Repetindo a participação de Portimão, Pedro Fragoso e Tomás Alonso voltam a medir forças com os jovens lobos da ‘Supersport 300’, desta feita contando com a companhia de Miguel Santiago Duarte, em estreia absoluta no mundial da categoria.
Tomás Alonso alinha no Estoril com a Ninja 400 da Kawasaki Rame Moto Racing preparada por Lucio Pedercini e que o piloto de Loures acabou por comprar à equipa de David Salom, a mesma que coroou Manuel Gonzalez como campeão mundial de ‘Supersport 300’ em 2019. Alonso rolou em 1’54’’124, a uns ainda distantes 2,6 segundos da melhor marca estabelecida no grupo A de qualificação pelo italiano Bruno Ieracci. “Tivemos alguns problemas com a moto mas já conseguimos uma boa afinação para sábado”, disse Alonso no final do dia, “e vou tentar tudo na ‘superpole’ de sábado para qualificar direto para a corrida, que é o meu principal o objetivo, juntamente com a possibilidade de alcançar um lugar o mais próximo dos da frente”.
A maior dificuldade de conseguir um tempo está em obter uma volta ‘limpa’. “São muitos pilotos em pista, todos a quererem obter o melhor tempo e a tentarem ultrapassar em todos os pontos da pista, o que leva a que haja muitos toques e saídas de pista, situação que é bastante difícil de controlar”, disse o piloto nacional que é o único a alinhar com uma Ninja 400, unanimemente considerada a moto a bater nesta classe. A tática, para Sábado, “é sair com os pilotos mais rápidos, ir atrás deles, aprender o mais que for possível e tentar obter uma boa volta para me tentar qualificar para a corrida”. Sem uma ‘boleia’ de um piloto que siga à frente “é quase impossível conseguir um tempo, porque o cone de aspiração das motos que seguem à nossa frente influencia muito a nossa rapidez nas retas mais longas”, esclareceu Tomás.
Pedro Fragoso quer ‘top 20’
Pedro Fragoso alinha nesta prova integrado na equipa espanhola Came Machado SBK, em substituição de Gaetan Matern. A unidade que utiliza na CNV, já com cinco anos de idade, deu lugar a YZF-R3 de 2020, “já com forquilha invertida e um motor bastante melhor”, disse-nos o piloto de Santo André. “Aqui andamos com pneus ‘slick’, apenas o quadro e o braço oscilante são idênticos. O motor está melhor preparado e tive de mudar um pouco o meu estilo de pilotagem, mas estou a gostar muito”. Ao atingir 210 km/h no final da reta, o piloto alentejano consegue com esta unidade espanhola rolar 7 km/h mais rápido que a sua moto do ‘Nacional’. “Nesta moto só tivemos de mudar a relação de transmissão, que encurtámos, para explorar melhor a caixa no miolo do Estoril”. Fragoso foi o 21º do grupo A, rolando a quase três segundos e meio de Ieracci. Integrado na equipa de Pedro Machado, o jovem natural do litoral alentejano beneficia “de uma moto melhor de 2020, do acesso a telemetria, algo que já tinha tido a acesso na ‘Oliveira Cup’ com a ‘Pre-Moto 3’. Como já sabia o método de trabalho a adaptação foi bastante fácil”. O ‘trânsito’ em pista e o exceder os limites de pista não ajuda a obter uma volta de qualificação. A tática para sábado é, “como disse o Tomás, arrancar e ir com os da frente para aprender, pois para andar sozinho temos o ‘Nacional’. O objetivo é qualificar direto no FP3 e, se tal não for possível ficar nos seis primeiros da repescagem. Para a corrida, ambiciono terminar nos vinte primeiros”.
A estreia de Santiago
Miguel Santiago Duarte estreia-se como ‘mundialista’ e em grande estilo. Está integrado numa das melhores equipas do mundial, no caso a Yamaha MS Racing, que inclui o rapidíssimo Unai Orradre. “Foi um dia difícil, é um campeonato muito forte que não conhecia de todo”, disse o jovem piloto de Mafra. “Apesar de conhecer bem a pista são todos pilotos muito rápidos, mas tenho a sorte de estar numa equipa campeã do mundo, pois ajuda-me muito ter pilotos mais rápidos na minha ‘box’, pois posso beneficiar dos conselhos e da telemetria deles”.
Das sensações como oficial ficam “o orgulho de ser um dos primeiros pilotos portugueses a participar neste campeonato, a estreia na prova ‘mundial’ do Estoril e apesar de não termos aqui os fãs saber que vou dar tudo pelo meu país”.
Santiago partilha da mesma opinião que os seus compatriotas no que toca aos requisitos para obter um bom tempo. “Eu e o Pedro alinhamos com as YZF-R3 e é muito complicado fazer um bom tempo sozinho. As Ninja 400 têm muito mais saída de curva e a volta rápida numa Yamaha tem de se obter à base de vácuo. A minha equipa diz-me que uma volta rápida sem cone de aspiração é dois segundos mais lenta! Uma volta limpa é muito complicada de obter, pois os mais rápidos passam-te depois de terem feito a volta e ‘param’ o grupo. Há muitos toques. Só hoje tive três toques, em duas sessões, o que foi mais do que em três anos. Este pessoal não brinca e quando é para passar não hesitam”.
Com Unai Orradre na equipa, Santiago já tem combinado um plano. “Os mais rápidos da equipa sempre que me vêem dizem-me sempre para ir atrás deles, mesmo que estejam a meio de uma volta rápida. Já em Espanha, quando era colega do Unai, ele sempre fazia isso. A Yamaha MS é uma equipa muito unida, sempre a dar ‘dicas’ dentro e fora da pista. É uma equipa ‘top’”. Com tudo isto, Santiago Duarte foi 23º a pouco mais de quatro segundos e meio do mais rápido. Alinhando como ‘wild card’ no Estoril e com o motor da sua R3 já cansado das provas em Espanha e no ‘Nacional’, a MS reconstruiu o motor da sua moto “que ficou espetacular. Por isso, para sábado vai ter de ser cone e punho direito!”. Para a sua estreia, Duarte vem sem objetivos. “Quero ver se dá para classificar, nem que seja na repescagem, mas acima de tudo é tirar o máximo de partido da experiência”.
Texto: Fernando Pedrinho Martins
Fotos: Vitor “Schwantz” Barros