Juntamente com a derradeira prova do CNV o Circuito do Estoril vai acolher este fim‑de‑semana uma novidade absoluta em Portugal, o FIM Superside. No seu terceiro ano em exclusivo com os motores de quatro cilindros e 600cc de capacidade – o regulamento dos motores é o mesmo do mundial Supersport – o FIM Superside tem no Estoril a sua derradeira e decisiva prova do ano.
Nascida em 1949, tal como o mundial de velocidade, a classe reservada aos ‘side car’ sempre foi das mais espectaculares e acarinhadas pelo público dividindo muita vezes protagonismo com as máquinas de duas rodas no estatuto de popularidade. Mas com a saída do programa das provas do mundial MotoGP e por arrasto o desinteresse das marcas – os ‘side’ eram empurrados pelos mesmo 500cc a dois-tempos que víamos nas motos das estrelas do campeonato – o campeonato entrou na obscuridade da qual ainda tenta sair.
Com o desaparecimento das 500cc no final do passado século a escolha caiu sobre os motores com 1000cc de capacidade das então muito populares motos super-desportivas e depois de três anos (1998 a 2000) em que coexistiram os 500 e os 1000cc em 2001 eram apenas os quatro-tempos em pista já com o campeonato a ter o nome oficial de Superside.
Em 2004 foi com o estatuto de Taça do Mundo que os pilotos discutiram o seu calendário, regressando ao nome de campeonato do mundo em 2005. Em 2014 surgiu o Troféu Mundial para os 600cc, preparando o mundial em exclusivo com os motores ‘supersport’ desde 2017, motores que eram já os único autorizados na Ilha de Man devido aos custos e à rapidez dos 1000cc. Para conter os custos foram igualmente banidos os chassis mais curtos, sendo que apenas pode ser utilizado um tipo de chassis, o mais longo, aquele que anteriormente era utilizado com os motores de 1000cc de capacidade, uma opção que tomada pelos próprios pilotos que encontram nesta configuração mais segurança do que aquelas que utiliza o chassis mais curto, anteriormente o chassis F2.
Menos performantes que anteriormente, mas nem por isso menos espectaculares, os Superside atingem velocidades altas devido à sua elevada capacidade de penetração aerodinâmica e com as suas dimensões mais generosas são sempre motivo de espectáculo elevado no momento de discutir travagens, sendo comum alguns toques e trocas de tinta nos conjuntos onde estão sempre dois elementos, o piloto e o passageiro com este a protagonizar um ‘bailado’ a cada curva que não existe em nenhuma outra modalidade do desporto motorizado. Na era 600cc apenas os irmãos Ben e Tom Birchall venceram com o chassis LCR, o mais reconhecido e utilizado pelos pilotos do campeonato tendo conquistado o seu primeiro título em 1979. Estes chassis, e todos os utilizados na actualidade, são construídos quase na totalidade em carbono por questões de peso e também rigidez, com os construtores a socorrem-se de tecnologia utilizada igualmente noutras disciplinas, como a Fórmula 1 ou a aeronáutica.
Na grelha de partida no Estoril vão estar 14 títulos mundiais da disciplina e três Taças do Mundo, sendo que Tim Reeves e Pekka Päivärinta são os mais laureados, ambos com cinco coroas mundiais, ás quais Reeves junta ainda duas Taças do Mundo. Os irmãos Birchall têm três títulos mundiais com o seu nome e uma Taça do Mundo, enquanto que o holandês Bennie Streuer foi campeão do mundo por uma vez, em 2015. Pekka Päivärinta entrou para a história em 2016 quando teve a seu lado Kirsi Kainulainen, a primeira mulher a conseguir um titulo mundial uma disciplina do motociclismo mundial.
Corridas no Estoril serão duas, a primeira a realizar no Sábado (Sprint Race) tem um total de 12 voltas e a segunda (Gold Race) tem por norma o dobro das passagens pela linha de meta naquele que é o formato actualmente utilizado pelo FIM Superside que deverá trazer dezena e meia de conjunto neste estreia em solo luso do campeonato do mundo. Os ‘sidecar’ não são no entanto desconhecidos do Estoril pois no dia da sua inauguração em 1972 foram convidadas algumas equipas da especialidade para umas voltas de exibição no então novo palco do desporto motorizado nacional. Ainda no século passado a Granja do Marquês recebeu o então existente campeonato europeu da especialidade. Este fim‑de‑semana estão no Circuito do Estoril e serão com toda a certeza estrelas maiores de mais uma grande jornada de motociclismo.