A 36ª edição da Baja Portalegre 500 não podia ter terminado de forma mais incrível! A luta pela vitória ficou decidida por apenas um décimo de segundo, com António Maio (Yamaha) a levar a melhor aguentando a forte pressão de Martim Ventura (Yamaha) para garantir a 8ª vitória nesta mítica prova do todo-o-terreno nacional.
Já coroado campeão nacional 2022 do Campeonato Nacional de TT, António Maio enfrentou esta Baja Portalegre 500 com o intuito de vencer, claro, mas também para continuar a “cavar um fosso” maior em número de vitórias sobre Mário Patrão. E desde o primeiro dia, que terminou na liderança da classificação conforme a Revista MotoJornal aqui lhe contou, Maio e a sua Yamaha deixaram bem patentes as suas intenções.
No segundo dia de prova, e depois de muitas travessias de traiçoeiros cursos de água, enfrentando piso seco ou lama mais complicada, desafios habituais nestes trilhos do Alto Alentejo, António Maio garantiu a oitava vitória na Baja Portalegre 500 terminando ao fim de 414,21 km contra o cronómetro com uma vantagem mínima sobre Martim Ventura.
Uma diferença tão curta numa prova como a Baja Portalegre 500 é um registo que ficará para a história.
Para António Maio esta vitória foi bastante saborosa, com o vencedor da baja a referir que “Fazer história em Portalegre é muito bom. Já perdi esta prova e o campeonato por um segundo. Já me aconteceu de tudo nesta corrida. Por isso, ganhar por uma décima é uma vitória, ainda para mais por estar a festejar os 20 anos de carreira. Quero agradecer à minha família, aos meus amigos e aos patrocinadores que me têm acompanhado ao longo destes 20 anos, alguns deles desde sempre. Mas quero também dedicar a vitória ao Armindo Neves”, recordando assim o piloto português que faleceu recentemente durante a Africa Eco Race.
Já Martim Ventura, também em Yamaha, apesar de ter perdido a vitória por apenas um décimo de segundo, mostra-se satisfeito com o trabalho que realizou nesta Baja Portalegre 500.
O piloto revela até estar de certa forma surpreendido por conseguir estar a competir frente a António Maio, um piloto que segue desde que era mais jovem: “Não sei o que dizer… Tenho de ficar feliz pelo ritmo e por mostrar que consigo ‘dar cartas’ nos próximos anos. Ontem fui o mais rápido na pista claramente, mas levei uma penalização de dois minutos… É o que é, mas estou orgulhoso de estar aqui a lutar com o Maio, que acompanho desde os meus 7, 8 anos. Há 10 anos nunca pensei que isto pudesse acontecer, mas trabalhei e por uma decimazinha não consegui. Mas estamos cá para o ano e vamos ver o que vai acontecer”.
Refira-se que Ventura terminou o primeiro dia a escassos 3,5 segundos de Maio. Porém, uma penalização de dois minutos no final desse dia de arranque da prova (excesso de velocidade) deixou-o em quarto lugar na classificação. A sua performance no segundo dia permitiu-lhe sonhar com a vitória, que lhe escapou por muito pouco.
Um duelo de dois extraordinários pilotos, de diferentes gerações, que entrou na história da Baja Portalegre 500 como a mais pequena diferença registada entre os dois primeiros classificados!
O lugar mais baixo do pódio foi ocupado por Gustavo Gaudêncio (Honda), enquanto Miguel Castro (KTM) e Daniel Jordão (Husqvarna) fecharam o quinteto da frente.