O Mundial Supersport entrou numa nova era da sua história. Agora também denominado de “Next Generation” (próxima geração), a categoria que acompanha o Mundial Superbike realizou em Aragão a sua ronda de abertura, com duas corridas cumpridas e com vitórias exclusivamente para pilotos Yamaha.
A ronda de Aragão das Supersport ficou marcada pelo início de vida, em termos de competição, para diversas motos com motores de maior cilindrada e configuração diferente do habitual nesta categoria.
Motos como a Ducati Panigale V2, a Triumph Street Triple 765 RS, a MV Agusta F3 800 RR são agora as novidades num campeonato que conta ainda com motos como a Yamaha R6 ou a Kawasaki Ninja ZX-6R.
E se existiam “receios” por parte de algumas figuras proeminentes como Eric de Seynes (diretor da Yamaha Motor Europe) que a entrada em cena destas motos de maior cilindrada pudesse deixar as “convencionais” superport de 600 cc e quatro cilindros em dificuldades, a verdade é que nestas corridas de abertura da temporada em Aragão apenas vimos as motos japonesas “seiscentos” de quatro cilindros a vencer, embora na segunda corrida, realizada na manhã de domingo 10 de abril, Niccolo Bulega tenha estreado o pódio do Mundial Supersport com uma moto da nova geração.
Na corrida 1 do fim de semana, e depois de Lorenzo Baldassarri (Evan Bros Yamaha) ter-se estreado na “pole position”, foi o turco Can Oncu (Kawasaki Puccetti Racing) que saltou para a frente da prova e até chegou a deter uma pequena vantagem para o grupo perseguidor. Mas Baldassarri e Dominique Aegerter (Ten Kate Yamaha) aproveitavam a velocidade das duas Yamaha R6 para recuperar dessa diferença.
Oncu e a Kawasaki Ninja ZX-6R não tinham argumentos para segurar as duas R6, que assim que encontraram espaço para passar o piloto turco, rapidamente conquistaram uma boa margem e ficaram então entretidas a trocar de posição constantemente. Oncu por sua vez contentou-se com o terceiro lugar e foi nessa posição que cruzou a linha de meta.
Lá na frente as trocas de posição eram constantes entre Baldassarri e Aegerter, o piloto suíço mais experiente nesta categoria supersport e a tentar fazer valer a sua experiência no desgaste dos pneus Pirelli para garantir a vitória. Mas o “rookie” Baldassarri não desistiu nunca, e tudo ficou decidido nas últimas duas curvas do traçado de Motorland Aragón.
Baldassarri entrou na penúltima curva na frente. Mas uma trajetória mais agressiva quase o fez cair, com o italiano a segurar a Yamaha R6 de uma forma simplesmente milagrosa. Aegerter viu então a oportunidade para atacar e tentou por fora passar o rival, mas Baldassarri, já a deslizar pelo asfalto com o corpo, aguenta-se em cima da sua R6, bate na lateral esquerda de Aegerter e consegue entrar na reta da meta em primeiro.
Foi desta forma incrível que o italiano assegurou a sua primeira vitória no Mundial Supersport, com Dominique Aegerter a ser segundo.
Já na manhã de domingo 10 de abril realizou-se a segunda corrida de 2022 das Supersport.
Nesta segunda corrida a história não foi muito diferente. Dominique Aegerter estava decidido a vencer com a Ten Kate Yamaha, mas Lorenzo Baldassarri e Can Oncu não se mostraram particularmente dispostos a deixar o suíço rodar livremente. Baldassarri ainda se teve de defender de uma série de ataques na fase inicial da corrida por parte do piloto da Kawasaki, mas o italiano nunca perdeu a compostura e acabou por conseguir aproximar-se novamente do então líder Aegerter.
Oncu estava a rodar sozinho em terceiro, e parecia que iria repetir o resultado da primeira corrida. Porém, quando ia entrar na última volta, Oncu viu a sua Ninja ZX-6R sofrer um problema técnico em plena reta da meta e deu por finalizada de forma inglória a sua corrida neste Mundial Supersport.
Quem beneficiou com isso foi o Van Straalen (EAB Racing) que tinha nas mãos a oportunidade de fechar o pódio com a sua Yamaha R6. Mas numa temporada que será de evolução em competição para as motos da nova geração das Supersport, foi o italiano Nicolo Bulega (Aruba.it Ducati) que surpreendeu o neerlandês.
Na longa reta de Motorland Aragón com mais de um quilómetro, e com a bandeira à vista, Van Straalen pensou que tinha a situação controlada. Mas a Ducati Panigale V2 aproveitou a sua maior velocidade máxima para se aproximar na travagem para as últimas curvas, e a partir daí o talento de Bulega foi suficiente para roubar o terceiro lugar a Van Straalen.
A segunda corrida em Aragão é então o momento para o primeiro pódio de uma moto da nova geração do Mundial Supersport, e a Ducati mostra agora que também tem capacidade para obter pódios neste campeonato para além das Superbike com a Panigale V4 R.
Com o terceiro lugar definido, foi a luta entre Baldassarri e Aegerter que animou mais uma vez. Tal como na corrida anterior, a decisão da vitória durou mesmo até às duas últimas curvas, com os dois pilotos da Yamaha a discutirem trajetórias antes de entrar na reta da meta.
Desta feita acabou por ser Dominique Aegerter a sair mais feliz do Motorland Aragón, batendo em cima da linha de meta Lorenzo Baldassarri. As vitórias repartidas pelos dois significam que o Mundial Supersport tem uma liderança repartida após a primeira ronda de Aragão, ambos com 45 pontos, enquanto Nicolo Bulega com a Ducati Panigale V2 ocupa a terceira posição com 27 pontos.
