corrida das 24 Horas da Catalunha.
Enfrentando esta prova com o claro objetivo de manter o ritmo dos pilotos e também de continuar a desenvolver a Kawasaki Ninja ZX-10R, a formação liderada por Kevin Bolliger não teve vida fácil.
Apesar de um bom arranque de corrida protagonizado pelo espanhol Alex Toledo, a Kawasaki #8 viria a perder a liderança para a FR Moto Racing Team. Pouco depois, e no seu primeiro stint, Pedro Nuno viria a sofrer uma queda provocada por um piloto atrasado. Foi obrigado a entrar na box para a equipa reparar os danos que, felizmente, não foram muito graves e permitiram regressar à pista ainda bem posicionados.
Entretanto, e já depois da queda dos líderes FR Moto Racing Team, a liderança das 24 Horas da Catalunha viria a passar a estar na posse da BMD Performance-B Motorsport, onde para além dos pilotos Mathieu Gines, Asrin Rodi Pak e Dylan Buisson, encontrava-se o lusodescendente Sheridan Morais.
A BMD Performance-B Motorsport viria a triunfar nesta longa e dura corrida catalã, estabelecendo um novo recorde absoluto para esta prova de resistência, completando em 24 horas um máximo de 762 voltas!
Para o Team Bolliger Switzerland #8 a história da corrida viria a ser marcada por diversos problemas.
Já depois da primeira queda sem grandes consequências, uma segunda queda, novamente com Pedro Nuno aos comandos da moto, obrigou a equipa suíça a um trabalho mais prolongado na box para recuperação de danos. Pedro Nuno caiu na curva 1 imediatamente após ter saído da box. Uma situação motivada pela falta de travões, pois na altura da paragem na box, e para a troca da roda dianteira, a equipa ‘abriu’ demasiado as pastilhas de travão.
Quando o piloto português chegou à travagem para a primeira curva do traçado catalão, não tinha potência de travagem suficiente e viria então a cair.
Pelo meio, a equipa sofreu de problemas de aderência nos pneus Pirelli. Ainda foram tentando resolver essa falta de aderência de diferentes formas, mas o calor que se fez sentir na Catalunha no dia da prova, colocou problemas inesperados às borrachas italianas. Desta forma era impossível à tripla de pilotos (Alex Toledo, Nico Thoni e Pedro Nuno) conseguirem os tempos por volta necessários para discutir a vitória.
Depois desses problemas chegou a vez de alguma sorte também sorrir ao Pedro Nuno e ao Team Bolliger Switzerland #8!
Já com a noite instalada sob o circuito Barcelona-Catalunha, apareceu a chuva. Nesse momento o português foi avisado que estava tudo preparado na box para uma paragem e troca de pneus. Usando a sua experiência, Pedro Nuno adiou um pouco a ida à box, e quando o fez optou por pneus intermédios em vez de optar pelos pneus Pirelli de chuva.
Essa escolha veio a confirmar-se ser a mais acertada, com o português a conseguir tempos por volta significativamente mais rápidos do que os seus rivais mais diretos.
O segundo lugar estava então praticamente assegurado, até porque a chuva viria a parar, e com o calor a pista secou novamente e então o Team Bolliger Switzerland #8 concentrou-se em terminar as 24 Horas da Catalunha em 2º.
Quanto ao derradeiro degrau do pódio, essa posição viria a ficar para a FR Moto Racing Team.
A queda inicial deixou a equipa local bastante atrasada na classificação, mas já durante a madrugada conseguiam colocar a Yamaha novamente no ‘top 3’ e foi precisamente em 3º que cortaram a meta.
Destaque nesta 29ª edição das 24 Horas da Catalunha para a elevada participação: estiveram em pista 54 equipas (incluindo quarto do Mundial de Resistência FIM), as quais contaram com um total de 219 pilotos. Apenas nove equipas foram obrigadas a desistir nesta corrida.
Depois de terminada a participação nas 24 Horas da Catalunha, o Pedro Nuno concedeu em exclusivo à Revista Motojornal declarações em que nos conta em maior detalhe como foi esta corrida catalã de resistência:
“Basicamente durante todo o fim de semana tivemos problemas de aderência. Juntamente com os técnicos da Pirelli estivemos sempre a tentar encontrar soluções, mas descobrimos que era um défice do pneu, que não estava preparado para as condições de pista. Nas últimas voltas de cada stint tínhamos mesmo muitas dificuldades de manter o ritmo.
Estava sempre a perder a dianteira na entrada em curva. Tínhamos de gerir desde a primeira volta, não conseguimos impor o ritmo que queríamos. Mas começámos bem a corrida, em primeiro, sempre com um ritmo constante. No meu primeiro stint tivemos uma queda com um piloto lento, que basicamente veio contra mim. Não perdemos muito tempo na box, havia pouca coisa para reparar.
Voltámos, perdemos a primeira posição, tudo a correr bem, até que um problema nos travões (falta de travões) fez-nos ter uma segunda queda, também comigo, logo na saída das boxes. Aí já foi uma queda mais violenta porque desde a saída das boxes em Barcelona até à primeira curva ainda é uma distância grande, e vamos rápido. Voltei a entrar nas boxes, perdemos mais um bocado de tempo, mas tivemos sorte que ambas as quedas não provocaram danos graves na moto. Começámos a recuperar o ritmo, entretanto à noite, num dos meus turnos, começou a chover e fizemos uma grande escolha de pneus.
Escolhi intermédios em vez de usar logo os de chuva, o que fez com que aguentasse a pista já um pouco molhada e consegui aí sim, no meu stint, ganhar entre 5 a 10 segundos por volta aos que ainda mantinham os slick e aos que optaram por pneus de chuva. Fui o único com intermédios.
Depois voltou novamente o calor e a chuva parou e foi sempre a recuperar, depois chegou ao ponto que passou a ser manter e levar a moto até ao fim. Basicamente foi uma corrida muito dura pelo calor e duas quedas, pois fiquei com dores durante toda a corrida. Fomos dos poucos a correr com três pilotos contra as equipas de quatro, e basicamente foi um bom treino para o Bol d’Or. Sabemos o défice da moto e temos de trabalhar nele e procurar soluções para o futuro”.
Quanto ao português Pedro Nuno, juntamente com o Team Bolliger Switzerland #8 estará de regresso à ação na última ronda da temporada do Mundial de Resistência FIM, o Bol d’Or, mais uma corrida de 24 horas e que vai disputar-se a 14 de setembro no circuito Paul Ricard com a sua ‘temível’ e longa reta Mistral.
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