Depois da passagem com enorme brilhantismo pelo circuito de Jerez, o Troféu Naked Bikes (TNB) regressou a solo nacional para cumprir a sua sétima ronda da temporada 2022. Inserido no programa oficial do Campeonato Nacional de Velocidade, os pilotos dos troféus Z Cup, Tuono Cup e ainda da S 1000 R Cup voltaram a animar aqueles que fizeram questão de marcar presença no traçado que tem a serra de Sintra como cenário de fundo.
O número de pilotos nesta ronda do TNB ficou algo reduzido logo à partida.
Tudo porque os pilotos Luis Metello (#6) e Nuno Farias (#21), da S 1000 R Cup, e Marcos Leal (#73) e Miranda Reis (#88) na Z Cup, não puderam mostrar os seus dotes de condução em pista devido a várias razões.
E se estas foram ausências notadas, também convém referir que nesta ronda do Estoril o TNB contou com a presença de convidados franceses: Romain Berton (#83) e Julien Ballais (#94), ambos em Triumph Street Triple 765 RS, moto igualmente usada pelo bem-conhecido Frédèric Bottoglieri (#11), viajaram até Portugal para mostrar o que valem. Em particular Ballais, que recentemente conquistou a vitória no campeonato de naked bikes realizado em França.
Recordamos que esta temporada os regulamentos permitem a participação de naked que anunciam menos do que 140 cv de potência.
Tudo isto adicionava uma dose adicional de interesse ao Troféu Naked Bikes, que podia começar a definir os vencedores finais, em particular no caso da S 1000 R Cup. E logo num fim de semana onde as condições climatéricas em constante mudança, deixaram os pilotos à beira de um ataque de nervos, sem saberem quais os pneus a usar e as afinações ideais para um circuito do Estoril em constante mudança.
TNB Estoril – Treinos Cronometrados
O prometido dilúvio caiu, e forte, no sábado, alagando completamente o circuito e dando dores de cabeça ao organizador do evento, o Motor Clube do Estoril, que foi obrigado a ter de adiar e reestruturar as sessões de Qualificação do programa do CNV Moto, para além de tentar acomodar o horário, neste período de dias mais curtos, as corridas previstas, tendo todas sido reduzidas a 2/3 das suas voltas originais, bem como os procedimentos de partida revistos.
Estas condições complicavam a vida de todos, mas sobretudo dos estreantes, pois Ballais não conhecia o circuito nestas condições, depois de o ter descoberto somente no dia anterior, e Berton nunca tinha corrida à chuva, nem no Estoril… nem noutro lado!
Mas a complicação para uns acabou por se revelar uma vantagem para outros, e assim foi Anselmo Vilardebó (#12) que levou a sua Aprilia Tuono V4 à “pole position” da geral, deixando todos os outros “a léguas”!
Atrás de Vilardebó ficou a Tuono Cup de Pável Bogdanov (#7) que superou por pouco a outra Tuono, a de Paulo Vicente (#62), no que foi então uma primeira fila da grelha de partida totalmente ocupada pelas naked de Noale.
Atrás desta linha “full” Tuono ficaram as duas melhores S 1000 R Cup, com Ricardo Almeida (#31) e Duarte Amaral (#10), deixando as duas Street Triple 765 RS do estreante Ballais e de Bottoglieri a liderar a terceira linha, e a outra, a de Berton, a liderar a quarta linha.
Marco Perez (#49) da S 1000 R Cup ficou “entalado” entre duas TLC na linha 5, com as restantes nakeds a ocuparem a linha seguinte, liderada por Ricardo Pires (#14) e a sua Kawasaki Z900, na frente das Tuono de Miguel Sousa (#5) e do regressado Luis Franco (#22), ainda à procura de ritmo após uma ausência prolongada das pistas devido a lesão.
Com a corrida declarada como “wet race” pela Direção de Corrida, e com as voltas reduzidas a 6 das originais 10, a nota de destaque no arranque da Corrida 1 do TNB foram as nuvens a desaparecer e o sol a aquecer. Isto levou logo ao surgimento de dúvidas nos pilotos sobre quais pneus montar. Optar pelos pneus de chuva? Optar pelos slicks? Ou arriscar numa aposta pouco habitual e misturar pneus de chuva com slicks?
As decisões apenas foram tomadas já nos últimos minutos antes da corrida começar, tendo Vilardebó e Bogdanov optado por “wets” na frente e “slicks” atrás, o que fez toda a diferença, optando todos os outros por se manterem em “full wets”.
Apagados os semáforos, é a Tuono de Paulo Vicente quem faz o “holeshot” e saltou assim para a liderança da Corrida 1, imediatamente ultrapassado por Julien Ballais que fez um arranque de antologia ao subir de sétimo para primeiro!
No final da reta interior do Estoril, ainda da primeira volta, a Tuono de Vicente sobe a primeiro novamente, e no final da primeira volta foi a vez da Tuono de Vilardebó ascender a 2º da geral, começando desde então a recuperar de um arranque mais “conservador”, e demonstrando que a escolha de pneus era a acertada para estas condições.
Na terceira volta a Tuono de Vilardebó sobe mesmo a primeiro desta Corrida 1 do TNB. Mais atrás, Ballais, que tinha descido à sexta posição, depois de ter sido superado pela S 1000 R de Duarte Amaral e a Tuono de Bogdanov, é superado por Bottoglieri no “mano-a-mano” particular entre as Triumph Street Triple. Mais atrás ainda, a Tuono de Luis Franco supera a S 1000 R de Perez, piloto que iniciou esta corrida sem ajudas eletrónicas, tendo assim de pilotar a naked alemã à moda antiga! Nesta volta, Berton decide desistir com a sua Street Triple, depois de sofrer vários e violentos highsides, que, felizmente, não passaram de sustos.
Na quarta volta da corrida, a TLC de João Curva, que tinha arrancado no meio do pelotão com pneus slick e estava agora a ganhar muito tempo aproveitando essa aposta, consegue mesmo ultrapassar a Tuono de Vicente, com a Tuono de Pavel Bogdanov a superar a S 1000 R de Amaral para o quarto posto. Mais atrás, a S 1000 R de Ricardo Almeida desce a P11, depois de alguns sustos valentes, sendo superada pela Tuono de Miguel Sousa e a Z Cup de Ricardo Pires.
João Curva sobe à liderança da corrida na volta seguinte, provando que a opção “full slicks” tinha sido a certa, enquanto todos os outros que optaram por “full wets” começavam a sofrer bastante numa pista completamente seca e com o asfalto a subir fortemente de temperatura, destruindo rapidamente os pneus de chuva sem qualquer contemplação.
Quando tudo parecia decidido, eis que Vilardebó, na última volta, falha a travagem na curva da Orelha e entrega, de “mão beijada”, a vitória no TNB à Tuono de Bogdanov! São assim as corridas, que terminam apenas na bandeira de xadrez.
Com o sol a brilhar forte no domingo, o que rapidamente deixou à vista de todos os pilotos que a opção só podia ser de pneus slick nesta Corrida 2, estavam reunidas condições fantásticas para a última corrida do último fim de semana no Estoril desta temporada do Troféu Naked Bikes.
Não tendo existido alterações na grelha de partida, e apagados os semáforos, é a Tuono de Bogdanov quem desta vez faz o “holeshot”, seguido da S 1000 R de Ricardo Almeida e da Street Triple de Julien Ballais.
No final da primeira volta a S 1000 R de Duarte Amaral sobe a segundo ao superar Ballais, e depois a S 1000 R de Almeida, enquanto mais atrás, a Street Triple de Bottoglieri consegue superar a Aprilia Tuono de Vicente e a Street Triple de Ballais.
Lá na frente, a partir da segunda volta, começa um duelo sem tréguas entre a Tuono de Bogdanov e a S 1000 R de Amaral!
Ambos são os únicos a rodar abaixo do segundo 50, baixando ao segundo 48 até à sexta volta e, nas voltas seguintes, baixaram mesmo ao segundo 47, ultrapassando-se várias vezes na reta da meta, até que Amaral decide, na última volta, atacar Bogdanov na travagem para a parabólica interior, conseguindo superá-lo aí!
Bogdanov ainda sofre um grande susto ao tentar dar o troco na curva seguinte, na curva da Orelha! Mas o grande dominador do TNB 2022 não consegue recuperar o primeiro lugar, e assim Duarte Amaral consegue a sua primeira vitória da geral com a BMW S 1000 R, bate o seu recorde pessoal (agora 1m47.670s), e, não satisfeito, garante desde já que é o grande vencedor da S 1000 R Cup!
Mais atrás a corrida também estava a aumentar de temperatura entre as Street Triple de Bottoglieri e Ballais, a Tuono de Vicente. As trocas de posição, entre as Street Triple e a Tuono, foram uma constante, com a S 1000 R de Ricardo Almeida “apanhada” em histórias alheias e a observar no que aquilo ia dar! O desfecho final ditou a Tuono de Vicente em terceiro da geral, seguida da Street Triple de Bottoglieri e da S 1000 R de Almeida, todos separados por somente 1,1s! Ballais, entretanto, perdeu ritmo no final, sendo inclusive superado por algumas das motos que competem no TLC.
Um pouco mais atrasados, a Kawasaki Z900 de Ricardo Pires ainda trocou farpas com a Street Triple de Berton, acabando os dois separados por 55 milésimas, na luta para o último lugar do pódio TNB2, logo seguidos da S 1000 R de Marco Perez que por pouco não resolveu o lugar à geral para o lado dele.
TNB – Classificações após sete rondas
Troféu Naked Bikes
1 – Pavel Bogdanov – Tuono Cup – 340 pontos
2 – Duarte Amaral – S 1000 R Cup – 259 pontos
3 – Paulo Vicente – Tuono Cup – 229 pontos
Z Cup
1 – Ricardo Pires – 254 pontos
2 – Frederic Bottoglieri – 200 pontos
3 – Marcos Leal – 140 pontos
Tuono Cup
1 – Pavel Bogdanov – 345 pontos
2 – Paulo Vicente – 261 pontos
3 – Miguel Sousa – 220 pontos
S 1000 R Cup
1 – Duarte Amaral – 323 pontos
2 – Marco Perez – 198 pontos
3 – Ricardo Almeida – 196 pontos