Para além da África Eco Race, outra competição do fora de estrada que irá estar em destaque nos próximos dias será o Dakar. Com 142 inscritos nas duas rodas, existem apenas cerca de dez fortes candidatos à vitória final.
Uma das mais carismáticas competições do mundo motorizado, idealizada pelo mestre Thierry Sabine, sofreu uma alteração radical em 2009, quando devido a questões relacionadas com a segurança sentida na Mauritânia, a prova teve que ser levada para a América do Sul. Já sem o criador do Paris-Dakar, a “corrida dos desertos” passou a partir de então a ser denominada simplesmente de Dakar, sendo agora a prova disputada entre as cidades de Lima (Perú) e Córdoba (Argentina).
Se o espírito da competição continua presente, o certo é que a armada inscrita nas motos é sempre alvo de curiosidade adicional, não só pelas pequenas estórias que os menos endinheirados contam no final de cada etapa, bem como a luta quase constante que existe por um lugar no topo da tabela.
Com uma estrutura, de um total de 14 etapas percorridas em 15 dias – para um total de cerca de 5.000 km, não se pode dizer que o Dakar seja coisa para “meninos de fim-de-semana”. E claro, ali não há ninguém a querer perder. Por entre pilotos mais ou menos talentosos, há sempre aqueles que partem com o claro objectivo de vencer, já que esta não é de todo uma prova barata de se fazer (segundo o site advpulse, o custo médio para um piloto privado ronda os 50.000 dólares…).
Todos contra a KTM
Com o número 1 na sua moto, e sendo o piloto do ponta da KTM. é correcto afirmar que Sam Sunderland assume-se como um potencial candidato à vitória final, não só devido às suas qualidades de pilotagem, bem como toda a estrutura que a fábrica austríaca possui em provas deste género. Além disso, há que contar com o impressionante palmarés da marca, com nada menos do que 17 vitórias.
Mas claro que numa competição deste género, os imprevistos e infortúnios podem acontecer até mesmo aos mais audazes, por isso ainda é cedo para cantar vitória. Outro forte piloto que poderá ter uma palavra a dizer é Cyril Despres, que a par com Marc Coma são bem conhecedores dos terrenos da América do Sul. O norte-americano Tony Price, poderá dar luta, isto caso a lesão no fémur sofrida o ano passado esteja totalmente superada. A estes há a somar as atenções especiais para Matthias Walkner – venceu o Rally de Marrocos o ano passado e o seu companheiro de equipa Antoine Méo. Nota especial para Pablo Quintanilla que na sua Husqvarna, foi o piloto mais regular o ano passado.
Honda não baixa a guarda
A armada da Honda, está desfalcada com a ausência forçada de Paulo Gonçalves, mas mesmo assim o seu objectivo é naturalmente quebrar a tradição vencedora da KTM. Para isso conta com os serviços de Joan Barreda, um dos mais promissores valores actuais dos Cross-Country, naquela que será a sua sétima participação no Dakar, depois de ter sido o grande vencedor do Rally de Marrocos em 2017. O seu colega de equipa, Michael Metge tem igualmente os seus créditos validados na provas fora de estrada, se bem que não seja um verdadeiro candidato à vitória final. O seu palmarés está ainda carente de vitórias à geral, o que poderá se alterar a qualquer momento. O filho do conceituado René Metge terá que provar a escolha que a Honda tem feito nele.
Na lista da HRC segue-se o norte-americano Ricky Brabec, ele que é um multi-vencedor de Bajas, uma vez que do seu palmarés constam subidas ao lugar mais alto do pódio nas Baja 1000, Baja 500 e Baja 250, todas elas disputadas nos EUA. Isso fez despertar a equipa Honda que o chamou até si em 2015. Por fim, surge o nome de Kevin Benavides aos comandos da Honda, depois de mais de 300 corridas feitas e quatro medalhas de ouro nos ISDE em 2014.
Yamaha diz: presente!
Se bem que não seja propriamente uma verdadeira candidata à vitória, a verdade é que não se pode descurar a participação da Yamaha neste Dakar de 2018. Os seus pilotos oficiais utilizarão as WR450F, versão 2018. Quanto aos pilotos a alinharem pela marca do diapasão, conta-se Adrien Van Beveren, Xavier de Soultrait, Franco Caimi e Rodney Faggoter.
Portugueses: do adeus antes da partida à esperança de Joaquim Rodrigues
Com Mário Patrão de fora da edição deste ano do Dakar, o mesmo acontecendo com Paulo “Speedy” Gonçalves, a lista dos candidatos portugueses vê-se agora reduzida a somente uma participação. Joaquim Rodrigues irá utilizar uma Hero 450 Rally, na classe Super Produção, mas não se poderá exigir muito nesta sua participação na prova. Segundo o piloto que compete há mais de 25 anos no Supercross e Motocross o seu “principal objectivo é não cair. Fiz o meu trabalho de casa em termos de prática e preparação. Não aponto para o top five, o top 10 ou o top 20. Farei o meu melhor.”
Outro nome português a seguir é o de Fausto Mota, o piloto natural de Marco de Canaveses, mas a residir na vizinha Espanha. E por falar em Espanha, foi lá que “nasceu” a sua moto, uma Alfer PKL que tem um motor de base da KTM Rally. Esta será a sua terceira participação no Dakar.