A Dorna anunciou esta semana que assinou um acordo preliminar que poderá trazer a Hungria de regresso ao calendário do Mundial de Velocidade. O acordo, um ‘memorando de entendimento’, foi assinado entre a Dorna Sports e o governo húngaro; este prevê a realização do GP da Hungria de 2022 a 2026. O acordo deverá culminar com a assinatura do contrato definitivo, que deverá acontecer antes do final de Fevereiro de 2020.
A notícia foi encarada com algum cepticismo no meio, por várias razões. A principal é que ainda não existe circuito para receber um futuro GP da Hungria; a Hungria já esteve na calha para voltar ao campeonato em 2009, adiado para 2010 e finalmente cancelado, e substituído pelo então recém-construído Motorland Aragón.
Ex-campeão mundial dá força ao projecto
Desta vez por trás do GP da Hungria está Gabor Talmacsi, o ex-piloto húngaro que há vários anos trabalha no sentido de levar o Mundial de regresso à Hungria. O circuito de Balatonring, que deveria receber o GP da Hungria em 2009, arrancou no calor da emoção da conquista do título de 125 cc por Gabor Talmacsi em 2007, com 26 anos. Anteriormente dedicado ao box antes de se apaixonar pelas motos, mesmo antes de conquistar o título mundial Talmacsi era um verdadeiro herói nacional e, não havendo GP da Hungria, entre 30 000 a 40 000 fãs húngaros deslocavam-se a Brno para apoiar Talmacsi no GP da República Checa, o mais próximo de casa.
Assim nasceu o projecto do Balatonring, um circuito cuja construção avançou em Sávoly, perto da margem do lago Balaton e a cerca de 180 km a sudoeste de Budapeste. As obras começaram em Novembro de 2008, com término previsot a tempo do GP da Hungria agendado para 20 de Setembro de 2009. Porém o projecto de 200 milhões de euros não foi terminado, porque a empresa espanhola responsável pela construção foi apanhada na crise imobiliária em Espanha.
O GP em Balatonring seria adiado para Setembro do ano seguinte, mas acabou por cancelado em Março de 2010, uma vez que a construção não estaria concluída a tempo. As obras pararam, o projecto acumulou dívidas e está abandonado, podendo o traçado de 4650 m ser visto no Google Maps.
Vários candidatos
O anuncio do GP da Hungria em 2022 recorda o recentemente anunciado GP do Brasil, para o qual também ainda não existe circuito.
Para além destes, e de Portugal, há outros países candidatos a receber um GP: a Indonésia está a construir o Circuito de Mandalika, em Lombok, e há outros países asiáticos e sul-americanos interessados num GP. A Dorna prevê um calendário com 22 grandes prémios a partir de 2022.
A Hungria recebeu apenas dois grandes prémios nos 70 anos de história do Mundial, em 1990 e 1992, no Hungaroring (que perdeu a homologação FIM). Ambas as ocasiões foram marcantes: em 1990 Mick Doohan conseguiu a primeira das 54 vitórias da sua carreira. Em 1992 Eddie Lawson conseguiu a primeira vitória da Cagiva em 500 cc.
