Portugal de Lés-a-Lés – A crónica da 2ª Etapa

O segundo dia na estrada foi o mais longo e com passagem por Espanha. Aqui fica a crónica da 2ª Etapa do Portugal de Lés-a-Lés.

portugal de lés-a-lés

Todos os milhares de motociclistas que decidem participar no Portugal de Lés-a-Lés sabem que têm pela frente uma grande maratona. E o segundo dia na estrada foi mesmo o mais longo desta 26ª edição do evento preparado pela Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal (FMP).

A 2ª Etapa foi a mais ‘rijinha’, com a caravana a partir de Évora rumo à Covilhã, sendo que o dia incluiu ainda uma passagem além-fronteiras, para uma curta visita a Espanha.

Mais uma vez, o Gabinete de Imprensa do Portugal de Lés-a-Lés conta-nos tudo sobre a 2ª Etapa, numa crónica que publicamos de seguida.

Crónica da 2ª Etapa do Portugal de Lés-a-Lés

Numa verdadeira ode ao mototurismo, a 2ª Etapa, a mais longa de 2024, levou uma caravana muito heterogénea de Évora à Covilhã, num dia marcado pelo cumprimento de várias promessas.

Desde logo pela anunciada diversão ao longo de um pouco mais de 400 quilómetros de estradinhas de deliciosa condução, mas também pela expetativa gerada pelo clima.

O céu plúmbeo, de um tom de cinza intimidatório, esteve todo o dia no horizonte dos aventureiros, mas a ameaça não se cumpriu e apenas umas pingas de chuva, já com a Serra da Estrela à vista, levaram alguns impermeáveis a sair das malas.

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Nada que tenha importunado os sempre precavidos motociclistas que, desde a fresca e madrugadora saída da Arena D’Évora rodaram sob agradáveis temperaturas primaveris, rondando os 20º C durante quase todo o dia.

Uma jornada menos dura e mais rolante do que na véspera, com ‘apenas’ 9 horas e meia de condução, através do Alto Alentejo, com passagem pelo Crato até Vila Velha de Rodão.

Despedida sentida, rodeando as muralhas da cidade reconhecida pela UNESCO como Património Mundial, rumo à rápida e ondulante N18, entre sobreiros, cedros e azinheiras, olhando de soslaio sobre Évoramonte, Estremoz, Sousel, Fronteira e Alter do Chão com o seu belo castelo.

A viagem começou com uma paisagem mais verde do que o normal para esta época do ano, graças às chuvas tardias, e onde a neblina matinal quase encobria um facto extremamente curioso. É que a mais antiga moto presente no evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal fumegava um pouco mais do que o costume

A indestrutível Jawa 250 Perak, fabricada em 1952 na ex-Checoslováquia, estava a consumir… gasóleo!

Uma distração do sempre confiante Hélder Alves que, na 12ª presença no Portugal de Lés-a-Lés aos comandos da Jawa garantiu que “Não seria por utilizar um combustível diferente que a moto ia ficar pelo caminho”. E, a verdade, é que não ficou, conseguindo prosseguir viagem rumo à ‘Manchester portuguesa’ não sem antes parar na pequena e bonita aldeia de Flor da Rosa.

Local onde a BMW Motorrad Portugal proporcionou um reforço do pequeno-almoço, comido ali, nos relvados debruados de casinhas brancas e amarelas, ou esticando as pernas na visita ao paço e antigo convento, transformado em Pousada da Flor da Rosa.

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Arquitetura para todos os gostos

No entanto, era desaconselhado gastar demasiada concentração com a mistura arquitetónica deste edifício, que junta necessidades religiosas, civis e militares, em estilos tão diversos como o gótico, manuelino, mudéjar, renascentista e contemporâneo.

É que a excelente estrada até ao Tejo tinha muitas e boas curvas, com os níveis de adrenalina a serem repostos um pouco depois de Vila Velha do Rodão, no Oásis da Honda Portugal, num belo jardim junto ao rio e com vistas sobre as Portas do Rodão.

Paragem retemperadora antes de seguir viagem até ao renovado espaço envolvente da Torre do Rei Wamba, onde as espetaculares vistas sobre as Portas do Rodão ficaram algo encobertas pelas nuvens que teimavam em esconder o sol.

Junto à fortificação criada para impedir invasões – mas que não chegou para parar os franceses em 1807 – os Motards do Ocidente deram um ar da sua graça, recordando a lenda da maldição lançada pela condenada mulher do rei visigótico, morta atada a uma pedra de mó lançada pela colina abaixo.

 

Paródia que teve de ser explicada calmamente e com alguma mímica a Pierluigi Uberti e Antonella Barone, um casal de italianos, apaixonado pelo nosso País e que, há 5 anos, trocaram a Itália natal por Portimão.

Ávidos por descobrir as paisagens e histórias de Portugal, descobriram o Portugal dee Lés-a-Lés em 2023 e, entusiasmados, repetiram agora a dose.

Felizes por haver sempre alguém que ajuda a decifrar as lendas e costumes, mas também com o novo ‘road-book’ eletrónico DMD2. Inovação tecnológica que, sem abdicar de todas as informações que criaram a fama destes livrinhos de itinerários durante 25 anos, facilita a navegação.

“Agora tudo é muito mais fácil, indicando os quilómetros até ao ponto seguinte, enquanto com o papel era tudo complicado, um verdadeiro stress”, conta Pierluigi.

Que acrescenta que “Apesar de alguma confusão do próprio sistema quando os caminhos se cruzam ou sobrepõem, criando informação de erros onde estes não existem, a verdade é que agora a pendura pode apreciar a paisagem tranquilamente e divertir-se”. Diversão que haveriam de viver de forma intensa um pouco mais à frente no percurso.

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Homenagens eternizadas em granito

Da escarpa sobranceira ao Tejo e de grande importância estratégica desde o Séc. XII, houve que arrepiar caminho até Tinalhas, através de bem asfaltadas estradas.

Já no concelho de Castelo Branco, na pequena aldeia com cerca de 500 habitantes, os 30 sócios do grupo Motard D’Atestar mostraram a forte ligação ao motociclismo, perpetuada no granito, seja na homenagem ao Padre José Fernando ou na interpretação do Cumprimento Motard como no Arcanjo São Rafael, protetor e padroeiro de todos os motociclistas.

Uma receção simplesmente fabulosa onde não faltou enorme animação, reforçada pela presença do grupo Trotto Saltarello, interpretando novas variantes, bem modernas, da música medieval, juntando instrumentos de cordas, sopro e percussão.

Uma festa a que se associou a NEXX, com divertido jogo de argolas, onde a pontaria mais certeira era premiada com golas ou t-shirts, revelando inusitadas estratégias para enfiar os aros nos respetivos pinos. E houve também lugar a reparações de fortuna em alguns dos capacetes fabricados na Anadia, com disponibilização de viseiras, parafusos, forros e outras peças.

Presença que não passou despercebida em Tinalhas foi a do presidente da Câmara Municipal de Castelo Branco.

“Agradavelmente surpreendido pelo dinamismo e dimensão do Portugal de Lés-a-Lés”, Leopoldo Martins Rodrigues garante a continuidade da colaboração com o GM D’Atestar, “Ligação muito interessante, com pessoas que gostam de motos e da sua terra e que vêm valorizando Tinalhas ao longo dos anos”.

Para o autarca, “Esta passagem do Lés-a-Lés foi um desafio ganho, mas existem outras ideias e projetos. Estão a ser procuradas as condições para que, numa próxima edição, seja possível pernoitar em Castelo Branco de modo a termos uma presença ainda maior e mais forte desta família motociclística”.

Entre o divino e o profano

Proteção divina, esta da estatuária de Tinalhas, que levou em segurança total o colorido pelotão na incursão em terras espanholas através da fronteira de Monfortinho sobre o rio Erges, depois de passar Zebras e Orca, mas também Monsanto e Penha Garcia, com referência obrigatória às filmagens do ‘blockbuster’ Guerra dos Tronos: Casa do Dragão.

Já do lado de lá, através de uma estrada de excelente asfalto, foi grande a diversão pela Serra da Gata, atravessando as ruelas mais estreitas de Cilleros, mas sem tempo para dar ouvidos ao ‘road-book’ que encorajava uma escapadinha a San Martin de Trevejo, pitoresca aldeia de arquitetura medieval.

O tempo era necessário para visitar as instalações da Motoval em Valverde del Fresno, onde foram manifestamente cumpridas as promessas de ‘una gran fiesta’.

Depois de cumprimentar o representante da Dunlop que há vários anos apoia o Portugal de Lés-a-Lés e assistir a uma tão divertida quanto desajeitada demonstração de dança sevilhana, o regresso a Portugal foi feito por Penamacor.

Que necessitou de alguma ginástica para acolher a passagem da grande caravana no renovado espaço do centro histórico e no castelo de Penamacor. Onde, além do último Oásis do dia, estava prometida a grande aventura, numa descida de três minúsculos degraus de pedra após a panorâmica volta ao castelo na Vila do Madeiro.

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Paragem para respirar um pouco antes de atacar os últimos quilómetros novamente pela N18 até à Covilhã, cidade muito amiga dos motociclistas e que é privilegiada porta de entrada na Serra da Estrela.

Com passagem no local da concentração invernal dos MC da Covilhã Lobos da Neve e no maior cerejal do País, com as mais de 50 mil cerejeiras da Quinta das Rasas. Cujas cerejas foram oferecidas no palanque final, junto ao Estádio Municipal José dos Santos Pinto, também local para um jantar extremamente agradável.

Cuja digestão foi feita, por alguns dos mototuristas, com um passeio pela Capital dos Lanifícios, aproveitando o final de tarde e início da noite para apreciar a arte urbana na cidade com mais murais por metro quadrado.

Estes foram os últimos momentos de descontração no 26º Portugal de Lés-a-Lés antes da última etapa que levará os resistentes desde a Covilhã até Penafiel, numa tirada longa e muito exigente, com uma média horária que será muito baixa.

Mas onde as paisagens e muito motivos de interesse ajudarão a superar o esforço que se exige numa verdadeira aventura. Uma aventura à moda antiga…

Galeria de fotos da 2ª Etapa

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