Num fim de semana onde os responsáveis do Autódromo Internacional do Algarve anunciaram que estiveram mais de 50 mil pessoas a assistir nas bancadas do circuito perto de Portimão à derradeira ronda europeia do Mundial Superbike, o segundo dia de corridas continuou ensombrado pelo estado de saúde do piloto Victor Steeman.
Recordamos que o piloto sofreu uma queda aparatosa e com consequências graves na Corrida 1 do Mundial Supersport 300, e encontra-se, de acordo com as informações mais recentes que obtivemos no momento em que escrevemos este texto, em estado considerado crítico e em coma induzido no hospital de Faro.
A Revista MotoJornal deseja que Victor Steeman consiga superar esta “corrida pela vida”, e que recupere o mais rapidamente possível. Iremos continuar a acompanhar a evolução do estado clínico do jovem piloto a todo o momento e daremos as necessárias atualizações sempre que for possível.
Quanto às corridas deste domingo, e na categoria principal Superbike, o dia começou com a corrida mais curta de apenas 10 voltas durante a manhã.
Novamente com excelentes condições climatéricas, os pilotos que terminaram nas posições do pódio, e que discutiram a vitória, foram novamente os principais candidatos ao título. Sem precisar de fazer qualquer tipo de gestão dos pneus Pirelli, Toprak Razgatlioglu (Pata Yamaha with Brixx), Alvaro Bautista (Aruba.it Ducati) e Jonathan Rea (Kawasaki Racing Team) voltaram a ser os principais animadores na corrida Superpole.
O campeão em título fez de tudo para aguentar a liderança da corrida. Mesmo com a sua Yamaha R1 em inferioridade em termos de velocidade pura, o que era bastante notório na longa e ondulante reta principal do Autódromo Internacional do Algarve, em que Bautista parecia voar para o primeiro lugar sem qualquer oposição, Toprak Razgatlioglu foi sempre mostrando todo o seu talento no momento de travar, conseguindo sempre defender a primeira posição dos constantes ataques do líder do campeonato Superbike.
Até à bandeira de xadrez nesta segunda corrida da ronda de Portimão, vimos o piloto turco responder e aguentar todos os ataques do piloto espanhol, e foi assim que Toprak alcançou a segunda vitória do fim de semana, Bautista voltou a subir ao pódio em segundo, e o norte-irlandês Jonathan Rea e a sua Kawasaki Ninja ZX-10RR voltaram a não ter argumentos para levar a luta aos rivais, com o seis vezes campeão a ter de se contentar com o terceiro lugar.
Na Corrida 2 das Superbike, a história foi ligeiramente diferente. Pese embora tenhamos visto os mesmos pilotos envolvidos na luta pelos lugares de pódio, o facto da corrida se ter disputado depois do almoço (temperatura mais elevada) e ser uma corrida com distância normal, mais longa, obrigou os pilotos a gerir melhor o desgaste dos pneus Pirelli disponíveis para esta ronda de Portimão.
Nos momentos iniciais vimos Toprak, Bautista e Rea rodarem mais perto uns dos outros, com Alex Lowes (Kawasaki Racing Team) a também querer aproveitar as “sobras”, mas sem realmente conseguir entrar nos lugares de pódio.
Aos poucos, Jonathan Rea foi ficando atrasado em relação aos dois primeiros, com Toprak Razgatlioglu desta feita a não conseguir manter a liderança da Corrida 2, perdendo mais uma vez claramente em velocidade para a Ducati Panigale V4 R de Alvaro Bautista. A diferença fez-se bastante no último setor do circuito algarvio, com a moto italiana a conseguir passar para o asfalto, em particular na última curva antes de entrar na reta da meta, toda a sua potência, enquanto a Yamaha R1 de Toprak mostrava algumas dificuldades em acompanhar a capacidade de aceleração e velocidade de passagem em curva.
Toprak Razgatlioglu ainda foi tentando, algumas vezes exagerando nas travagens, impedir a vitória de Alvaro Bautista. Porém, o campeão em título nada conseguia fazer para impedir que o piloto de Talavera de la Reina conseguisse a vitória na Corrida 2 de Portimão, cruzando a meta na frente de Toprak Razgatlioglu e com Jonathan Rea novamente a ser terceiro.
Com estes resultados as contas do campeonato Superbike apresentam Alvaro Bautista com 448 pontos, Toprak Razgatlioglu tem 392 pontos e Jonathan Rea está mais atrasado com 366 pontos.
Supersport
Na categoria intermédia dedicada às desportivas “seiscentos”, e depois de na Corrida 1 ter sido Stefano Manzi a dar à Triumph Dynavolt a sua primeira vitória nesta nova era das Supersport, a Corrida 2 ficou marcada pelo regresso às vitórias do campeão Dominique Aegerter (Tem Kate Yamaha).
O piloto suíço aproveitou da melhor forma um acidente que envolveu Stefano Manzi, Niki Tuuli (MV Agusta Reparto Corse), os dois abandonaram, e que também teve Lorenzo Baldassarri (Evan Bros Yamaha) como um dos intervenientes em toda a situação. Baldassarri atrasou-se logo aí na discussão pelos melhores lugares, e depois teve mesmo de cumprir uma penalização “long lap” devido a condução irresponsável. Viria a cruzar a meta em 7º.
Com tudo isto, Aegerter viu-se na frente da corrida, e depois de batalhar com Federico Caricasulo (Althea Racing), acabou a corrida sob pressão de Raffaele de Rosa (Orelac Racing Verdnatura WorldSSP) e ainda com o turco Can Onçu (Kawasaki Puccetti Racing) a tentar a sua sorte.
Com hipótese de obter pontuação máxima na Corrida 2 de Portimão, e com o seu mais direto rival, Baldassarri, atrasado na classificação, Dominique Aegerter não desperdiçou a oportunidade para dar mais um passo rumo à revalidação do título Supersport, vencendo com meio segundo de vantagem para De Rosa, e com Can Onçu a levar a melhor num final “photo finish” com Caricasulo.
Nas contas do campeonato, Dominique Aegerter é mais líder com 374 pontos, Lorenzo Baldassarri é segundo com 329, enquanto Can Onçu aproveita esta Corrida 2 de Portimão para reforçar o seu terceiro lugar e agora segue para a reta final da temporada 2022 com 194 pontos.
Supersport 300
Na categoria mais “pequena” do Mundial Superbike, e já com o título decidido a favor de Alvaro Diaz (Arco Motorsport University Team) desde a corrida de sábado, a segunda corrida do fim de semana das Supersport 300 permitiu a Mirko Gennai (Team BrCorse) alcançar a sua primeira vitória neste campeonato. Alvaro Diaz fechou o fim de semana algarvio nesta ronda de Portimão com um segundo lugar na Corrida 2, enquanto Matteo Vannucci (AG Motorsport Italia Yamaha) conquistou a distinção de “Rookie do Ano” com o degrau mais baixo do pódio.
Nas contas do Mundial Supersport 300, que encerrou a temporada 2022 em Portimão não viajando com o restante paddock do Mundial Superbike para fora da Europa, temos Alvaro Diaz em primeiro com 259 pontos, Victor Steeman com 180 pontos, enquanto o terceiro classificado no final deste ano é Hugo de Cancellis com 171 pontos.
Mas nesta corrida das Supersport 300 tivemos também a presença de dois pilotos portugueses.
O bicampeão nacional e a sua Kawasaki Ninja 400 estiveram em bom plano, com Tomás Alonso a manter-se sempre bem perto do grupo mais numeroso que discutiu as melhores posições.
Com o sonho de garantir pontos nesta participação como “wild card” em Portimão, Tomás Alonso esteve num nível de condução superior, conseguindo, com diversas ultrapassagens, subir vários lugares na classificação.
Alonso aproveitou da melhor forma a confusão no pelotão quando Dirk Geiger e Humberto Maier envolveram-se numa queda na curva 3, e ascendeu muito na classificação. O piloto português chegou mesmo a rodar durante algum tempo em 6º, um lugar bastante acima de todas as expectativas, mas que premiava a condução destemida do piloto luso da equipa Quaresma Racing Team.
Infelizmente os azares para Tomás Alonso neste fim de semana em Portimão ainda não tinham terminado.
Já na última sequência de curvas a caminho da bandeira de xadrez, e com um lugar nos pontos perfeitamente ao alcance, Tomás Alonso acabou por não conseguir evitar uma desapontante e inglória queda na curva 14, quando Troy Alberto caiu à sua frente e acabou por levar consigo o piloto português, que abandonou então a corrida 2 das Supersport 300.
Já Dinis Borges (Rame Moto Racing), teve mais sorte e conseguiu mesmo cruzar a meta em 17º.
Sem ter feito uma corrida em tão grande destaque como o compatriota e grande rival no Campeonato Nacional de Velocidade, Dinis Borges voltou a sonhar com terminar uma corrida das SSP300 no “top 15” e pontuar novamente, ele que, recordamos, é ainda o único piloto luso a somar pontos neste campeonato fruto da sua prestação da primeira corrida no circuito do Estoril este ano.
Dinis Borges rodou sempre num pequeno grupo que discutiu o 20º lugar e posições próximas, foi subindo e descendo na classificação, até que com todas as confusões que foram acontecendo à sua frente acabou mesmo por garantir o 17º lugar com que recebeu a bandeira de xadrez em mais uma participação como “wild card” no Mundial Supersport 300.
