Depois de uma temporada 2021 que foi, a vários níveis, excecional para a marca de Iwata, a temporada que agora se aproxima do seu início revela regras do Mundial Supersport que não são ideais. Pelo menos de acordo com as palavras do responsável máxima da divisão europeia da Yamaha, Eric de Seynes.
O dirigente das operações europeias da Yamaha concedeu uma entrevista ao website Paddock-GP.com. Nessa entrevista, Eric de Seynes aborda sem “papas na língua” a entrada em vigor das novas regras do Mundial Supersport. Recordamos que a partir de 2022 são permitidas motos com cilindrada superior às convencionais “seiscentos” que estamos habituados a ver nesta categoria.
Algumas das motos homologadas para competir nas Supersport mundialistas são a Ducati Panigale V2 (dois cilindros e 955 cc), a MV Agusta F3 800, ou até mesmo a Triumph Street Triple 765 RS, neste caso uma naked equipada com carenagens integrais ao estilo da supersport Daytona.
Com uma performance base superior em comparação à Yamaha R6, moto campeã do mundo, e que tem dominado este campeonato nos últimos anos, estas novas motos prometem alterar por completo o paradigma do Mundial Supersport.
Eric de Seynes não esconde o seu total desagrado para com as novas regras:
“Oponho-me por completo ao novo regulamento que a Dorna introduziu. Sim, a nossa R6 é uma boa moto, mas não é assim tão superior às demais. Porque é que a Yamaha ganha em todos os campeonatos? Apenas porque construímos estas vitórias apoiando o desporto. Temos uma verdadeira política de crescimento desportivo através dos campeonatos nacionais. Acreditamos na categoria apoiando várias equipas independentes. Se formos aos Estados Unidos vemos uma GSX-R600 a vencer. Porque é que a Suzuki não a leva para o mundial? Porque é que a Honda não usa a CBR600RR?”.
O dirigente da Yamaha Europa é da opinião que os novos regulamentos não serão tão benéficos como se espera: “Nenhuma categoria poderá ser desportivamente justa quando existe uma diferença de 50% de cilindrada entre motos”, afirmando inclusivamente que os custos para as equipas vão subir na mesma percentagem, criando, também na opinião do francês, um “clima tóxico”.
Será que estes novos regulamentos vão colocar em causa a presença da Yamaha no Mundial Supersport?
A resposta de Eric de Seynes deixa no ar a ameaça da saída da marca japonesa: “Continuaremos a competir e apoiar esta categoria em 2022. Mas não vejo como é que a Yamaha possa no futuro dar o seu aval a um campeonato cujos regulamentos desportivos e problemas desportivos parecem ser incompreensíveis na ótica da Yamaha”.
Convém ter em conta que na recente lista de pilotos e equipas anunciados para a nova temporada do Mundial Supersport, a grande maioria utilizará Yamaha R6. Cerca de metade da grelha das “seiscentos” serão R6, mas as novidades como a Ducati Panigale V2 têm estado a despertar o interesse de muitas equipas.