Numa pré-temporada que se segue a vários meses de interregno devido à pausa de inverno, o que mais interessa aos pilotos e equipas é obter um bom “setup” para as primeiras corridas. Os testes, sejam privados ou oficiais, servem de preparação e os tempos por volta pouco interessam neste início de SBK 2022.
Mas parece que Toprak Razgatlioglu (PATA Yamaha with Brixx) e Jonathan Rea (Kawasaki Racing Team), os dois grandes favoritos à conquista do título do Mundial Superbike 2022, não seguem esta lógica e deram tudo nos dois dias de testes privados que aconteceram no Autódromo Internacional do Algarve.
O circuito português perto de Portimão foi a “casa” das principais equipas do Mundial Superbike durante dois dias.
No primeiro dia destes testes SBK 2022 foi Jonathan Rea e a Kawasaki Racing Team a conseguirem liderar a tabela de tempos. O norte-irlandês rodou em 1m40.621s, uma décima mais rápido que Toprak Razgatlioglu na sua Yamaha YZF-R1. O terceiro mais veloz nesse primeiro dia Alvaro Bautista, de regresso à Aruba.it Ducati, também não ficou muito longe ao rodar em 1m40.753s.
Com um programa de testes a ser implementado pelos vários fabricantes, e que, por exemplo, no caso da Kawasaki significou novos componentes para o quadro e eletrónica da Ninja ZX-10RR, no caso da Yamaha significou uma eletrónica melhorada e alterações à posição de condução da YZF-R1, e no caso da Ducati permitiu testar um novo monobraço oscilante e configuração diferente do depósito de combustível da Panigale V4 R, a verdade é que os pilotos conseguiram mostrar todo o seu talento.
Em particular Toprak Razgatlioglu e Jonathan Rea, que no segundo dia de testes SBK 2022 no circuito luso deram um verdadeiro “show”!
Aproveitando o novo pneu de qualificação desenvolvido pela Pirelli para 2022, e que passa a ostentar a denominação SCQ, Jonathan Rea tornou-se no primeiro piloto aos comandos de uma Superbike a conseguir rodar no AIA abaixo da barreira do 1m40s. Na realidade, o piloto da Kawasaki Racing Team rodou em 1m39.851s, cerca de quatro décimas abaixo do recorde absoluto do traçado algarvio que tinha sido obtido por Toprak na Superpole em 2021.
Como seria de esperar, e talvez para deixar desde já o seu grande rival sob pressão, Toprak Razgatlioglu, que coincidiu em pista com Jonathan Rea pela primeira vez desde a última corrida em Mandalika no final de 2021, não quis ficar atrás, e decidiu também montar o pneu Pirelli SCQ na sua R1.
Para além de baixar também para o segundo 39, Toprak Razgatlioglu e a sua R1 rodaram ainda mais rápido do que o tempo de Rea: 1m39.616s!
Este passa a ser o melhor tempo de sempre de uma Superbike no Autódromo Internacional do Algarve. Mas, mais do que isso, esta volta demolidora de Toprak deixa à vista que o piloto turco está claramente num nível impressionante mesmo em comparação com as MotoGP. Um facto importante quando se sabe que a Yamaha pretende passar Toprak para a categoria rainha em 2023.
No Grande Prémio do Algarve de MotoGP que se realizou no AIA em novembro passado, e com condições climatéricas semelhantes, principalmente ao nível da temperatura do asfalto, fator crucial para o funcionamento dos pneus Michelin e Pirelli, nas MotoGP e Superbike, respetivamente, o tempo mínimo que valeu a passagem direta à Q2 foi de 1m39.663s de Jorge Martin (Pramac Ducati). Isto significa que com a sua volta recorde e aos comandos de uma Superbike, Toprak Razgatlioglu teria conseguido passar diretamente à Q2 de MotoGP.
Mais do que isso, e tendo em conta os resultados da Q2 de MotoGP no GP do Algarve, este tempo de Toprak permitiria ao piloto turco colocar a sua Yamaha R1 na 11ª posição da grelha de partida da categoria rainha! Um resultado fantástico.
Convém também ter em conta que a “pole position” neste Grande Prémio de MotoGP ficou na posse de Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) com 1m38.725s, cerca de nove décimas mais veloz do que a volta de Toprak Razgatlioglu.
Regressando aos resultados deste teste privado do Mundial Superbike no Autódromo Internacional do Algarve, o segundo dia de testes terminou então com o campeão Toprak Razgatlioglu no topo da tabela de tempos seguido por Jonathan Rea com 1m39.851s, enquanto Alvaro Baustista parece não precisar de muito mais tempo para se aclimatar novamente à Panigale V4 R e rodou em 1m40.055s.
O próximo teste do SBK 2022 acontece em Motorland Aragón, nos dias 3 e 4 de março. Nesse momento as equipas já vão colocar à disposição novos componentes e os pilotos podem assim rodar com as suas motos em versão 2022.
Mundial Supersport Next Generation
Neste que será um ano de muitas e profundas alterações na categoria Supersport, que passa a denominar-se Mundial Supersport Next Generation, a chegada de novas motos com motor de cilindrada superior aos mais habituais 600 ou 675 cc, está a alterar um pouco a ordem estabelecida em anos anteriores.
Por exemplo, o “rookie” Nicolo Bulega (Aruba.it Ducati WorldSSP) aos comandos de uma Ducati Panigale V2, liderou a tabela de tempos com a sua melhor volta em 1m43.876s. Maximilian Kofler (CM Racing) foi o segundo mais rápido batendo Nicholas Spinelli (Barni Spark Racing) que participou neste teste no lugar do lesionado Oli Bayliss, filho da lenda australiana Troy Bayliss e que fraturou o tornozelo no início do teste em Portimão.
Também no caso da categoria Supersport Next Generation é interessante analisar estes tempos e comparar com as “seiscentos” que competiram em 2021.
O melhor tempo da qualificação para a ronda de Portimão do Mundial Supersport nesta categoria ficou na posse de Jules Cluzel com uma Yamaha R6: 1m43.908s. Neste momento tão inicial da temporada e com uma Panigale V2 que ainda está longe do seu potencial de evolução em versão de competição, Bulega, que chega aqui vindo do Mundial de Velocidade, já está a rodar abaixo desse tempo de qualificação!
Talvez seja por isso que Eric de Seynes, responsável máximo da Yamaha Motor Europa, e já a temer o que possa acontecer ao longo da temporada 2022 do Mundial Supersport Next Generation, tenha vindo a público lançar uma ataque cerrado aos novos regulamentos desta categoria que tem sido dominada precisamente para Yamaha R6 nos últimos anos.
