Tanto a Dorna como a Federação Internacional de Motociclismo (FIM) pretendem tornar o principal espetáculo de motociclismo a nível mundial, o MotoGP, numa atividade mais amiga do ambiente e sustentável. Por isso foram anunciadas há pouco mais de um ano novidades ao nível dos combustíveis usados em competição, nomeadamente a obrigatoriedade de utilização de combustíveis não fósseis a partir de 2027.
Nesse sentido temos visto vários fabricantes de motos que participam na categoria rainha MotoGP testarem este tipo de combustíveis. Há poucas semanas a Repsol Honda divulgou inclusivamente a opinião de Marc Márquez depois de testar uma RC213V-s com biocombustível da Repsol.
Mas o Mundial de Velocidade é um “bolo”, do qual MotoGP é apenas uma fatia. A Dorna e a FIM pretendem que também as restantes categorias, Moto2 e Moto3, outras “fatias” desse bolo, apliquem as mesmas regras ao nível dos combustíveis.
E por isso a Triumph Motorcycles, fornecedor exclusivo dos motores usados no Mundial Moto2, decidiu avançar nos testes com combustíveis sustentáveis para serem usados no seu motor tricilíndrico que equipa todas as motos da categoria intermédia.
Nas instalações da marca em Hinckley o departamento de Pesquisa e Desenvolvimento tem já um plano de testes de combustíveis sustentáveis definido.
O objetivo será perceber rapidamente qual o impacto na performance dos motores da utilização destes combustíveis, e ajudar a desenvolver um combustível que possa ser utilizado em segurança e mantendo a fiabilidade do motor tricilíndrico da Triumph.
A marca já sabe que a partir de 2024 terá de usar um combustível em que 40% será de origem não fóssil, e a transição para 100% de combustível não fóssil vai acontecer em 2027.
Os testes e desenvolvimento dos combustíveis sustentáveis, sejam eles sintéticos ou biocombustíveis, torna-se atualmente num dos grandes focos ao nível dos fabricantes de motos que participam no Mundial de Velocidade.
Existiu inicialmente o receio que estes novos combustíveis fossem criar problemas de fiabilidade ou perda de performance. Porém, o que os diversos fabricantes de motos têm vindo a anunciar, é que os testes permitiram perceber que os motores não perdem performance.
Quem se mostra bastante satisfeito com o início dos testes da Triumph com combustíveis sustentáveis é Steve Sargent, Chief Product Officer da marca britânica.
Sargent refere que “Em última análise, o nosso objetivo é sempre aproveitar todas as aprendizagens que colhemos nas corridas para tornar as nossas motos de estrada ainda melhores, o que, naturalmente, abrange não só o desempenho, mas também o seu impacto no ambiente. Posso dizer-vos que todos aqui na Triumph estão muito entusiasmados por estarem envolvidos em desenvolvimentos significativos num momento tão importante da história da moto”.
Isto claramente deixa em aberto a possibilidade da tecnologia que está a ser desenvolvida para a competição Moto2, chegar também a futuras versões dos motores da Triumph que encontramos nas motos de estrada.
Iremos continuar a acompanhar a evolução deste projeto aqui em www.motojornal.pt , até porque, recordamos, a Triumph Motorcycles está envolvida noutros projetos amigos do ambiente e em duas rodas, como a moto elétrica TE-1, que também está em testes para depois transformar-se numa moto de produção em série.