Rali Dakar 2023 – Guia completo

A 45ª edição do Rali Dakar realiza-se de 31 de dezembro a 15 de janeiro. Aqui fica o guia completo do maior e mais duro rali do mundo!

Depois de um ano de antecipação e muita preparação, quer por parte dos pilotos, quer também por parte da organização ASO, o Rali Dakar 2023 promete ser uma grande forma de começar o próximo ano ao nível da competição, e em particular no caso da categoria motos. E por isso deixamos aqui um guia completo de forma a estar a par de todos os detalhes!

Nesta que será a 45ª edição do maior e mais duro rali do mundo, os pilotos vão enfrentar novamente os pisos e trilhos traiçoeiros da Arábia Saudita, com a ASO a continuar a apostar, pelo quarto ano consecutivo, neste país, e, agora, com a confirmação de que o percurso será bastante mais difícil!

Na verdade o diretor de prova, David Castera, confessou que os pilotos lhe pediram que a organização do Rali Dakar encontrasse forma de apresentar mais e maiores dificuldades em termos competitivos, regressando assim ao espírito mais puro e desafiante do rali. E a organização fez-lhes a vontade, preparando um verdadeiro “cocktail” de dificuldades que terão de ser enfrentadas ao longo de 14 etapas mais o prólogo que cabem em quinze dias de prova: 31 de dezembro arranque no Sea Camp e fim de rali a 15 de janeiro em Dammam.

dakarMais abaixo neste guia completo do Rali Dakar 2023 detalhamos todas as catorze etapas, sendo de realçar que 70% das etapas são novas, e muitas obrigam a percorrer distâncias superiores a 450 km! A organização apostou em secções de ligação mais curtas, colocando maior ênfase na distância competitiva.

O percurso será o mais extenso de sempre com uma distância total de 8.594 km, sendo que 4.706 km serão percorridos em formato contrarrelógio. O número de participantes atinge os 820, distribuídos por 455 veículos dispersos pelas diferentes categorias, incluindo as motos ou participantes no Dakar Classic.

As novidades no Rali Dakar 2023

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Foto @ Florent Gooden DPPI

A nível desportivo, a categoria das motos apresenta algumas novidades que podem vir a ter importância para encontrar o vencedor. O novo regulamento específico para as motos no Rali Dakar 2023 elimina os períodos de 20 minutos de paragem obrigatória para descanso durante a etapa.

Por outro lado, e no sentido de recompensar os pilotos que optam por atacar as vitórias nas etapas, a ASO opta por entregar uma bonificação ao piloto que vence a etapa.

Recordamos que o vencedor de uma etapa acaba por ser o primeiro a arrancar na etapa seguinte, o que muitas vezes se torna prejudicial pois permite que os rivais sigam a sua roda, ganhando tempo e sem terem de se esforçar tanto com a navegação. Desta forma poderemos vir a assistir a diferentes formas de gerir o rali, combinando vitórias e bonificações.

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Foto @ ASO Charly Lopez

Aqui fica um exemplo: se um piloto liderar a etapa nos primeiros 200 km (normalmente o ponto de reabastecimento), esse piloto recebe 300 segundos de bónus (5 minutos). Uma bonificação de 1,5 segundos por quilómetro. Se o piloto for o segundo nessa distância recebe 200 segundos, uma bonificação de 1 segundo por quilómetro. Já o terceiro à passagem dos 200 km recebe 100 segundos de bónus, ou 0,5 segundos por quilómetro.

E por falar em navegação, no seguimento do que já sucedia na edição anterior nos automóveis, a organização confirmou que também as motos adotam uma navegação totalmente digital.

Isto significa que os convencionais roadbook de papel, aqueles em que os pilotos passavam horas a assinalar perigos e juntavam as suas notas pessoais com marcadores de diferentes cores, deixam de ser usados, sendo agora trocados por um roadbook digital.

Os portugueses das motos e regresso de Hélder Rodrigues ao Rali Dakar nos SSV

Como sempre, a armada portuguesa é composta por valentes e talentosos pilotos que carregam às suas costas a esperança dos fãs portugueses em ver um piloto nacional subir ao degrau mais alto do pódio no palanque final do Rali Dakar.

Entre as centenas de participantes, encontramos na categoria moto cinco portugueses.

Os cinco portugueses em competição nesta edição do Dakar saudita são Rui Gonçalves (Sherco Factory) a competir com o #19, Joaquim Rodrigues com o #27 e ao seu lado Sebastian Buhler com o #14, ambos em motos da Hero Motosports Team Rally, António Maio acabado de se sagrar campeão nacional compete com o #30 na Yamaha Franco Sport/Yamaha Racing Team, enquanto Mário Patrão volta a tentar a sua sorte ostentando o #43 da equipa KTM/Crédito Agrícola.

Ainda nos nomes bem-conhecidos dos fãs das motos, temos de destacar o regresso de Hélder Rodrigues. Depois de ocupar, em parceria com o compatriota Ruben Faria, o cargo de líder da equipa de fábrica da Honda no Rali Dakar, Hélder Rodrigues volta à competição nos SSV em T3, tendo o também piloto de motos Gonçalo Reis como copiloto.

Outros nomes que têm de ser referidos na lista de pilotos dos SSV pelo seu percurso nas motos são os de Pedro Bianchi Prata, que será navegador do brasileiro Bruno Conti, e ainda Fausto Mota que também será navegador, mas neste caso do brasileiro Cristiano Batista.

Os grandes favoritos

dakarNa categoria motos o grande favorito à vitória no Rali Dakar 2023, pelo menos antes de tudo começar, será o vencedor da edição anterior.

Sam Sunderland (GasGas) vai querer garantir uma segunda vitória consecutiva, mas terá pela frente um enorme desafio pois as equipas rivais estão recheadas de pilotos de créditos reconhecidos.

O ataque ao título de Sunderland até poderá ser do próprio companheiro de equipa Daniel Sanders.

dakarMas as previsões mais fortes apontam para outros nomes: Ricky Brabec, Pablo Quintanilla, Jose Ignacio Cornejo, Adrien van Beveren, Toby Price, Skyler Howes, Ross Branch, Kevin Benavides, Matthias Walkner. Estes são apenas alguns dos nomes que integram a lista de principais candidatos à vitória, ou, pelo menos, aos lugares de pódio.

Entre os fabricantes destacamos a ausência há muito confirmada da Yamaha, que contrasta com as equipas oficiais da KTM, Hero Motosports, GasGas ou Honda.

Rali Dakar 2023 – O percurso ao detalhe

Conforme prometido por David Castera, vamos poder verificar grandes diferenças entre os percursos da primeira e da segunda semana deste Rali Dakar. Aliás, das primeiras oito etapas, que antecedem a paragem para descanso a 9 de janeiro em Ríade, seis delas são especiais com mais de 400 km contra o cronómetro!

Aqui fica o “filme” do Rali Dakar, com os detalhes do percurso etapa a etapa.

Prólogo – Sea Camp / Sea Camp – 31 de dezembro

11 km / 11 km de especial

A estreia de um novo conceito de bivouac em tamanho XXL. Este será o Prólogo da 45ª edição do Rali Dakar, uma distância curta e com início de chegada no Sea Camp. Não se esperam grandes diferenças de tempos devido a ser apenas um dia para definir posições. Destaque para o facto dos quinze melhores pilotos poderem selecionar a ordem de partida para a 1ª etapa, num primeiro momento de estratégia.

1ª etapa – Sea Camp / Sea Camp – 1 de janeiro

601 km / 367 km de especial

O tempo para brincar acabou e o rali começa realmente com este “loop” no Sea Camp. Depois de uma zona inicial com mais pedras e gravilhas, os pilotos enfrentam um percurso de areia mais macia. Para os pilotos estreantes no Dakar, esta será a primeira oportunidade de testarem as suas aptidões nas dunas. Não será uma etapa particularmente complicada, mas marca o arranque a sério da prova.

Foto @ A.S.O. Horacio Cabilla

2ª etapa – Sea Camp / AlUla – 2 de janeiro

588 km / 430 km de especial

O percurso até AlUla consegue sempre surpreender com coisas extraordinárias. Percurso fechado será a grande maioria da etapa, e por isso será preciso que os pilotos sobressaiam pelas suas técnicas de condução. Mesmo os pilotos que percam tempo na zona de pedregulhos vão ser maravilhados pelos desfiladeiros e paisagem da parte final do dia, com templos majestosos a marcarem a linha do horizonte.

3ª etapa – AlUla / Ha’Il – 3 de janeiro

668 km / 447 km de especial

Os participantes vão arrancar do bivouac e competir num início de dia fantástico que David Castera definiu como “Provavelmente os cinquenta quilómetros mais belos do rali”. Contudo, os pilotos vão estar demasiado concentrados no relógio e na navegação, numa etapa com potencial para baralhar por completo a classificação geral.

4ª etapa – Ha’Il / Ha’Il – 4 de janeiro

573 km / 425 km de especial

Mesmo aquelas “raposas do deserto” habituadas às dunas vão ficar surpreendidas com a magnitude das montanhas de areia que vão encontrar nos primeiros cem quilómetros da etapa. Após passarem essa zona complicada, os pilotos vão ter de recorrer à navegação para encontrar o percurso ideal para o regresso a Ha’Il. Os mais desatentos podem ser surpreendidos.

Foto @ASO Charly Lopez

5ª etapa – Ha’Il / Ha’Il – 5 de janeiro

643 km / 373 km de especial

Areia, areia, e mais areia neste segundo “loop” em Ha’Il, a capital saudita do off-road. Um campo de pequenas dunas com erva de camelo vai dar depois lugar a distâncias de dunas maiores e mais abertas. Os especialistas em saltar nas dunas vão ter aqui a oportunidade de ganhar tempo. Apenas os verdadeiros especialistas na areia macia vão conseguir passar por aqui sem perder tempo.

6ª etapa – Ha’Il / Al Duwadimi – 6 de janeiro

874 km / 465 km de especial

A caravana vai continuar a sua viagem de costa a costa naquela que será a mais longa etapa do Rali Dakar. Os velocímetros vão assinalar velocidades de três dígitos durante a primeira parte da etapa com percursos mais abertos e rápidos. Depois será a vez de uma barreira de dunas adicionar alguma emoção. No final deste dia os pilotos e motos terão acumulado mais de 2.500 km de especiais percorridos.

7ª etapa – Al Duwadimi / Al Duwadimi – 7 de janeiro

639 km / 472 km de especial

Esta etapa faz a ligação entre as dunas e as maiores planícies, com terreno variado, começando com pedras e terminando em areia macia. Este será um dia perfeito para os candidatos à vitória fazerem a diferença para os seus rivais na classificação geral do Dakar.

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Foto @ A.S.O. Horacio Cabilla

8ª etapa – Al Duwadimi / Ríade – 8 de janeiro

713 km / 398 km de especial

O bivouac em Ríade tornou-se numa visão comum durante as primeiras três edições na Arábia Saudita, mas esta especial é totalmente nova. Na primeira parte, a caravana vai ter de encontrar o caminho por entre vales ondulantes no coração da montanha, antes de regressar ao percurso de dunas mais aberto. Para finalizar uma semana de competição, as duas centenas de quilómetros finais serão em percursos rápidos.

9ª etapa – Ríade / Haradh – 10 de janeiro

686 km / 358 km de especial

A primeira etapa depois do dia de descanso não foi desenhada para deixar os pilotos descansados em pistas rápidas. Os pilotos mais técnicos vão ter a vantagem na primeira metade da etapa. Será fácil perder o rumo e cometer erros de navegação. No caminho de regresso ao bivouac os pilotos vão enfrentar uma cadeia de dunas.

10ª etapa – Haradh / Shaybah – 11 de janeiro

622 km / 113 km de especial

A especial seletiva foi mantida deliberadamente curta nesta etapa, a primeira tentativa desta edição do Rali Dakar de enfrentar o Empty Quarter. Este “aperitivo” oferece mais uma vez areia. Uma longa ligação vai ocupar grande parte do dia.

Foto @ Magnus Torquato FOTOP

11ª etapa – Shaybah / Maratona Empty Quarter – 12 de janeiro

428 km / 275 km de especial

A primeira parte da etapa maratona é, basicamente, uma “carta de amor” aos ralis. O contador vai atingir os 4.000 km percorridos em especiais, levando a corrida para território de “extreme endurance”. Os organizadores desenharam uma etapa a condizer com a ocasião, onde se destaca a dureza e a areia de todas as cores. Manter as motos inteiras será vital pois os pilotos não vão ter assistência externa no bivouac.

12ª etapa – Maratona Empty Quarter / Shaybah – 13 de janeiro

374 km / 183 km de especial

Esta etapa vai levar ao limite as capacidades dos pilotos em conseguirem gerir a resistência física e também a das motos, mas serem rápidos o suficiente para não perderem tempo para os seus rivais. A resposta a esta dificuldade será revelada em Shaybah após mais um festival de dunas na segunda metade da etapa maratona. Por esta altura, as diferenças entre os pilotos já deverão ser significativas e pouca coisa deverá mudar antes do final.

Foto @ A.S.O. Horacio Cabilla

13ª etapa – Shaybah / Al-Hofuf – 14 de janeiro

674 km / 154 km de especial

A partida do Empty Quarter será decisiva em várias formas. Por um lado, será a última oportunidade de surfar nas dunas. Por outro lado, esta última grande etapa poderá ser a oportunidade para o piloto mais ambicioso tentar o ataque final para chegar ao pódio. A especial é curta, e isso limita o potencial do perigo. Mas por esta altura a resistência física e do material já estará no limite.

14ª etapa – Al Hofuf / Dammam – 15 de janeiro

416 km / 136 km de especial

O Rali Dakar já fez algumas visitas ao Mar Vermelho no início desta edição 2023, que chegará ao fim na costa do Golfo Arábico. Esta é uma rápida especial na praia sem grande espaço para mudanças significativas. Os pilotos apenas terão de levar as motos até ao palanque final para saborear a sensação de terminar mais um Rali Dakar.

Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos acompanhar diariamente todos os acontecimentos e resultados do Rali Dakar 2023. A não perder!