Texto Marcos Leal • Fotos Manuel Portugal •
Flávia, a perfeita
Renascida na oficina da Unik Edition, a Honda CBX 750 que vemos nestas página é a primeira experiência “restomod” que esta casa de Moscavide faz. O resultado é bastante promissor e totalmente em linha com o que Tiago Gonçalves, um dos responsáveis pelo trabalho, afirma: “este trabalho procura respeitar as linhas e a imagem original do modelo”.
É uma forma de prestar tributo à moto e a quem a criou, renovando-a e procurando trazê-la para os tempos modernos. A Honda CBX 750 é uma desportiva dos anos 80 que deu continuidade à saga de CBs 750 nascida em 69. Quando foi lançada era um modelo moderno, muito para lá do conseguido com as muitas evoluções que a CB 750 original foi sofrendo ao longo dos seus 15 anos de existência.
Com 16 válvulas, duas árvores de cames e 91 cv de potência, a CBX 750 era mesmo mais potente que a, na altura revolucionária, Honda VF750F com quem partilhava as montras dos concessionários da época.
Debaixo do cinzel
As duas ópticas quadradas que preenchem a dianteira são o que mais marca o modelo. É uma frente que emana poder e que ganhou uma maior agressividade nesta unidade depois do trabalho feito pela Unik Edition, tão minucioso que parece feito a cinzel.
A semi-carenagem frontal baixou um pouco, tornando o perfil da CBX mais incisivo. Com a traseira muito mais curta, cerca de 16 cm, mas que manteve também todas as suas características estéticas como o grande farolim vermelho, a presença desta renovada Honda CBX 750 é muito mais dinâmica e atractiva.
É certo que a capacidade de transportar em conforto um passageiro ficou bastante reduzida, mas duvido que seja um ponto que preocupe o seu proprietário. Para lá da parte estética, esta desportiva dos anos 80, recebeu também atenção do ponto de vista ciclístico. Como a unidade usada por base era do início de produção do modelo, ainda contava com a combinação de jantes 16 polegadas na frente e 18 na traseira. Esta solução limita bastante a possibilidade de escolha de pneus pelo que foi substituída por um conjunto de jantes de 17 polegadas cedidas por uma Honda CBR 600, que possibilita montar pneus mais largos.
Esta escolha obrigou a colocar o pinhão de ataque ligeiramente para fora, para alinhar com a nova posição da cremalheira. Ainda atrás, mas do outro lado da roda, a pinça de travão é agora mais pequena e ficou montada por baixo da escora. Na frente a grande diferença é a montagem de uma forquilha invertida que foi herdada de uma Kawasaki ZX9R, escolhida pelo seu comprimento mais próximo do que existia antes na CBX. Esta opção, juntamente com a jante de maior diâmetro, obrigou a desenhar novas mesas de direcção, cortadas a laser, para avançar ligeiramente a posição da roda em relação aos colectores de escape.
A mesma de sempre
Quando nos sentamos nesta Honda CBX 750, parece que nada mudou. É uma moto que oferece uma posição de condução natural, ergonómica, mesmo com os avanços mais baixos e novos pousa-pés. Os comandos são os originais o que torna a condução muito mais intuitiva, embora tenha instalado um sistema eléctrico Motogadget.
Do novo sistema eléctrico descobre-se a sua presença com um olhar ao velocímetro, digital. Este foi instalado no sítio do anterior de ponteiro, perfeitamente integrado com os restantes mostradores que se mantiveram intocados. Com a traseira mais curta, bateria e componentes eléctricos foram colocado por baixo do motor. A condução desta moto transformada leva- nos de regresso aos gloriosos anos 80 e 90, quando uma desportiva tinha quatro cilindro em linha e um som de escape gutural. Não é excessivamente alto, apenas o suficiente para darmos pela sua presença.
Tudo nesta CBX é natural e próximo do original, o que garante que a sua utilização é fácil, mesmo para as deslocações do dia-a-dia. Esta é uma recriação da Honda CBX 750 que poderia facilmente ter saído dos estiradores de um designer da casa japonesa e ter sido apresentada este ano em Milão. É uma moto tanto para ser olhada como gozada em estrada, a CBX perfeita.