Teste: Triumph Bobber Black

Estivemos na apresentação da nova Bobber Black, uma versão ainda mais purista do modelo de sucesso da Triumph

Triumph Bobber Black

Ainda há pouco tempo, cerca de um ano atrás, estávamos em Madrid para a apresentação da novíssima Triumph Bonneville Bobber. A moto causou um grande impacto, quer em nós que a testámos, quer no mercado, que se tornou a Triumph mais vendida em menos tempo da história da marca. Outro número impressionante foi o de terem sido vendidas já, mais do dobro do objectivo inicial da Triumph para o modelo, o que mostra bem a excelente aceitação que teve. O estilo de inspiração Hot Rod, um acabamento de alto nível, um motor fantástico e uma ciclística surpreendente ágil para o tipo de moto que é, levaram-na a destacar-se da concorrência e a ser distinguida como Cruiser do Ano em vários mercados. Mas a Triumph não se acomodou, nem ficou à espera da resposta de outros construtores, desafiou-se a si mesma e ouviu os pedidos e sugestões de muitos clientes, para tornar a Bobber ainda mais purista, ainda mais Hot Rod, ainda mais Bobber.

A receita é simples, mas ainda assim mais elaborada do que parece. O primeiro destaque é a cor, libertando a Bobber de cromados e alumínios, dando-lhe uma roupagem completamente negra que a torna ainda mais rebelde, mais forte e mais agressiva visualmente. A segunda característica mais vincada é o pneu frontal, gordo, largo e montado numa jante de 16 polegadas. Só com estas duas alterações a Bobber Black ganha uma nova identidade, diferenciando-se da sua irmã “normal”. Ainda assim, como tivemos oportunidade de comprovar na estrada, a Black não é apenas uma pintura e um pneu frontal com outro diâmetro, os engenheiros ingleses trabalharam arduamente para afinal e melhorar o comportamento e o desempenho da moto, compensando as alterações efectuadas que numa primeira análise poderiam tornar a direcção mais pesada e menos eficiente.

 FICHA TÉCNICA

[vc_toggle title=”MOTOR E TRANSMISSÃO” style=”rounded” color=”orange”]Tipo: 2 cilindros paralelos, 4 tempos, refrigeração líquida, SOHC
Cilindrada: 1200cc
Diâmetro/Curso: 97,6mm / 80mm
Potência máxima: 77CV
Binário Máximo: 106nm /4000rpm
Alimentação: injecção electrónica, acelerador electrónico
Compressão: 10.0:1
Escape: sistema de escape 2-2
Embraiagem: Multidisco, banho de óleo
Transmissão final: corrente
Caixa de velocidades: 6 velocidade[/vc_toggle][vc_toggle title=”CICLÍSTICA” style=”rounded” color=”orange”]Quadro: Quadro duplo berço em aço
Braço oscilante: duplo braço oscilante em aço
Rodas dianteiras: Jante de aço 16″ x 2.5″
Roda traseira: Jante de aço 16″ x 3.5″
Pneu dianteiro: 130/90 B 16 Avon Cobra AV71
Pneu traseiro: 150/80 R 16 Avon Cobra AV72
Suspensão dianteira: Forquilha Showa convencional de 47 mm com 90 mm de curso.
Suspensão traseira: Monoamortecedor KYB, com 77 mm.
Travão dianteiro: Dois discos de 310 mm, pinças Brembo, com ABS.
Travão traseiro: Disco de 255 mm, com pinça Nissin e ABS.[/vc_toggle][vc_toggle title=”PESO E DIMENSÕES” style=”rounded” color=”orange”]Altura: 1025 mm
Altura do assento: 690 mm (posição baixa)
Distância entre eixos: 1510 mm
Comprimento Total: 2.235 mm
Angulo de direcção: 25,8 º
Trail: 87,9 mm
Peso a seco: 237,5 kg
Capacidade do depósito: 9.1 l[/vc_toggle][vc_toggle title=”PREÇOS” style=”rounded” color=”orange”]Jet Black: 14.250€
Matt Jet Black: 14.375€[/vc_toggle][vc_video link=”https://youtu.be/w7-Lmkhcl5E”]

As principais alterações da Black são a nova roda frontal de 16 polegadas, com o novo pneu Avon Cobra na medida 130/90, que foi desenvolvido especialmente para a moto. A suspensão frontal Showa, que passa dos 41mm da unidade KYB da Bobber para os 47mm na Black. O novo sistema de travagem frontal de dois discos de 310mm, fornecido pela Brembo. O farol frontal de 5 polegadas totalmente em LED, com um sistema de DRL (luzes diurnas de circulação) com um desenho muito distinto e atractivo. O novo sistema de cruise control, operado apenas por um botão no comutador esquerdo e muito fácil de utilizar. No capítulo cromático, a Black é proposta em duas cores apenas, o preto e o preto mate! Todo o resto da moto é igual à Bobber original, mantendo o altíssimo nível de acabamento e atenção ao detalhe, a qualidade de materiais e um desenho muito cuidado onde tudo está escondido para realçar o que realmente importa, o imenso estilo do modelo.

Na estrada ainda impressiona mais que a Bobber, sabendo de antemão que a direcção deveria ser mais pesada pela introdução do novo pneu, a abordagem às curvas foi, inicialmente, cuidadosa, mas tal revelou-se rapidamente desnecessário, já que a Black consegue ainda ser mais ágil que a sua irmã original. Por vezes, nas reviradas e deliciosas estradas que ligam Marbella a Ronda, quando travei mais tarde e mais forte para uma curva apertada, senti a massa do pneu a dobrar um pouco, mas a Bobber Black é uma cruiser, se for conduzida com muita alma, os poisa pés vão imediatamente começar a desaparecer raspados no alcatrão, pelo que o melhor é mesmo relaxar e aproveitar o excelente binário do motor T120 e a boa posição de condução que a moto tem. Falando do motor, porque é impossível não falar deste fantástico motor, a suavidade com que tudo se desenrola, a caixa precisa a ajudar, a aceleração decidida com que saímos de todas as relações e o som divinal que sai dos escapes de linha directa e ponteiras cortadas, fazem deste dois cilindros de 1200cc uma das melhores propostas que existe no mercado das neo-retro, uma verdadeira jóia da coroa britânica. Nem o aumento de peso da Black (9,5 Kg a mais que a Bobber) se faz sentir de forma explícita, a moto move-se facilmente parada, ajudada pela baixa altura ao solo e pela boa centralização de massas.

Na cidade, o comportamento também acaba por ser bastante competente, sentindo-se alguma secura das suspensões, com pouco curso, na passagem de buracos ou mau piso e alguma hesitação do acelerador electrónico ride-by-wire em muito baixas velocidades, mas este “feitio” dá-lhe a autenticidade que a maioria dos clientes deste segmento procura, algumas sensações da velha guarda. A electrónica funciona bem, o ABS, o controlo de tracção, os dois modos de motor (road e rain) que alteram a forma como a potência é gerida. A travagem está num nível muito superior, não tendo a Black a sensação vaga que a Bobber original tinha, antes pelo contrário, trava muito bem e forte. A Triumph manteve a possibilidade de ajuste do banco e da instrumentação, permitindo aos condutores adaptarem algumas características da moto ao seu gosto pessoal.

A Triumph conseguiu melhorar o que já era muito bom, a Black é o tipo de moto que nos faz olhar para trás quando a estacionamos, nos faz desejar guia-la por aí e aproveitar a conjugação genial entre o motor e a restante moto. Uma verdadeira Bobber, que ainda por cima pode ser personalizada a gosto com um catálogo com mais de 120 produtos disponíveis para lhe dar aquele toque só nosso. Por 14.250€ a Jet Black e 14.375€ a Matt Jet Black, qualquer Bonneville Bobber Black é boa, desde que seja em preto!