O campeão do ano passado no Mundial Superbike, Toprak Razgatlioglu (Pata Yamaha with Brixx), sabia que seria muito complicado impedir que Alvaro Bautista (Aruba.it Ducati) conseguisse celebrar o título de 2022 na penúltima ronda da temporada, disputada no passado fim de semana no circuito de Mandalika, na Indonésia. Porém, o irreverente e sempre rápido piloto turco, levou a sua Yamaha R1 ao lugar mais alto do pódio em todas as três corridas realizadas, sendo que isso não impediu o espanhol da Ducati Panigale V4 R de assegurar o campeonato.
Na Corrida 1 de Superbike, e já depois de ter conquistado a “superpole” com a maior margem dos últimos cinco anos para o segundo classificado na qualificação, Toprak Razgatlioglu confirmou em corrida o ritmo avassalador que tinha revelado até então.
Num circuito rodeado por um cenário verdadeiramente paradisíaco, mas com o asfalto de Mandalika sempre a causar problemas para os pilotos devido à muita sujidade que apenas deixava uma linha de trajetória bastante estreita, o piloto da Yamaha cruzou a meta com mais de quatro segundos para o segundo classificado.
Toprak Razgatlioglu ficou então com as honras de ser o piloto que venceu a corrida #900 do Mundial Superbike. Foi também a sua 30ª vitória naquela que foi ainda a 90ª corrida do turco pela Yamaha. Refira-se que, com esta vitória na Corrida 1 de Mandalika, Toprak Razgatlioglu é agora o piloto Yamaha com maior número de vitórias em SBK: 28.
Mas mais importante para o piloto turco que defendia o título e tinha esperanças de impedir Alvaro Bautista de se sagrar campeão na Indonésia, esta primeira vitória do fim de semana garantia que Toprak recuperava cinco pontos para o espanhol da Ducati, que com o segundo lugar mantinha-se claramente em vantagem na corrida ao título.
O degrau mais baixo do pódio ficou para Jonathan Rea (Kawasaki Racing Team), que subiu ao pódio pela 240ª vez, o que tendo em conta que nesta Corrida 1 as Superbike cumpriram 900 corridas, isso significava que Rea, seis vezes campeão, esteve no pódio das SBK 26% do total de corridas realizadas. Impressionante!
Infelizmente para o norte-irlandês, nem mesmo o terceiro lugar na primeira corrida da Indonésia lhe permitiu manter vivas as esperanças de se sagrar novamente campeão, e Rea ficou desde essa corrida de sábado arredado das contas do título.
Na Corrida 2, a história foi ligeiramente diferente, mas com Toprak Razgatlioglu a manter-se como o mais forte em pista.
O piloto turco e a sua Yamaha R1 desta feita sentiram mais dificuldades para conseguirem escapar dos rivais, em particular Jonathan Rea, que depois de ficar fora da luta pelo título tentava na corrida Superpole redimir-se de uma temporada um pouco abaixo do que nos habituou.
O norte-irlandês ainda deu alguma réplica, passou mesmo pela liderança, mas viu Toprak Razgatlioglu voltar à primeira posição e assim garantir mais uma vitória nesta temporada. Para Toprak, a melhor notícia era que o seu companheiro de equipa, Andrea Locatelli, conseguia mesmo superar Alvaro Bautista na luta pela terceira posição, o que significava que o espanhol e líder do campeonato perdia mais alguns pontos para o então ainda campeão de SBK.
Porém, Bautista tinha uma terceira hipótese de sagrar-se campeão na Indonésia. Apenas precisava de terminar no pódio ou, em contrapartida, garantir que saia do traçado de Mandalika com uma vantagem de 62 pontos sobre Toprak Razgatlioglu.
Refira-se ainda que Axel Bassani (Motocrosa Racing) levou a sua Ducati Panigale V4 R ao quinto lugar na corrida Superpole, e garantiu então o título de melhor piloto independente da temporada 2022 do Mundial Superbike.
Na terceira e derradeira corrida do fim de semana, a luta pelo título transformou-se também na luta pela vitória.
Jonathan Rea e a sua Kawasaki Ninja ZX-10RR foram os líderes nos momentos iniciais, mas Toprak Razgatlioglu não precisou de muito tempo para assumir uma posição que tinha sido sua nas outras corridas anteriores. Mais atrás era vez de Alvaro Bautista também se posicionar na perseguição a Rea, e também não demorou muito tempo para suplantar o antigo campeão, que sem argumentos, ficou então com mais um terceiro lugar.
Enquanto isso, Toprak e Bautista reeditavam uma batalha que tantas vezes se viu nesta temporada do Mundial Superbike.
Bautista estava novamente colado à traseira da Yamaha R1 de Toprak, que viu mesmo o rival espanhol atacar na 14ª volta. Os dois trocaram de posição algumas vezes, antes de Toprak Razgatlioglu finalmente garantir o primeiro lugar à 16ª volta, ultrapassando Bautista na curva 10.
O “hat-trick” na penúltima ronda do Mundial Superbike já não escapou a Toprak Razgatlioglu que, infelizmente para as aspirações do turco, não lhe serviu de muito pois logo atrás, a 1,2 segundos, foi Alvaro Bautista a cruzar a meta em segundo e assim a sagrar-se pela primeira vez campeão de Superbike.
Para a história e registos do Mundial Superbike, Alvaro Bautista recupera para a Ducati um título que lhes escapava há 11 anos, na altura com Carlos Checa, ainda aos comandos da Ducati 1098R. Para a Ducati este título significa que finalmente o projeto Panigale V4, neste caso a versão especial de homologação R, consegue confirmar o título depois de várias temporadas em que essa conquista escapou.
Ainda na Ducati, esta é uma temporada de ouro, a melhor de sempre! Não só dominaram em MotoGP com títulos de piloto / construtor / equipa, como no Mundial Superbike garantiram já os títulos de piloto / equipas. Falta apenas confirmar o título de construtor na derradeira ronda em Phillip Island.
Bautista torna-se também no segundo piloto espanhol a ser coroado campeão de SBK, sendo que para o piloto natural de Talavera de La Reina, este é o segundo título mundial que conquista depois de em 2006 se ter sagrado campeão no Mundial de Velocidade, na categoria 125 cc.
Classificação do Mundial Superbike após ronda da Indonésia
1 – Alvaro Bautista (Aruba.it Ducati) – 553 pontos
2 – Toprak Razgatlioglu (Pata Yamaha with Brixx) – 487 pontos
3 – Jonathan Rea (Kawasaki Racing Team) – 450 pontos
4 – Michael Ruben Rinaldi (Aruba.it Ducati) – 279 pontos
5 – Andrea Locatelli (Pata Yamaha with Brixx) – 245 pontos
