O Autódromo Internacional do Algarve (AIA) recebeu, mais uma vez, a visita do Mundial Superbike. Desta vez a ronda portuguesa no circuito perto de Portimão foi palco das grandes decisões, com alguns títulos a ficarem desde já decididos, e com a Ducati e os seus dois principais pilotos, Alvaro Bautista em SBK e Nicolò Bulega em SSP, a conseguirem festejar em grande estilo em solo nacional.
Na categoria principal SBK, Alvaro Bautista (Aruba.it Ducati) não deu hipóteses aos rivais, principalmente aquele que é o seu grande rival ao título, Toprak Razgatlioglu (Pata Yamaha Prometeon). Com uma Ducati Panigale V4 R a mostrar toda a sua potência, o campeão em título aproveitou para conquistar as vitórias nas três corridas do fim de semana das Superbike em Portimão.
Pese embora Jonathan Rea (Kawasaki Racing Team) tivesse conseguido superiorizar-se na qualificação, com o norte-irlandês a obter a “superpole”, a verdade é que rapidamente em cenário de corrida ficou à vista que Bautista e Razgatlioglu eram os pilotos que iriam discutir as vitórias.
Na corrida 1, os dois pilotos trocaram de posições várias vezes, com Bautista a ter de se aplicar para suplantar a grande oposição de Toprak. Ducati e Yamaha estavam a dar um enorme espetáculo, mas à 7ª volta o espanhol da Aruba.it Ducati consegue recuperar a liderança na passagem pela icónica curva da Torre VIP.
Assim que conseguiu “caminho livre”, Bautista fez uma volta completa sem ser ultrapassado e a um ritmo perto do recorde de corrida das SBK no circuito algarvio.
Essa volta deu-lhe a margem suficiente para manter Toprak Razgatlioglu a uma distância que impedia o turco da Yamaha de tirar benefícios da grande capacidade de travagem, e mesmo com a diferença a oscilar ligeiramente até final, Alvaro Bautista obteve mais uma vitória para a sua conta pessoal no Mundial SBK.
Toprak Razgatlioglu foi segundo, cruzando a meta a pouco mais de dois segundos de Bautista, com Jonathan Rea, sem argumentos para acompanhar o ritmo imposto pelos dois da frente, a ter de se contentar com o último lugar do pódio na corrida 1 das SBK em Portimão.
Na corrida Superpole, a história não foi muito diferente.
Alvaro Bautista e Toprak Razgatlioglu voltaram a ser os principais destaques, mas desta vez o turco da Yamaha conseguiu dar maior réplica ao espanhol da Ducati, que a cada corrida que se realiza vê o título mais perto.
Logo na primeira volta os dois pilotos da Kawasaki Racing Team, Alex Lowes e Jonathan Rea, sofreram uma queda em simultâneo, mas sem toque entre ambos ou noutros pilotos, na passagem pela sempre traiçoeira curva da Torre VIP. Dois dos principais pilotos do Mundial Superbike ficavam assim fora das contas pela vitória, e, inclusivamente, Lowes seria considerado como não estando apto a competir mais tarde na Corrida 2.
Com Toprak Razgatlioglu a tentar escapar na liderança na tentativa de abrir uma margem para os perseguidores, coube a Alvaro Bautista voltar a subir na classificação vindo de uma posição mais secundária da grelha de partida. O campeão em títulos necessitou apenas de cinco voltas para subir a segundo, e a partir daí foi atrás de Razgatlioglu.
Os dois voltaram a juntar-se, e a partir desse momento as trocas de posição foram constantes. Na penúltima volta Alvaro Bautista rodava em segundo quando na passagem pela subida antes da curva Craig Jones tem um pequeno susto com a sua Ducati Panigale V4 R a abanar bastante, o que o fez perder tempo para Toprak Razgatlioglu.
Nesse momento o turco parecia estar lançado para finalmente bater Bautista neste fim de semana em Portimão. Porém, chegados à reta da meta para iniciar a última volta, e já Bautista estava colado na traseira da Yamaha R1, com Toprak Razgatlioglu a defender a liderança na travagem para a primeira curva.
Até à entrada na reta da meta o turco da Yamaha fechou todos os caminhos a Alvaro Bautista, mas o espanhol manteve a calma, esperou pela última curva, posicionando-se muito próximo do rival, e numa “drag race” até à bandeira de xadrez acabaria por voltar a vencer, mas desta feita com apenas 0.142s de vantagem sobre Toprak, com o turco a mostrar-se irritado com a vantagem da Ducati em termos de aceleração que lhe estragava todo o seu esforço no “miolo” do circuito.
Mais atrás era Andrea Locatelli na segunda moto da Pata Yamaha Prometeon a conseguir subir ao último lugar do pódio, com o italiano a chegar ao fim da corrida Superpole a mais de quatro segundos dos dois pilotos à sua frente.
Tudo isto deixava em aberto a possibilidade de Alvaro Bautista celebrar o segundo título do Mundial Superbike na Corrida 2 das SBK em Portimão.
Tal como nas corridas anteriores, a discussão pela vitória foi decidida exclusivamente entre os dois candidatos ao título. Alvaro Bautista, ao sair da “pole position” para a Corrida 2 devido à vitória na corrida Superpole, tinha a sua vida mais facilitada do que nas corridas anteriores, e não deixou de a aproveitar.
Mas Toprak Razgatlioglu mostrou sempre uma enorme resiliência, conseguindo entrar em despique direto com o espanhol da Ducati, pilotando a sua Yamaha R1 oficial nos limites, como sempre o faz, mas aqui em Portimão vimos uma performance “vintage” do piloto turco, sempre muito espetacular nas travagens e a conseguir fazer valer a sua qualidade na parte interior do circuito enquanto Alvaro Bautista aproveitava a longa reta do Autódromo Internacional do Algarve para se manter na discussão pela vitória.
Os dois pilotos voltaram a realizar uma corrida à parte de todos os outros. Apenas Michael Ruben Rinaldi (Aruba.it Ducati) parecia querer intrometer-se nesta luta a dois, mas nunca conseguiu estar mesmo perto dos dois pilotos à sua frente para de facto lutar pelas duas primeiras posições. Rinaldi ficou então com o terceiro lugar na Corrida 2 das SBK.
Lá na frente os fãs que marcaram presença no AIA voltaram a desfrutar de um filme tantas vezes visto nesta ronda portuguesa.
Toprak Razgatlioglu sempre a rodar no limite tentava por todos os meios evitar que Alvaro Bautista levasse a melhor na reta. Para isso fazia valer a maior eficácia na zona interior do circuito algarvio, mas Bautista mantinha-se, para desespero de Toprak, sempre muito perto. Assim que os dois chegavam à reta da meta a Ducati conseguia sempre sair disparada da última curva e antes de meio da reta Toprak Razgatlioglu já tinha perdido a liderança para Alvaro Bautista.
Ficou então claro que a vitória seria novamente discutida numa “drag race”.
Na última volta, e depois de Bautista cometer um erro e alargar demasiado a trajetória na curva da Torre VIP, com Toprak a assumir então a liderança e a manter a posição até à saída da última curva do AIA.
Mais uma vez o piloto turco tentou proteger a trajetória de um ataque do espanhol, que desta vez optou por ir por fora e cruzar a meta com uma vantagem de apenas 0.126s sobre Toprak Razgatlioglu.
Pese embora tenha garantido a terceira vitória do fim de semana do Mundial Superbike em Portimão, Alvaro Bautista terá de aguardar pela derradeira ronda da temporada, a disputar no circuito de Jerez de 27 a 29 de outubro.
Apenas necessita de dois pontos para se sagrar bicampeão de SBK, sendo de assinalar que com a vitória na Corrida 2, o piloto de Talavera de la Reina é agora o piloto com maior número de vitórias aos comandos de uma Ducati no Mundial SBK: Bautista destronou Carl Fogarty e tem 56 vitórias.
Toprak Razgatlioglu já não acalenta muitas esperanças em conseguir impedir a conquista do título por parte de Bautista, mas o piloto da Pata Yamaha Prometeon garantiu à saída de Portimão que vai lutar até ao fim, na esperança que aconteça um verdadeiro milagre.
Uma última nota para o facto da Ducati garantir o título de construtores nas Superbike. Faltará agora o título de pilotos.
Mundial Supersport
Nas “seiscentos”, a Ducati também teve muitos motivos para sorrir. Nicolò Bulega (Aruba.it Ducati) não deixou escapar a oportunidade e logo na Corrida 1 selou a conquista do título mundial Supersport, conquista essa que alcançou graças a mais uma vitória na categoria.
O italiano esteve envolvido numa batalha muito interessante com Stefano Manzi (Ten Kate Yamaha) e Yari Montella (Barni Spark Ducati), mas o trio ficou reduzido a dois quando Montella sofreu um problema técnico na sua Panigale V2 e deixou os dois compatriotas isolados na frente, e permitindo assim a Jorge Navarro (Ten Kate Yamaha) subir a 3, posição com que viria a cruzar a meta.
Na frente da corrida Bulega não conseguia escapar de Manzi, com o piloto da Yamaha a chegar a rodar mais rápido do que o piloto da Ducati a meio da prova algarvia. Mas o esforço de Manzi não foi suficiente, com Nicolò Bulega a manter-se calmo perante a hipótese de vencer e conquistar o título.
Isso viria mesmo a verificar-se. Bulega conquistou o título mundial nas Supersport, e ajudou a Ducati a estrear-se na lista de vencedores do título de construtores desta categoria.
Na corrida 2 das Supersport, e já com Bulega sem qualquer pressão, mas com o novo campeão a querer mostrar “serviço”, a batalha pela vitória durou até à bandeira de xadrez, mas desta feita Stefano Manzi conseguiu mesmo superiorizar-se ao compatriota da Ducati, fechando o fim de semana em Portimão com uma excelente vitória.
No degrau mais baixo do pódio terminou Yari Montella (Barni Spark Ducati), que assim, de certa forma, vingou o azar sofrido no dia de sábado e que o retirou do pódio na Corrida 1.
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