Preparação Honda XR 600R – 1999

Nuno Leotte é um nome bem conhecido no meio das motos, principalmente no que às viagens diz respeito, mas desta vez é outra aventura que partilha connosco. A sua história cruza-se com a própria história da Honda XR 600R, moto que recuperou e agora nos apresenta com grande orgulho.

No seu segmento, a Honda XR foi provavelmente uma das mais, senão mesmo a moto de enduro/ trail melhor sucedida alguma vez produzida pela Honda. A XR foi inicialmente apresentada em 1979, nessa altura equipada com motor de 500 cc e foi sofrendo ao longo do tempo desenvolvimentos e melhorias que a mantiveram uma referência na qualidade, performance e fiabilidade.

A concorrência na época, eram as Yamaha TT, Suzuki DR e as Kawasaki KLX, modelos que também foram evoluindo ao longo dos tempos, embora sem o sucesso e carisma da XR. Com este tremendo sucesso, a Honda acabou mesmo por desenvolver a família XR, disponibilizando- a no mercado em múltiplas cilindradas, como foi o caso das 50 cc, 70 cc, 100 cc, 200 cc, 250 cc, 350 cc, 500 cc, 600 cc e até 650 cc.

Evolução

A maior evolução do modelo em termos estéticos, mecânicos e de desempenho deu-se em 1985, quando foi totalmente redesenhada e passou a ter um motor maior e mais potente de 600 cc. Em 1992 sofreu a última actualização mais profunda e manteve-se mecanicamente inalterada até ao ano 2000, altura em que a XR 600 deixa de ser produzida. O sucesso não se refletiu só no que às vendas diz respeito, mas acima de tudo nas conquistas desportivas, um pouco por todo o mundo.

Olhando para trás e analisando com mais detalhe as inúmeras vitórias competitivas da Honda XR 600, podemos dizer que esta moto foi um fenómeno impar de sucesso competitivo, pois o seu desempenho desportivo ultrapassou largamente aquele para o qual tinha sido inicialmente concebida. Nos EUA, onde sofreu mais desenvolvimentos técnicos para competição, a Honda XR 600 e 650 venceu por múltiplas vezes a mítica Baja 1000, nas mãos do piloto norte americano Jonhy Campbel, cinco campeonatos GNC (Grand National Cross Country) e três medalhas de ouro no ISDE, nas mãos do “gigante” Scott Summers.

Por cá, foi o piloto Bernardo Villar, quem mais explorou, com muito sucesso, o potencial desta moto disputando o campeonato nacional de todo- o-terreno e por algumas vezes os lugares de pódio na Baja Portalegre 500. Foi também numa Honda XR 600 que em 1994, Bernardo Villar, em equipa com Paulo Marques, participa e termina pela primeira vez um rally Dakar.

Carisma e nostalgia

Existe nos dias que correm, uma enorme nostalgia em redor deste carismático modelo com que tanta gente se iniciou no mundo do todo-o-terreno tanto a nível amador como na competição. Actualmente quem as tem não as vende e quem as vende acaba por, inevitavelmente, se arrepender. A XR 600R aqui apresentada, é um modelo de 1999.

Nuno Leotte adquiriu-a em 2010 e apesar de ser em terceira mão tinha tido muito pouco uso e apresentava sinais de uma vida fácil e descontraída fora das competições. “Em 2015, e ainda hoje não consigo justificar porquê, vendi-a a um amigo que no período de um ano andou duas vezes em passeios comigo. Em 2016 voltei a comprá-la e iniciei um restauro completo e preparação para participar na edição de 2017 do Sandraiders, evento off-road para motos clássicas de enduro/trail em Marrocos” confidencia Leotte.

Alterações

A nível de motor, este modelo está 100% original e nunca foi aberto ou modificado. Todas as modificações e componentes alterados, tiveram como objetivo principal tornar a XR mais “user friendly” e apta ao deserto marroquino e aos passeios longos.

De todas as modificações, que apresentamos nas linhas mais abaixo, a mais importante acabou por ser a troca do carburador original por um Mikuni Power Jet, pois a XR 600 tinha fama de custar muito a pegar, mas com o novo carburador passou a pegar sempre à primeira, quer seja a quente ou a frio.

Muitos não sabem, mas a Honda XR650L (versão com motor de arranque eléctrico) continua em produção e é comercializada nos EUA e Austrália para utilização em quintas e grandes explorações de gado. Sem dúvida um dos modelos de maior sucesso para a Honda e até mesmo entre os principais construtores, no que ao segmento enduro/trail diz respeito.

Material

Depósito: IMS 14 litros
Carburador: Mikuni
Proteções de cárter e quadro: CRD
Amortecedor traseiro: Öhlins
Guiador: Renthal Fatbar
Pousa-pés: mais largos e para off road
Escape: FMF Power Core
Coletor de escape: artesanal
Depósito combustível auxiliar: lateral de 4 litros, artesanal em alumínio
Guarda lamas traseiro: encurtado
Bolsa de ferramentas: Wolfman

Texto Nuno Leotte e Domingos Janeiro • Fotos Rogério Sarzedo e Nuno Leotte