A Yamaha acaba de lançar uma “bomba” no mundo dos ralis e, principalmente, no Rali Dakar. Num comunicado divulgado oficialmente pela Yamaha e nas palavras do presidente da Yamaha Motor Europa, Eric de Seynes, a marca japonesa abandona aquela que é a maior competição TT do mundo. E também deixará de ter uma presença oficial no Campeonato do Mundo FIM Ralis Cross-Country.
Aquela que foi a última prova em que a Monster Energy Yamaha Rally Team participou foi o Rali da Arábia Saudita, com os pilotos Adrien van Beveren a terminar em 4º e Andrew Short em 8º.
É assim que a 18 de fevereiro de 2022 a Yamaha anuncia oficialmente o abandono do Rali Dakar e do Mundial FIM Ralis Cross-Country. É o fim de uma longa ligação da casa de Iwata a estas provas de todo-o-terreno. Na realidade, a Yamaha é o único fabricante que participou de forma ininterrupta no Rali Dakar desde a sua criação. Uma demonstração do que foi o comprometimento da marca para com este rali.
De facto, a Yamaha começou da melhor forma a sua ligação ao Rali Dakar. Em 1979 o francês Cyril Neveu levou a Yamaha XT500 à vitória, naquela que foi a primeira edição do Dakar. Um ano depois repetiu a vitória. Nos anos 90, outro francês, Stéphane Peterhansel anotou seis vitórias para a Yamaha, com Edi Orioli a somar mais uma vitória para o construtor japonês em 1997.
Nos registos da marca no Rali Dakar encontramos um nome bem conhecido dos portugueses. Hélder Rodrigues terminou a prova no pódio nas edições de 2011 e 2012. Também ofereceu à Yamaha um título no Campeonato do Mundo FIM Ralis Cross-Country em 2011. Nos pódios do Dakar conta-se ainda com a presença de Olivier Pain em 2014.
No ano seguinte a Yamaha apresentou ao mundo a nova WR450F Rally, uma moto desenhada de raiz para levar a Yamaha novamente à glória. Infelizmente, e mesmo tendo em conta todos os esforços feitos a nível oficial pelo construtor japonês, a equipa Monster Energy Yamaha Rally Team acabou por falhar o objetivo e não chegou a vencer o Rali Dakar. Mas esteve perto disso, como aconteceu em 2018 quando Adrien van Beveren que falhou a vitória já com a meta à vista.
Com 44 presenças no Rali Dakar na sua história, a Yamaha deixará de participar oficialmente com a WR450F Rally. Porém, e de acordo com o comunicado da marca, a presença de veículos com o símbolo dos três diapasões continuará a acontecer, mas na categoria SSV com o protótipo YXZ1000R que já participou no Dakar em 2021 e 2022.
Já ao nível das duas rodas, o foco da Yamaha ficará totalmente centrado na introdução da nova Ténéré World Raid no mercado, criando condições para que os clientes que pretendem utilizar esta moto em eventos “off-road” recebam o apoio por parte da Yamaha.
Em reação ao comunicado que confirma o abandono da Yamaha do mundo das competições todo-o-terreno, Eric de Seynes afirma que “Foi um evento (Dakar) pelo qual eu tive muita paixão, tendo participado no evento por duas vezes e durante muitos anos e em que trabalhei com o Jean Claude Olivier. Contudo, e apesar do Rali Dakar se ter mantido relativamente perto das suas origens em África mesmo quando mudou para a América do Sul, o mundo em que existe alterou-se por completo. Os nossos clientes off-road procuram produtos diferentes, e temos de os servir se quisermos continuar ligados. É por esta razão que decidimos terminar a nossa ligação ao Rali Dakar e ao Mundial Ralis Cross-Country”.