Texto: Vitor Martins. Fotos: Zep Gori, Honda e Vitor Martins.
Apenas 20 anos depois de construir a Dream, a primeira moto totalmente concebida e construída pela Honda Motor Co, empresa fundada em 1946, a Honda lançou a CB 750, a sua maior moto até então. Isto aconteceu numa altura em que os construtores japoneses começavam a bater os construtores europeus, especialmente os britânicos, no mercado. A Honda CB 750 marcou o histórico ponto de viragem, e deu início a uma nova era de motos. A tendência ficou marcada e a CB 750 foi a primeira das depois chamadas Universal Japanese Motorcycle – a moto universal japonesa, já que depois desta surgiram outros modelos de outras marcas nipónicas com características semelhantes.
Leia também Contacto: Honda CB650R e CBR650R
Mas foi a Honda CB 750, com o seu motor de quatro cilindros em linha de 750 cc, uma árvore de cames à cabeça e duas válvulas por cilindro a iniciar a revolução, e não apenas por causa do motor: foi pioneira na montagem de um travão de disco e arranque eléctrico e era capaz de chegar aos 200 km/h. O sucesso foi imediato, e nem a Honda esperava uma
aceitação tão grande, quer na Europa quer, especialmente, nos Estados Unidos. A CB 750 não foi a primeira moto com motor de quatro cilindros, mas foi a responsável pela mudança de paradigma, com vários outros construtores a seguirem-lhe as pisadas. Em poucos anos a concorrência igualou as prestações da CB 750, que ao longo dos anos passou por várias versões, vivendo a sua mais recente encarnação na CB 1000R.
Para comemorar o 50.º aniversário deste mítico modelo, a Honda não só desafiou os seus
concessionários a personalizarem uma CB 1000R, como cantou os parabéns à CB 750
no Wheels and Waves, em Biarritz. Foi aí que tivemos oportunidade de rodar numa CB
750 original, para melhor compreendermos o papel desta moto na história da indústria.
A travagem com travão de disco estava na sua infância, por isso, comparando com os
actuais sistemas, notam-se os 50 anos de diferença: o disco da CB 750 era apenas um abrandador, tendo em conta as prestações do motor.
Leia também Comparativo: BMW F 850 GS, Honda CRF1000L AS, Triumph Tiger 800 XCA
As suspensões também são incomparáveis às actuais, mas, a grande surpresa é motor de quatro cilindros, alimentado por quatro carburadores Keihin e refrigerado por ar. O propulsor é de uma suavidade e linearidade impressionante, e podia hoje, 50 anos depois, ser usado numa retro-naked e estaria perfeitamente à altura do desafio. É verdade que 66 cv num sete-e-meio pode parecer pouco, mas a sua pronta resposta ao acelerador e a ausência de vibrações não nos fazem pensar num motor com meio século de existência. Por isso, nem imagino o que foi para os motociclistas terem esta experiência em 1969 com uma moto que praticamente tornou todas as outras obsoletas de um momento para o outro…
Artigos relacionados: