Não será preciso recuar muitos anos no tempo para nos lembrarmos que os motociclistas pensavam que os sistemas de airbag eram um mecanismo de segurança exclusivo dos automóveis.
Pese embora alguns fabricantes tenham tentado inovar, por exemplo a Honda tentou implementar um sistema de airbag na sua “navio-almirante” Gold Wing, sendo que o balão estava posicionado na zona do depósito da moto, a verdade é que no mundo das duas rodas a utilização deste tipo de mecanismo de segurança foi algo que apenas recentemente se tornou comum.
Hoje em dia vemos que cada vez mais motociclistas aceitaram ser “abraçados”, em caso de acidente, pelos valiosos airbags. E com o aumento do interesse, aumentou também a quantidade de fabricantes de equipamentos de motociclismo que desenvolveram os seus próprios sistemas.
Talvez a Alpinestars com o seu Tech Air ou a Dainese com o D-Air sejam os nomes que mais rapidamente se lembra. Mas marcas como a Ixon através de parceria com a InMotion, a RST, Furygan, Clover, apenas para nomear algumas, acabaram por também aceitar o desafio de disponibilizar equipamentos mais seguros graças aos airbags.
O tipo de equipamentos que conta com airbag é cada vez mais amplo. É verdade que no início esta tecnologia de segurança foi desenvolvida a pensar no mundo da competição.
Aliás, desde 2018 que todas as categorias do Mundial de Velocidade, o pináculo das corridas de motos, obrigam os seus pilotos a usarem fatos de competição equipados com airbag.
Mas hoje em dia encontramos equipamentos para utilização em estrada que também usam airbag. A proliferação de equipamentos deste tipo levou ao maior desenvolvimento da tecnologia, mas também a uma redução do seu preço para os motociclistas. Embora estes equipamentos sejam, na sua maioria, dispendiosos, a verdade é que já não apresentam um preço exorbitante.
Por estes motivos, o interesse nos equipamentos com airbag aumentou nos últimos tempos.
E embora ainda falte percorrer um longo caminho para que estes equipamentos de proteção se generalizem, várias marcas e instituições estão a apostar fortemente na sua aplicação ao motociclismo, e nas mais diversas vertentes.
Apesar de não ser um equipamento obrigatório por lei, como é o capacete que tem de cumprir vários requisitos, vários países da União Europeia estudam o impacto da utilização de equipamentos airbag na redução de lesões nos motociclistas, e pretendem promover de forma ativa a utilização destes equipamentos no futuro a curto ou médio prazo.
Como funciona um airbag?
Quando falamos de um equipamento com airbag para motociclismo, estamos a referir-nos a uma bolsa ou balão que insufla em caso de queda quando andamos de moto. Houve várias tentativas de encontrar uma solução para a colocação do sistema.
Por exemplo, no final da primeira década do século XXI, o fabricante de capacetes APC tentou implementar um airbag fixo ao capacete, na sua secção traseira. Infelizmente era um equipamento demasiado pesado, pelo que nunca chegou a tornar-se viável.
Nos tempos mais recentes, o airbag de motociclismo tornou-se num colete que está embutido no blusão ou fato do motociclista. Quando infla, protege a zona dos ombros, pescoço, peito e as costas. E nas gerações mais evoluídas o airbag chega mesmo a proteger a zona da anca, no caso dos fatos de competição.
Logicamente este equipamento de proteção não é 100% eficaz no sentido que não impede lesões em todas as situações. Mas os estudos mais recentes demonstram que um airbag consegue reduzir em até 90% a força do impacto numa queda de moto. Desta forma podemos dizer que usar um airbag pode equivaler a usar um capacete.
Para além da bolsa que infla, um airbag é composto por um sistema de ativação com GPS, acelerómetro, giroscópio, a bateria que garante que todo o sistema tem energia para ser despoletado, e ainda uma ou duas botijas de ar comprimido, que podem ser substituídas pelos respetivos fabricantes.
O sistema é despoletado assim que os sensores de posição e telemetria detetam forças G acima do normal. Numa questão de milissegundos – cerca de 25 milissegundos para sermos mais precisos – a centralina recebe e analisa dos dados recolhidos pelos sensores, e, caso seja necessário, dá ordem para inflar o airbag. Tudo isto num “piscar de olhos”.
Em caso de impacto, e se tivermos em conta o que a Dainese destaca no seu colete Smart Jacket, que pode ser usado com qualquer blusão, da marca italiana ou outra, a proteção do airbag equivale a utilizar nada menos do que sete protetores dorsais em conjunto!
Caso o sistema seja ativado por causa de acidente, o equipamento pode ser entregue ao fabricante que substitui as partes usadas por outras novas, incluindo, claro, a botija de ar comprimido. E, por exemplo, caso o blusão apresente danos estruturais, também será reparado se possível.
Os airbags mais recentes incluem uma conexão com o smartphone do utilizador. Para além das informações básicas, estes sistemas permitem gravar percursos através do GPS incluído, analisar os dados de telemetria, e alguns dos airbags mais evoluídos contam com funções avançadas de aviso de serviços de emergência no caso de acidente.
Os diferentes tipos de airbag
Antigamente, os equipamentos airbag para motociclismo eram desenvolvidos apenas para uma utilização em competição. Foi nesse ambiente que os fabricantes conseguiram encontrar as formas de desenvolver a tecnologia.
Eram por isso considerados quase como protótipos e apenas disponíveis aos pilotos de maior renome. Com o passar do tempo foram-se tornando mais acessíveis ao público. Hoje em dia é possível adquirir um fato de pista com airbag numa loja.
Por outro lado, as marcas perceberam que podiam aplicar a tecnologia aos equipamentos de moto para estrada. A Alpinestars com o seu Tech Air ou a Dainese com o D-Air foram pioneiras nesse particular. E outras marcas seguiram-lhes o exemplo. E o melhor disto tudo é que atualmente não somos obrigados a adquirir um blusão de determinada marca para podermos usar o seu sistema airbag!
Os coletes de airbag universais podem ser usados com equipamentos de diferentes marcas. Convém, no entanto, perceber que os equipamentos devem estar “airbag ready”, ou seja, o seu desenho deve estar adaptado ao uso de um airbag.
Por exemplo, um blusão ou um fato de pista demasiado justo ao corpo impede o inflar total da bolsa de airbag. Não só reduz a capacidade de proteção, como também pode inclusivamente causar alguma lesão no corpo do motociclista pois não tem espaço no interior do equipamento para expandir.
Por isso deixamos-lhe aqui um conselho: se estiver a ponderar adquirir um colete airbag para usar debaixo do seu blusão, confirme que o mesmo tem espaço para permitir o funcionamento do sistema airbag!
E para o “off-road” não há nada? Na realidade existe! Por exemplo, basta recordar que o Rali Dakar, a maior e mais dura prova de TT do mundo, tornou obrigatório desde a edição 2021 aos pilotos de motos e quads o uso de coletes com airbag incluído.
Os sistemas airbag para este ambiente tão específico, embora derivem da versão “on-road”, contam com parâmetros exclusivos de funcionamento que têm em conta diferentes forças em ação sobre o motociclista.
Uma moto num percurso de rally raid ou todo-o-terreno sofre grandes impactos, ou saltos inclusivamente, pelo que o sistema de airbag “off-road” no colete foi desenvolvido para apenas despoletar em situações muito específicas. Seja como for, existe um sistema disponível para os mais aventureiros, como por exemplo o Alpinestars Tech-Air Off-Road V2 que pode descobrir mais detalhes clicando aqui.
Qual o preço de um equipamento de motociclismo com airbag?
A reposta a esta questão não é fácil, pois os valores variam bastante de fabricante para fabricante. De uma forma geral, os coletes universais – que podem ser usados por baixo ou por cima de um blusão – têm um custo que ronda os 400 a 600 euros.
Se a opção recair sobre um blusão com airbag incluído, o preço pode atingir cerca de 2.000 euros. Depende se for um blusão têxtil ou em pele.
Os airbags mais dispendiosos são aqueles que estão pensados para uso em competição. No caso dos fatos de pista, o preço facilmente chega perto dos 3.000 euros ou ser ainda mais elevado, caso o fato seja feito por medida.