Quando as condições climatéricas são perfeitas é sempre mais agradável andar de moto, mas há situações que são impossíveis de controlar, pelo menos humanamente, e nem mesmo os incansáveis membros da Comissão de Mototurismo da Federação de Motociclismo de Portugal são capazes de impedir a chuva, granizo e trovoada de ameaçar o 25º Portugal de Lés-a-Lés que arrancou esta quarta-feira 7 de junho.
Com a depressão atmosférica Óscar a trazer até grande parte do território de Portugal Continental distúrbios climatéricos indesejados, sendo o pior deste cenário o que tem acontecido, infelizmente, nos arquipélagos da Madeira e Açores, os mais de 2500 motociclistas aventureiros cumpriram hoje o primeiro dia do Portugal de Lés-a-Lés.
Neste arranque abençoado com a água transportada pela depressão Óscar, a organização, revelando mais uma vez a enorme mais-valia da sua experiência na realização desta que é a maior aventura de mototurismo da Europa, rapidamente tomou as necessárias medidas de forma a alterar as Verificações Técnicas a que todos tiveram de comparecer.
Por forma a garantir segurança, mas também maior conforto, dos participantes enquanto se realizaram as verificações técnicas e documentais imprescindíveis para participar neste 25º Portugal de Lés-a-Lés, o local das mesmas foi alterado do Parque do Eixo Atlântico, local verdejante e bastante aprazível no centro da cidade brigantina, para o pavilhão do NERBA – Associação Empresarial do Distrito de Bragança.
Cumpridos esses procedimentos e motores já preparados para o arranque da grande viagem que vai levar a caravana de Bragança a Sagres, foi altura para os primeiros quilómetros serem percorridos, com a realização do muito aguardado Passeio de Abertura.
Este ano coube ao Parque Natural de Montesinho receber este passeio, a cumprir, precisamente, em ritmo de passeio e ao gosto de cada um, com um total de 116 quilómetros e passagem por local emblemático do evento organizado pela Federação de Motociclismo de Portugal.
A história do Portugal de Lés-a-Lés revisitada
Foi, há 25 anos, o local de partida de uma ideia maluca de 5 motoclubes, ligados pela aventura e pela paixão mototurística. Elementos do MC Porto, Estarreja, Centro, Lisboa e Ocidente, sonharam, idealizaram e concretizaram a ligação entre dois extremos do mapa continental, ao longo de 24 horas ‘non-stop’.
Nascia o Portugal de Lés-a-Lés que, partindo da emblemática ponte de Rio de Onor, haveria de levar 120 motociclistas numa centena de motos até ao cabo de São Vicente.
Palco singelo, mas de tamanho significado para uma maratona que, rapidamente, ganhou inusitada dimensão. Nacional e internacional. Para ficar com uma melhor noção da escala de grandeza basta olhar para o total de quilómetros percorridos durante as 24 edições já realizadas: 24.546 km! E isto apenas durante o percurso efetuado pelos 27.551 participantes inscritos, sem contar com as viagens de ida e regresso a casa.
Milhares de portugueses e portuguesas, como muitos espanhóis, franceses, italianos, ingleses, escoceses, alemães, belgas, estado-unidenses, canadianos, brasileiros, venezuelanos, peruanos, sul-africanos, angolanos, austríacos, neerlandeses, romenos, ucranianos, polacos, húngaros, neozelandeses marcaram presença, por uma vez que fosse, na grande maratona.
Mas foram apenas quatro os que, estando à partida de Rio de Onor, às 12 horas do dia 11 de junho de 1999, repetiram a dose nos anos seguintes. Em todos!
Desde as 4 secções de 6 horas cada que marcaram a edição estreante, com paragens em Celorico da Beira, Picoto da Melriça, Viana do Alentejo e Cabo de S. Vicente, em formato que foi mantido em mais três edições, com perguntas e surpresas para manter a animação e os participantes bem acordados.
Inspiração nos moto-ralis que então davam também os primeiros passos que foi sofrendo modificações ao longo dos anos. Adaptações em nome da segurança e do número crescente de entusiastas. Em 2003, Chaves acolhia novo formato, com duas etapas de 12 horas que levaria a caravana até Albufeira, para, em 2007, ser criado um prólogo antes das duas tiradas. Forma de dar a conhecer o concelho de partida e de entreter os participantes no dia das verificações.
Configuração que se manteve durante uma década para, em 2017, ganhar mais uma etapa. Três dias de aventura a que se juntava um Passeio de Abertura, em fórmula que consolidou a maior aventura mototurística da Europa. Em participantes como no total de quilómetros percorridos.
Que, em 2023, na edição das Bodas de Prata da maior aventura mototurística de que há registo, fica marcada pelo regresso a Rio de Onor, aproveitando para respirar o ar puro do Parque Natural de Montesinho.
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