Texto: Domingos Janeiro. Fotos: Organização e Hugo Vaz.
Este é um daqueles eventos dos quais devemos participar, pelo menos, uma vez na vida. Porém, quem o faz uma vez, dificilmente não irá repetir! O que começou por ser um evento “giro” organizado pela Federação Motociclismo Portugal ganhou tal carisma e notoriedade que um dos principais desafios para a organização foi mesmo conseguir criar condições para acolher todos aqueles que mostravam interesse e participar numa das edições do Lés-a-Lés.
Este ano, cumpriu-se a 21ª edição deste que é o maior evento de mototurismo em Portugal e um dos mais reconhecidos a nível europeu e a organização reuniu as condições necessárias para conseguir estender as inscrições até às 2000.
O resultado foi uma caravana enorme, bem distribuída ao longos dos dias, sem provocar quaisquer engarrafamentos, quer na estrada, como nas localidades, Oasis, partidas, chegadas e jantares. Uma prova de excelência da organização!
Domingo, 9 de Junho, Prólogo
Com horários estipulados de acordo com a ordem das inscrições, as verificações técnicas foram feitas de forma tranquila, sem grandes tempos de espera e apenas tivemos um pequeno compasso de espera para atravessar o palanque que marcava, oficialmente, o arranque de mais uma edição do Portugal de Lés-a-Lés, seguindo-se o arranque para o passeio de abertura, correspondente ao prólogo.
Conhecida como a Capital do Calçado, Felgueiras mostrou, durante os 70 km do passeio de abertura, ser muito mais do que um dos mais importantes polos industriais do país, pois as belezas naturas, arquitectónicas e históricas, em plena Rota do Românico.
Um passeio que serviu para receber da melhor forma os mais de 2000 participantes, com um dia pleno de animação, diversão e convívio, com onze pontos de paragens para visitas. Dos muitos “pontos altos” desta jornada de abertura.
Destaque para o Museu de Motos Antigas de José Pereira, com muitas centenas de máquinas restauradas e considerado por muitos o mais recheado museu de motos do mundo. A festa seguiu até ao fi nal da noite ao som da banda Sons do Minho.
Segunda-feira, 10 de Junho, 1ª Etapa
Ainda os primeiros raios de sol queriam descobrir e já os motores ecoavam nas ruas de Felgueiras, com as primeiras equipas a partirem às 6h00, com uma cadência de seis motos por minuto, que se prolongou para lá das 11h00 da manhã.
Brindados por um dia solarengo e temperaturas ideias para viajar de moto, a ligação até à Figueira da Foz fez-se com o Oceano Atlântico sempre por perto, a dar cor ao primeiro dia a “sério” de LaL com uma etapa com cerca de 374 km.
O passeio matinal levou a caravana de mototuristas desde o verdejante Minho até à praia da Figueira da Foz. Pelo meio, diversas paragens nos Oásis criados pelos parceiros da FMP, com momentos sempre animados e de reconforto gastronómico, onde houve sempre tempo para celebrar novas amizades. Uma palavra de apreço aos motoclubes e entidades envolvidas na organização dos Oásis, pois são, efectivamente, parte fundamental para o sucesso deste evento e sempre dos momentos altos do evento.
A caravana com mais de 1900 motos, que transportou mais de 2115 motociclistas contou com a presença de muitos estrangeiros, maior parte da nossa vizinha Espanha (159 inscritos), Norte-Americanos, Canadianos, Ucranianos, Alemães, Húngaros, Suíços, Holandeses, Ingleses, Franceses, Italianos, Gregos, Croatas, Belgas, Angolanos e Moçambicanos.
Uma jornada exigente que terminou com o merecido jantar em pleno redondel da Praça de Toiros da Figueira, com direito a concerto de música popular. Neste dia exigente para homens e máquinas, a organização disponibilizou terapeutas e massagistas do Instituto de Medicina Tradicional e mecânicos para pequenas reparações nas motos dos participantes.
Terça-feira, 11 de Junho, 2ª Etapa
De Figueira da Foz até Arrudas dos Vinhos, a segunda etapa do LaL estendeu-se ao longo de 345 km, maioritariamente feitos à beira do Oceano Atlântico, brindando a enorme caravana de motos que voltou a madrugar para se fazer ao caminho, acompanhados por muito vento que se fez sentir neste dia em particular, num autêntico périplo pelos principais “spots” do surf a nível mundial, com natural destaque para a Nazaré, conhecida por ter as maiores ondas do mundo.
Destaque para os diversos Oásis que voltaram a animar o dia pra reforço alimentar, divertidos momentos de descontracção e até de aprendizagem. Já perto da capital de Portugal, a caravana dos entusiastas mototuristas entraram pela região de Sintra, com passagem pelo Cabo da Roca, Praça do Comércio no centro de Lisboa, Parque das Nações, Sacavém, Bucelas e Arruda dos Vinhos, onde uma vez mais o jantar voltou a ser um dos pontos fortes, com esta bela vila da Região de Lisboa a receber de forma incrível a extensa caravana de participantes.
Quarta-feira, 12 de Junho, 3ª Etapa
Com algum cansaço acumulado, a última etapa era aguardada com grande expectativa, desde logo por ser a mais extensa, com 466 km a fazer a ligação entre Arruda dos Vinhos e Lagos.
Foram perto de cinco centenas de quilómetros, novamente feitos junto à costa, com as primeiras equipas a gozarem do privilégio de verem o sol subir no horizonte, como que a dar as boas vindas à caravana madrugadora, por estradas reviradas e únicas até Vila Franca de Xira, rumo a Santo Estevão, a primeira paragem do dia.
Seguiu-se uma visita a Alcácer do Sal, Comporta, Sines, Porto Covo e Ilha do Pessegueiro, dia também marcado por alguns quilómetros fora de estrada, que nos permitiram chegar a locais únicos e que, embora sem grande dificuldade, causaram alguns momentos de adrenalina. Zambujeira do Mar era já ali, antes de entrar em terras algarvias, com visita obrigatória a Odeceixe e passagem não menos obrigatória pelo cabo de Sagres, antes da chegada a Lagos, onde a festa nos aguardava!
Mais de 1200 km percorridos de Norte para Sul, a descobrir um país de beleza e condições impares para o mototurismo, que mesmo passadas 21 edições de Lés-a-Lés tem muito para mostrar e desvendar.
Mas afinal o que é isto do Lés-a-Lés? Naturalmente que nós conhecemos este evento de forma impar e muito própria, pois crescemos a ouvir falar dele, com todos os membros desta vossa publicação a terem passado por lá e com um dos nossos colaboradores de sempre, o Tó Manel, a ser um dos impulsionadores e uma das peças chave nesta organização. Mas este ano, foi “O Ano” para a minha estreia, algo que já ambicionava fazer há anos, mas que por diversas razões, nunca havia feito.
Fiquei impressionado pela quantidade de pessoas e motos que víamos que estavam na região do Porto para participar no evento e que aproveitaram os dias antecedentes para descansar um pouco e desfrutar desta zona nortenha antes do evento começar. Economicamente, todas as regiões por onde passa este evento ficam, claramente, a ganhar.
Mas é aqui também que os laços de amizade saem fortalecidos, porque o LaL é muito mais que o simples passeio com road book! É um estímulo a aprofundar os laços de amizade, laços familiares e até, fazer novas amizades. É libertador para o espírito.
Ao fim de quatro intensos dias de evento ofi cial, demos por nós na A2, no regresso a casa, já noite dentro, quase exaustos mas com um sorriso rasgado no rosto pelo fantástico ambiente que vivemos, pela experiência única que é e por querermos fazer todos os passeios que houver para fazer nos próximos tempos!
Nunca poderia terminar este trabalho sem testemunhar a qualidade da organização, a disponibilidade de todos os envolvidos e a preciosa colaboração dos moto clubes, um pilar fundamental para o sucesso desta iniciativa. Os Oásis proporcionados pelas empresas e entidades parceiras da organização, marcaram de forma indelével esta 21ª edição.
Até para o ano!
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