Cumprindo mais uma jornada da implacável série de três rondas consecutivas, e que nem deixaram os pilotos do Troféu Naked Bikes praticamente respirar ou curar pequenas mazelas, a caravana desta competição que inclui as Z Cup, Tuono Cup e ainda as mais recentes S 1000 R Cup viajou até ao circuito espanhol Motorland Aragón para cumprir a penúltima ronda do TNB 2022.
Novamente inseridos no Campeonato Interautonómico de Velocidad (CIV), os pilotos do TNB sentiram as dificuldades habituais quando se compete em pleno inverno e numa altura do ano em que a luz solar é reduzida, mas, também, porque foram obrigados a competir juntamente com os pilotos da classe de clássicas do CIV.
Com menos pilotos a participar nesta ronda de Aragão, a organização do CIV pediu ao promotor do TNB 2022 que os pilotos da Z Cup, Tuono Cup e S 1000 R Cup fossem integrados nas clássicas, cumprindo ainda com um programa diferente do habitual ao longo do fim de semana.
Situação que foi aceite, mas que viria a ter consequências nos resultados, conforme veremos de seguida.
Com Duarte Amaral (#10) a ser até agora o único vencedor já encontrado, levando a melhor na S 1000 R Cup, faltava saber se no circuito Motorland Aragón seria possível coroar antes da derradeira prova, em Portimão, os grandes vencedores da Tuono Cup e Z Cup, mas também o vencedor à geral do TNB.
Pavel Bogdanov (#7), em Aprilia Tuono V4, era o grande favorito a conquistar tanto a Tuono Cup como o Troféu Naked Bikes. Numa temporada verdadeiramente dominadora, Bogdanov apenas não tinha vencido, à chegada a Aragão, duas corridas. Era por isso praticamente um dado adquirido que seria o vencedor na sua classe e na geral. Mas teria ainda de o garantir em pista.
Na Z Cup, Ricardo Pires (#14) tinha tudo para sagrar-se vencedor do troféu dedicado às Kawasaki Z 900. Mas, tal como Bogdanov, teria de enfrentar esta corrida espanhola antes de poder abrir o champanhe.
Com o TNB a estar abaixo do limite mínimo que o circuito determina para definição de grelhas próprias, a que se somava o menor período de sol, característico desta altura do ano, o CIV optou por juntar os pilotos do TNB às Clássicas do CIV, que reúnem motos com características semelhantes às TLC que vemos no Campeonato Nacional de Velocidade, e outras verdadeiramente clássicas, somando assim 60 motos que tiveram de ser divididas em 3 grupos, tanto para a Qualificação como para as Corridas.
Nas duas sessões de treinos cronometrados e na corrida de sábado, os pilotos da Z Cup, Tuono Cup e S 1000 R Cup juntaram-se a um grupo de Clássicas, sendo que no domingo ficaram “colados” a outro grupo, fruto das incidências da primeira corrida.
TNB – Treinos Cronometrados
Tendo por referência o melhor tempo das Z Cup portuguesas registado em 2019 (2m08.042s), a primeira sessão aconteceu na fria alvorada de sábado, às 8H30, felizmente com o dia pouco nublado, com o vento a abrandar e o asfalto a subir aos 11ºC. O objetivo geral era garantir um tempo que qualificasse para a corrida, “entender” os pilotos das Clássicas e evitar riscos.
Nestas condições, Anselmo Vilardebó (#12) e Nuno Farias (#21) optaram por “saltar” esta sessão e resguardarem-se para a seguinte, que, ao ser por volta do meio-dia, prometia melhores condições. Farias juntava essa preocupação ao cuidado de proteger a sua mão, ainda a sofrer da queda registada no Estoril, na ronda 4 do TNB.
Com vinte motos em pista, esta sessão ditou logo a superioridade das Nakeds sobre as Clássicas, com Bogdanov a ser o melhor, logo seguido pela surpreendente Street Triple 765 RS de Frederic Bottoglieri (#111) e com os estreantes a demonstrarem rápida adaptação ao circuito.
Mas foi a sessão seguinte que ditou a grelha final para a corrida 1, com a Aprilia Tuono de Bogdanov a obter a “pole position”, mas com os estreantes Miguel Sousa (#5) e Romain Berton (#83) a surpreenderem tudo e todos, ao levarem, um a sua Tuono ao segundo lugar, e o outro a sua Street Triple 765 RS ao terceiro lugar.
A Street Triple de Bottoglieri e a Tuono de Vicente partilharam a linha seguinte da grelha de partida, com a mais rápida das Clássicas espanholas, ficando as Tuono de Jerome Loger (#38) e Vilardebó na linha seguinte. Nuno Farias situava a melhor S 1000 R Cup, “perdido” entre tantas clássicas, com Marco Perez (#49) a superar a Z900 de Ricardo Pires no fecho da linha seguinte, e a Z Cup de Francisco Agut a fechar a outra linha, a sétima, para um total de 45 motos!
TNB – Corrida 1
Com a corrida limitada a 9 voltas, mas com o dia a melhorar e o asfalto a subir aos 25ºC, o plantel luso ficou sem Nuno Farias, que optou por desistir do fim de semana, pois a lesão na mão foi mais forte que a vontade de fazer as corridas. Também “Paco” Agut foi obrigado a desistir da corrida com um problema técnico na volta de aquecimento para a corrida, recolhendo às boxes antes mesmo de chegar à grelha de partida.
Apagados os semáforos, é a Tuono de Pavel Bogdanov quem faz o “holeshot”, imediatamente seguido pela Tuono de Paulo Vicente, que sobe de 5º para 2º, com as Street Triple de Berton e Bottoglieri logo atrás.
Bottoglieri supera Berton para ascender a terceiro da geral, ainda antes de completar a primeira volta, seguido pelas Tuono de Loger e Sousa, como uma clássica a separar a Tuono de Vilardebó e outras três clássicas a separar este da Z de Pires que surgia na frente da S 1000 R de Perez.
Na volta seguinte, Vicente supera Bogdanov e sobe a primeiro, nesta discussão muito particular entre Tuonos, mas Bogdanov recupera a posição na volta seguinte e vence a corrida sem mais discussão, registando um novo recorde do TNB e da Tuono Cup neste circuito ao marcar 2m04.752s antes da bandeira vermelha interromper a corrida.
Entretanto, as Tuonos de Loger e Sousa superam a Street Triple de Berton na segunda volta, com a Tuono de Vilardebó a ser superada por três clássicas entre a volta 2 e 3. A corrida estava animada, com diversos grupos a formarem-se em pista e a proporcionarem um bom espetáculo.
Com a Tuono de Bogdanov lá na frente, seguido pela de Vicente, pela Street Triple de Bottoglieri, as Tuonos de Loger e Sousa, a Street Triple de Berton, quatro clássicas a separar a Tuono de Vilardebó e a S 1000 R de Perez, eis que à sétima volta, uma dessas clássicas parte o motor, inunda de óleo a saída do “saca-rolhas” do Motorland Aragón e apanha desprevenidos Vilardebó e Perez, que vão “ao tapete” sem saberem porquê, assim como mais umas quantas clássicas, sendo a corrida imediatamente interrompida e dada por concluída.
Felizmente, tanto Vilardebó como Perez saem ilesos e com as motos capazes de serem recuperadas para a corrida do dia seguinte.
Com todos estes incidentes, o programa é de tal modo alterado que o pódio do TNB é transportado para o dia seguinte, e a corrida 2 é alterada para incorporar as outras clássicas, cuja corrida não foi possível realizar por já não existir luz natural suficiente.
Os pilotos do Troféu Naked Bikes viram-se assim reunidos com um grupo de clássicas mais lento e, a pedido do organizador, a corrida é reduzida das 10 voltas previstas para 8, por forma a limitar as dobragens aos mais lentos das clássicas que, nos treinos cronometrados, rodaram 40 segundos mais devagar.
TNB – Corrida 2
Apesar do sol brilhar forte no domingo, a corrida ao ser realizada às 10H40 apresentava condições de temperatura semelhantes aos da corrida anterior.
A grelha de partida foi refeita com o novo grupo de clássicas, e já a incluir as motos de Vilardebó e Perez recuperadas e re-controladas tecnicamente, assim como o problema técnico na Z Cup de Agut resolvido. O grupo de 30 motos fez-se à grelha de partida para a última corrida do fim de semana, com Pavel Bogdanov a ir com os mesmos pneus da corrida anterior na corrida que o viria a consagrar à geral no TNB e na Tuono Cup.
Apagados os semáforos, a Tuono de Bogdanov volta a fazer o “holeshot” partindo da “pole”, mas logo seguido das Street Triple de Frederic Bottoglieri e Jerome Berton, com os restantes a superarem (mais ou menos) o mar de clássicas.
A Tuono de Paulo Vicente supera a Street Triple de Berton ainda na primeira volta e posiciona-se em terceiro para assistir ao duelo pela a vitória, entre a Street Triple de Bottoglieri e a Tuono de Bogdanov. Bottoglieri fecha a primeira volta na liderança, mas é passado por Bogdanov na segunda volta. Bottoglieri cola-se a este e seguem assim durante quatrpo voltas até começarem as dobragens aos atrasados a três voltas do fim.
Nesta lotaria, Bottoglieri é claramente mais forte, sobe à cabeça da corrida, imprime um ritmo forte e vence à geral, superando Bogdanov apesar do esforço final do piloto da Tuono Cup. Pela primeira vez, uma TNB2 (categoria para naked com até 140 cv de potência anunciados) vence à geral, faz-se história e mostra-se que mais potência nem sempre faz toda a diferença!
As nakeds preenchem todo o “top 10”, com a Street Triple de Berton a conseguir o quarto lugar, atrás da Tuono de Vicente, seguido pelas Tuono de Loger e Sousa, a recuperada S 1000 R de Perez vence o duelo com a Z 900 de Pires para a sétima posição, e a recuperada Tuono de Vilardebó a fazer o mesmo no duelo com a Z 900 de Agut, para a nona posição.
Depois desta oitava ronda da temporada 2022, o Troféu Naked Bikes acaba por já ter todos os vencedores definidos: Pavel Bogdanov leva a melhor à geral e na Tuono Cup, Ricardo Pires leva a melhor na Z Cup, enquanto Duarte Amaral faz o mesmo na S 1000 R Cup, conforme já aqui tínhamos referido.
O TNB tem agora uma pequena pausa antes da última ronda do ano, em Portimão, no fim de semana de 19 e 20 de novembro.
TNB – classificação
1 – Pavel Bogdanov – 385 pontos
2 – Paulo Vicente – 265 pontos
3 – Duarte Amaral – 259 pontos
Z Cup – classificação
1 – Ricardo Pires – 282 pontos
2 – Frederic Bottoglieri – 200 pontos
3 – Marcos Leal – 140 pontos
Tuono Cup – classificação
1 – Pavel Bogdanov – 395 pontos
2 – Paulo Vicente – 301 pontos
3 – Miguel Sousa – 252 pontos
S 1000 R Cup – classificação
1 – Duarte Amaral – 323 pontos
2 – Marco Perez – 218 pontos
3 – Ricardo Almeida – 204 pontos