Um dia depois do início da prova, às 14H00 de Portugal Continental deste domingo de Páscoa foi finalizada a 45ª edição das icónicas 24 Horas de Le Mans em motos. O circuito Bugatti em Le Mans foi o cenário para a jornada de abertura da temporada 2022 do Mundial de Resistência FIM, e a prova francesa não desiludiu, com os campeões Yoshimura SERT Motul a mostrarem mais uma vez toda a sua capacidade de preparação e o piloto português Pedro Nuno a levar a Yamaha R1 #119 da Slider Endurance à 17 posição da geral.
De facto, estas 24 Horas de Le Mans foram um momento especial para Pedro Nuno. Depois de um longo período de incerteza em relação ao seu futuro, o piloto português parece finalmente ter encontrado uma “casa” no Mundial de Resistência FIM, cotando-se como um dos mais rápidos entre as motos da categoria Superstock.
A sua rapidez já tinha sido demonstrada na estreia neste mundial no ano passado, no Bol d’Or. Nessa altura a sua velocidade com a R1 #119 ficou bem patente, pese embora não conhecesse a moto nem a equipa Slider Endurance. Este ano o português está de regresso à resistência, e estreou-se em grande plano nas 24 Horas de Le Mans.
Pedro Nuno e a Slider Endurance não tiveram uma prova isenta de problemas. O português dividiu a moto japonesa com Charles Diller e Alex Rubio.
Problemas com as luzes que foram rapidamente resolvidos, uma queda de um companheiro de equipa, que antecedeu uma queda do próprio Pedro Nuno nas primeiras horas da manhã de hoje, devido a óleo deixado na pista por outra moto, levou a Slider Endurance a descer na classificação.
Problemas que não impediram esta formação de se mostrar como uma das boas equipas da classe Superstock. De facto, partindo de 29º no arranque das 24 Horas de Le Mans, a equipa rapidamente ascendeu na classificação geral e da sua classe. No final do primeiro turno em pista protagonizado por Pedro Nuno, a R1 #119 chegou a rodar em 11º e estar a lutar pelo pódio na classe.
Depois da queda o piloto português acabou por ficar bastante dorido, e adotou um ritmo que permitisse basicamente levar a moto até final, sem problemas, quer mecânicos quer também a nível físico para o piloto.
As incidências que já referimos anteriormente acabaram por penalizar em demasia a prestação da Slider Endurance que, ainda assim, fecha estas 24 Horas de Le Mans com um merecido 17º lugar à geral e com Pedro Nuno a ser o grande destaque.
Na categoria Superstock terminaram em 10º, e com uma diferença de 51 voltas para os vencedores das 24 Horas de Le Mans, a Yoshimura SERT Motul.
A formação que mistura elementos franceses e japoneses deu à Suzuki GSX-R1000R mais uma vitória numa prova do Mundial de Resistência FIM. A equipa composta pelos pilotos Sylvain Guintoli, Gregg Black e Xavier Simeon evitou grandes problemas.
Na realidade, o único problema que tiveram foi quando faltou gasolina no depósito de combustível da moto japonesa quando a corrida estava em “safety car”. Guintoli conseguiu levar a moto até à box e a partir daí recuperaram o ritmo, recuperaram a liderança da prova e fecharam a vitória com 840 voltas cumpridas ao fim de 24 horas a competir no circuito Bugatti.
A segunda posição nestas 24 Horas de Le Mans ficou para a equipa que arrancou da “pole position”. A YART Yamaha e os pilotos Marvin Fritz, Niccolò Canepa e Karel Hanika pareciam ter a consistência e velocidade na sua R1 #7 da categoria EWC.
Porém, uma vez mais a moto japonesa sofreu de problemas de arranque do motor, e logo de início chegaram a rodar na cauda do pelotão depois de ficarem parados na partida, momento que ficou ainda marcado pelo acidente arrepiante que resultou num “safety car” de 20 minutos e com o britânico Bradley Smith da equipa Moto Ain Yamaha a ter de ser transportado para o hospital, felizmente livre de perigo.
O trio de pilotos da YART foi realizando stints com um ritmo impressionante, o que lhes permitiu rapidamente ascender na classificação geral. Depois de chegarem à 2ª posição apenas podiam esperar que a Yoshimura SERT Motul sofresse algum problema, o que não aconteceu, pelo que a segunda posição foi o resultado possível para a YART.
O pódio à geral ficou completo com a presença da FCC TSR Honda France, equipa composta pelos pilotos Josh Hook, Gino Rea e Mike di Meglio, que chegaram mesmo a rodar na liderança das 24 Horas de Le Mans de motos.
Porém, um conjunto de incidentes, como a necessidade de substituir o seletor de relações de caixa ou uma ponteira de escape partida, para além de uma queda de Gino Rea e um “ride through”, levaram a que a CBR1000RR-R Fireblade apenas terminasse na terceira posição.
Já na classe Superstock, os vencedores foram a Team 18 Sapeurs Pompiers CMS Motostore, que para além da vitória na classe conseguiram fechar esta participação nas 24 Horas de Le Mans numa excelente 4ª posição da geral.
Depois desta corrida de abertura do campeonato, o Mundial de Resistência FIM prossegue com a segunda de três rondas de 24 horas de duração. De 2 a 5 de junho pilotos e equipas reúnem-se no fantástico circuito Spa Francorchamps para a realização das 24 Horas de Spa, prova que, no passado, recordamos, teve uma equipa portuguesa vencedora: a Suzuki Shell.
O traçado belga tem sido alvo de importantes melhorias em termos de segurança que permitem a homologação para corridas de motos, neste caso do Mundial de Resistência FIM. E tudo indica que o regresso deste circuito nas Ardenas permitirá assistir a mais uma excelente corrida de longa duração.