Em 2020, Takahisa Fujinami comemora 25 anos de competição no Campeonato do Mundo de Trial.
O piloto da Repsol Honda Team é o recordista de provas disputadas, num total de 338. A cumprir o confinamento obrigatório, devido ao COVID-19, conta-nos como tem sido a sua rotina diária e como se mantém em forma.
A primeira corrida internacional de Fujinami teve lugar em Espanha, Navacerrada, na região de Madrid a 14 de Abril de 1996. Nessa prova, que ficou marcada por um forte nevão, o pequeno piloto japonês fez a sua estreia com 16 anos de idade e alinhou lado-a-lado de outros 37 pilotos.
O “rookie” terminou os dois dias de competição na 19ª posição, numa prova que foi vencida por Marc Colomer, no ano em que Colomer acabaria por conquistar o título mundial, aos comandos de uma Montesa.
Que memórias tens da estreia no Campeonato do Mundo de Trial?
A verdade é que não me recordo de muita coisa, mas lembro-me que foi aí que me deram o apelido de “Fujigas”.
Como surgiu essa alcunha?
Cheguei a uma secção muito difícil e que nenhum outro piloto havia conseguido passar na primeira volta. Era um obstáculo muito íngreme e dei muito gás. Demasiado! Na verdade, revelou-se muito pouco útil naquele caso, mas toda a gente começou a perguntar “Quem é esse tipo?” Eu respondi, “Fujinami” e eles responderam: “Tu és o Fuji-gas, é isso que és!” E assim nasceu a alcunha…
Foi a tua primeira prova ao lado dos pilotos de elite…
Sim, com o Jordi Tarrés, Tommi Ahvala, Bossis, Colley, Lampkin, Colomer… Apenas os tinha visto em vídeo e ali estava eu ao seu lado. Foi muito especial e até intimidante, estar no meio de tantos pilotos profissionais.
Esta época vai ser a tua 25ª no Campeonato do Mundo de Trial. Não é todos os dias que vemos uma carreira desportiva tão longa…
Até ao momento, creio que sou o único a ter conquistado esse feito, embora muitos outros já o tenham tentado fazer e bater este recorde. O ano passado conquistei um terceiro lugar final, para surpresa de muitos, mas não para mim. Creio que estou ainda em melhor forma este ano, tanto mentalmente como fisicamente. No final do dia, 25 é apenas um número. Sinto-me em forma e tenho-me sentido assim ano após ano.
Como disseste, o ano passado foste terceiro no campeonato, que teve uma fase final fantástica. Consideras que foi o teu melhor ano, com excepção para 2004?
Há três anos atrás, também terminei em terceiro no campeonato onde penso que tive uma boa época, com uma vitória e diversos pódios. O ano passado mantive-me sempre dentro do top5, uma consistência que no final acabou por dar frutos.
O campeonato de TrialGP deste ano sofreu alterações e a prova do Japão não será a mais importante em Junho.
Sim, é muito difícil para eles conseguirem acertar o calendário. Para mim, como não competi no campeonato indoor, será uma espera muito longa. As primeiras três provas foram adiadas e será um pouco mais difícil mentalmente. Vai ser uma espera dura.
No entanto, temos visto um Fujigas muito activo, a treinar em casa. É esta a tua forma de preparação e de combate à Pandemia do Coronavírus?
É o que é. Estamos todos encerrados em casa. Em casa tento fazer o máximo de exercício possível: faço exercício de bicicleta, ginástica, etc. Tenho um treinador que me envia planos de exercícios para fazer em casa.
Que exercícios fazes para te manter em forma?
Faço muito trabalho de cardio na bicicleta, TRX e alguns pesos para o peito e pernas.
Tens ginásio em casa?
Não é propriamente um ginásio, mas felizmente tenho algum equipamento em casa. É muito difícil manter a concentração quando trabalhamos sozinhos. Tens que ser muito forte mentalmente para para manteres este nível de treino sozinho.
Tiveste tempo para preparar a moto?
Tenho a possibilidade de treinar com a moto em casa e por isso tenho conseguido fazer pequenos ajustes técnicos e tentado fazer alguns acertos no motor… Mas a verdade é que não tenho treinado tanto com a moto quanto gostaria.
A alimentação é muito importante para um atleta. Os teus hábitos alimentares alteraram-se?
Todos os dias me peso. A verdade é que, por algum motivo, até acabei por perder peso. Acho que é normal, penso eu. Por isso não me tenho preocupado muito com a comida.
Esperamos ver-te regressar muito em breve à acção. Alguma mensagem que gostasses de deixar?
Sim, gostava de aproveitar a oportunidade para agradecer aos profissionais de saúde que tanto esforço e empenho têm dedicado nestes aos doentes. O meu respeito para eles e também gostava de apresentar as minhas condolências aos familiares e amigos dos que já partiram. Muito obrigado!
Texto e fotos: Repsol Honda Team