Teste Triumph Tiger 850 Sport

Com a Tiger 850 Sport, a Triumph oferece um patamar mais acessível de entrada na sua família de motos aventureiras.

Não é uma fórmula nova, mas tem provado ser de sucesso. A Triumph pegou na base da sua nova Tiger 900 GT, simplificou grande parte dos seus principais elementos, fazendo nascer a Tiger 850 Sport.

Na realidade este novo modelo faz tudo o que a irmã mais equipada faz, mas com um custo de compra mais acessível. Poupam-se mais de 2000 euros e na realidade acaba por se comprar uma moto com as mesmas capacidades para nos levar aos nossos destinos, sejam eles quais forem.

No essencial o motor é o mesmo, apenas com a potência reduzida em 10 cv para 85 cv, as suspensões são menos elaboradas e com menor capacidade de afinação e o nível de equipamento e ajudas electrónica é mais contido. Ainda assim existem dois modos de motor e controlo de tração, além de um painel digital em TFT de 5”.

Este contacto com a Triumph Tiger 850 Sport encontra-se na edição Nº 1506 (Abril de 2021) da Motojornal em https://fast-lane.pt/produto/motojornal-1506/

Menos é mais

O motor da Tiger é pleno de personalidade na sua última atualização, que é utilizada nesta “850” e na “900”. Em relação às anteriores gerações do três cilindros, este renovado motor viu mudar os pontos de apoio das bielas na cambota, o que garante uma ordem de ignição de cada cilindro numa sequência descompassada. Além da sonoridade mais “rude” e as vibrações extra, a entrega de potência é agora feita de forma pulsada. As explosões dos três cilindros são mais próximas, garantindo uma maior capacidade de tração, uma qualidade bem vinda em piso de pouca aderência, como o fora de estrada.

Esta unidade é menos potente que a versão instalada na Tiger 900, mas na prática a baixos e médios regimes não se notam grandes diferenças. Notamos mesmo que o motor da Tiger 850 parece ser mais cheio e rápido a responderem baixos e médios regimes, parece mais animado. Só quando nos aproximamos das 7000 rpm se nota que este motor começa a ter um pouco mais de dificuldade em respirar. Não é lento, de todo, apenas não demonstra o nervo da versão mais potente. Para uma utilização normal de estrada e cidade, não se vai sentir a falta dos 10 cv extra de potência.

Vibrante

O tacto do acelerador é sempre bom, muito directo, independentemente do modo que se esteja a utilizar. Existem dois modos Road e Rain, sendo que no segundo a potência é entregue de forma mais suave, mas continuamos a sentir uma resposta imediata a cada movimento do acelerador. As vibrações acabam por ser o calcanhar de Aquiles da reconfiguração da cambota e ordem de explosão dos cilindros. O facto de serem descompassados, criam alguma vibração, que se faz notar em autoestrada, quando procuramos manter uma velocidade constante. Não chega a provocar formigueiros mas está bem longe da suavidade da antiga configuração do “Triple” da Tiger 800.

Tal como em todas as mais recentes produções da Triumph, a caixa de velocidades da Tiger 850 é simplesmente brilhante. O seu tacto é muito suave, fácil de garantir as passagens de forma precisa, seja para cima ou para baixo. Esta Tiger não vem equipada com “quickshifter”, embora seja possível adicioná-lo opcionalmente. O escalonamento é bom, tirando excelente partido da entrega redonda do tricilíndrico.

O sistema de controlo de tração é uma versão mais simples, sem a ajuda da unidade de medição inercial de seis eixos que equipa as versões mais caras. A sua atuação é eficaz do ponto de vista de segurança. É bastante interventivo, cortando a atuação do motor de forma intensa assim que a roda traseira perde tração.  Reduz abruptamente o poder de aceleração e fora de estrada é ineficiente. Se houver um pouco de areia, a atuação é de tal forma intensa que se torna impossível progredir obrigando a desligá-lo. Com o piso de boa aderência permite um bom tacto e informação da forma como está a trabalhar o pneu traseiro.

Simplicidade que não compromete

A Tiger 850 é um trail um pouco mais acessível que as 900, mas quase não se notam as diferenças, e a firmeza das suspensões parece dar-lhe uma ligeira vantagem em agilidade. A jante 19 na frente garante uma boa precisão de direção, garantindo uma condução muito divertida e segura em estradas sinuosas. Em piso bom é muito estável e apenas quando este se deteriora poderemos sentir necessidade de refrear os ânimos na condução.

As suspensões funcionam bem, embora não sejam brilhantes como as das irmãs 900. Têm um bom tacto e controlam bem os movimentos da moto, garantindo confiança para usarmos a Tiger 850 com intensidade. Fica-lhes a faltar o refinamento do pisar mostrado pelas suspensões da 900, e nas solicitações mais intensas nota-se que não amortecem tão bem. É um dos pontos onde mais se notam os cortes nos custos, mas se não conhecermos o funcionamento refinado das versões melhor equipadas, também não vamos sentir que estamos mal servidos.

A travagem é fenomenal, tanto o conjunto dianteiro, que conta com pinças Brembo Stylema, como o mais simples traseiro. Ambos têm uma excelente potência desaceleradora e são facilmente doseáveis. Se a unidade traseira é muito directa na forma como funciona, o conjunto da frente tem um tacto particular. Nos primeiros graus de movimento da manete direita, parece não ter mordacidade, mas ao apertarmos um pouco mais esta surge em todo o seu esplendor, sem surpresas e fácil de dosear.

A fase inicial acaba por ser um excelente auxiliar fora de estrada, onde o excesso de potência pode causar dissabores sobre piso de menor aderência.

Posição de condução melhorada

Não sendo excessivamente alta, a Triumph Tiger oferece uma posição de condução muito boa. Pode-se afinar a altura do assento em duas posições, para se encontrar a melhor flexão das pernas ou a menor altura ao solo. O guiador é largo, mas não em excesso, e fica a uma boa distância do condutor, para garantir que não temos de esticar demasiado os braços, como acontecia na anterior geração da Tiger. Embora sendo uma versão de preço mais acessível a Triumph não lhe retirou, e bem, a possibilidade de se regular a altura do ecrã.

Esta frente, com os dois pequenos defletores transparentes que ficam ao lado da óptica, garante um bom nível de proteção contra a deslocação do ar para o tronco e cabeça. Apenas notamos alguma turbulência ao nível dos ombros.

Este contacto com a Triumph Tiger 850 Sport encontra-se na edição Nº 1506 (Abril de 2021) da Motojornal em https://fast-lane.pt/produto/motojornal-1506/

No global a Tiger 850 Sport provou ser uma trail muito completa e competente para todos os utilizadores e situações. Está menos equipada que as irmãs “900”, é mais simples e menos dependente de sistemas electrónicos, o que para alguns pode ser uma vantagem. Despida do que acessório a, Tiger 850 Sport é uma trail dos tempos modernos, completa, eficiente e eficaz, que se demarca da restantes motos do segmento pelo carácter único do seu motor tricilíndrico.