Depois de um longo interregno, apenas ‘cortado’ pelos treinos oficiais de pré-temporada que a Federação de Motociclismo de Portugal (FMP) organizou nos dois circuitos que serão visitados em 2024, deu-se no passado fim de semana início a mais uma temporada do Campeonato Nacional de Velocidade, também conhecido como CNV Moto.
Na ronda Estoril I tivemos dois dias de alta intensidade no circuito do Estoril, com muitos pilotos espalhados pelas diversas categorias do CNV Moto a fazerem questão de mostrar o seu talento nos quase 4200 metros do traçado que tem a Serra de Sintra como cenário de fundo e 13 curvas.
Com as condições climatéricas a ‘fazerem das suas’, nomeadamente com a chuva a não querer faltar a esta primeira ronda do calendário 2024 do CNV Moto, e pese embora o bilhete de dois dias para assistir a toda a ação na bancada principal do Estoril e que também dava acesso ao paddock, conforme aqui anunciámos antecipadamente, ter um custo de apenas 10€, voltou a sentir-se a falta de apoio dos motociclistas e do público amante das duas rodas.
Uma situação que não é novidade, e que volta este ano a fazer-se sentir, mas que, no entanto, não diminui em nada o esforço dos pilotos, equipas e da organização do campeonato e em particular desta ronda Estoril I, que ficou a cargo do Motor Clube do Estoril (MCE), que fizeram questão de aquecer o asfalto com excelentes corridas.
A primeira prova do Campeonato Nacional de Velocidade 2024, denominado Circuito Vivaldo Ferrão em homenagem a um popular e veterano comissário do Motor Clube do Estoril, recentemente falecido, incluiu um programa onde constavam cinco corridas por cada um dos dois dias de competição, cada uma delas agrupando duas classes na mesma corrida, nomeadamente para as categorias de Superbike + Superstock 600, Naked Bikes + Troféu Luís Carreira, Supersport 300 + PréMoto3, Moto4 + Mir Moto5 e Copa Dunlop Motoval (classes 1 e 2).
Com sol e algum vento, e já depois de realizados os treinos livres e de qualificação, a tarde de corridas de sábado começou com a corrida dedicada às Naked Bikes, competição que esta temporada, e conforme a revista Motojornal aqui detalhou, deixa de ser Troféu para obter estatuto de Campeonato Nacional.
O crónico favorito e ‘habitué’ no degrau mais alto do pódio, Frédéric Bottoglieri (Triumph) isolou-se de imediato no comando rumo a uma vitória folgada na geral e na classe CNB2. Atrás do rapidíssimo francês na moto britânica terminou Luís Franco (BMW S 1000 RR) que se desembaraçava da outra Triumph em pista, neste caso a moto de Romain Berton, para garantir o 2º lugar (1º em CNB1), enquanto Marcos Leal, jornalista da Revista Motojornal, na única Kawasaki Z900 presente, também batalhava para alcançar o 3º lugar da geral (2º CNB2).
O único inscrito no Troféu Luís Carreira, o veterano Fernando Mercier levou a bom porto a sua Suzuki GSX-R1000.
Seguiu-se a corrida que agrupava as Moto4, em que alinhava apenas Alexandre Cabá, e o pelotão das Mir Moto 5, com oito pilotos inscritos, entre os quais as três jovens pilotos trazidas para esta classe pela Escola de Iniciação Moto Racing de Sintra de Rui Balhecas: Carlota Carochinho, Lara Pinto e Carolina Azevedo.
Foi sem surpresas que Alexandre Cabá dominou ambas as corridas de ambos dos dias à geral, com Lourenço Vicente a triunfar nas Moto5 também nas duas corridas, sendo este acompanhado no pódio das Mir Moto5 sempre por Tomás Carneiro em 2º, enquanto Carlota Carochinho na primeira corrida e Diego Ribeiro na segunda a ocuparem o derradeiro lugar do pódio.
Na Copa Dunlop Motoval, sempre muito concorrida, assistimos a um triunfo relativamente confortável para Rafael Ribeiro (Yamaha R1), à frente de outros dois pilotos da classe 2, Rui Palma (BMW 1000 RR) e Daniel Coelho (Honda CBR1000RR), com o primeiro dos pilotos da classe 1, Ricardo Rodrigues (Yamaha R6) a terminar em 4º da geral.
Chegava depois a altura de entrar em ação a classe rainha, as SBK, que alinharam em conjunto com as Superstock 600.
Nesta primeira ronda apenas alinharam quatro pilotos de Superbike, mas no total foram dez motos em pista na classe STK600 (todas elas Yamaha YZF-R6), destacando-se a chegada de vários novos pilotos a esta categoria do CNV Moto que promete ser das mais animadas, casos de Gonçalo Capote, Rodrigo Valente, piloto apoiado pela Revista Motojornal, ou Martim Marco.
A “pole position” ficou na posse de Miguel Romão (Yamaha R1), tendo a seu lado Ricardo Lopes (Honda CBR1000RR) e Ruben Macuá (Yamaha R1), seguidos dos primeiros homens das ‘seiscentos’, com Gonçalo Capote a levar a melhor sobre Gonçalo Ribeiro e Alessio Guarnieri.
Apagados os semáforos para a primeira corrida do fim de semana, uma partida menos conseguida de Miguel Romão abriu caminho a que Macuá e Lopes assumissem a dianteira da prova, com Ricardo Lopes a ascender ao comando à segunda passagem pela linha de meta do circuito do Estoril.
Lopes não mais perdeu a liderança e por isso foi com naturalidade o vencedor. Miguel Romão viria a alcançar e bater Ruben Macuá na batalha que decidiu o 2º posto que parecia estar destinado a Macuá, um estreante este ano na classe maior do CNV Moto.
Entre as Stock 600, após uma boa luta nas primeiras voltas com Gonçalo Capote, foi Gonçalo Ribeiro quem se instalou no comando isolado, terminando em 4º da geral e 1º da classe. O pódio viria a ficar completo com a presença de Ribeiro, enquanto Rodrigo Valente, que este ano subiu à classe vindo das Supersport 300, iniciou a sua temporada “full time” no CNV Moto com um terceiro lugar.
O dia de sábado no circuito do Estoril fechou então com a corrida que reuniu as classes de Superport 300 (monopolizada pela Kawasaki) e PréMoto3, numa grelha onde estiveram nada menos do que 18 pilotos (13 em SSP300, 5 em PréMoto3).
Tomás Alonso, que já se sagrou campeão nacional por três vezes e tem estado em destaque no campeonato espanhol ESBK, saiu da “pole position” e desembaraçou-se dos seus rivais rumo à vitória, com um trio composto por Martim Jesus, Uriel Hidalgo e Dinis Borges a disputarem as posições seguintes, terminando por esta ordem.
Vasco Fonseca (8º da geral) impôs-se na PréMoto3, sendo acompanhado no pódio, por esta ordem, por Tiago Martins e Frederico Guimarães.
No domingo, as condições atmosféricas vieram alterar ligeiramente o ‘jogo’, com uma manhã em que períodos de sol alternaram com aguaceiros, obrigando a cuidados redobrados durante as sessões de treinos, mas com a pista a secar para as corridas.
Como já referimos, na primeira corrida do dia Alexandre Cabá e Lourenço Vicente repetiram os triunfos da véspera, respetivamente, em Moto4 e Mir Moto5. Também na Copa Dunlop Motoval os vencedores de sábado fizeram a ‘dobradinha’ na corrida de domingo, respetivamente Rafael Ribeiro na geral e classe 2, e Ricardo Rodrigues na classe 1.
De seguida foi a vez das Naked Bikes terem a sua segunda corrida do fim de semana, novamente com o francês Frédéric Bottoglieri a sair na frente, levando a sua Triumph Street Triple 765 a novo triunfo folgado à geral e CNB2. Seguiu-se um trio de BMW S 1000 R, com Luís Franco a terminar novamente em segundo, repetindo a vitória em CNB1, na frente de Paulo Vicente e Ricardo Almeida. A fechar o ‘top 5’, o jornalista e piloto Marcos Leal foi 2º em CNB2, tendo Berton sido terceiro nesta classe.
O programa deste domingo de CNV Moto no Estoril prosseguiu com a segunda corrida para as Supersport 300 e PréMoto3.
Nesta que foi a penúltima corrida da ronda de abertura do campeonato, desta feita tivemos Martim Jesus a partir da ‘pole position’, travando uma boa luta com Tomás Alonso, Dinis Borges e o espanhol Uriel Hidalgo.
Tomás Alonso liderou a maioria das voltas, com Dinis Borges a passar também pelo comando, mas Alonso viria a cair já na fase final da corrida (retomando a pista para acabar em 4º lugar), abrindo o caminho para Martim Jesus e Dinis Borges discutirem a vitória, com vantagem final para o primeiro por apenas 0,7 segundos. Uriel Hidalgo assegurou o lugar mais baixo do pódio e Vasco Fonseca voltou a ser o melhor entre as PréMoto3.
O dia de atividade em pista encerrou com a segunda corrida que agrupava as Superbike e Superstock 600, agora com Ruben Macuá a colocar a sua R1 na ‘pole position’, numa grelha que, devido ao piso molhado durante a qualificação, ajudou a que as STK600 ocupassem posições de destaque, como foi o caso das R6 de Rodrigo Valente e Martim Marco, que saíram na primeira linha nas segunda e terceira posições.
Ruben Macuá foi o primeiro a liderar, mas Ricardo Lopes viria depois a subir ao comando, ele que viria a ser penalizado com uma dupla ‘long lap’ por falsa partida, terminando em 8º lugar, tal como sucedeu com Gonçalo Capote, penalizado pelo mesmo motivo, mas que acabaria por não terminar devido a uma queda.
Na frente assistiu-se a uma boa luta entre Macuá e Miguel Romão, que terminaria com vantagem para o homem da pole por 0,3 segundos (!), estreando-se assim a vencer nas SBK do CNV Moto. Ruben Macuá passa assim a dividir a liderança do campeonato, saindo desta ronda inaugural com os mesmos 41 pontos que Ricardo Lopes, estando Miguel Romão a somente um ponto.
Nas STK600, Gonçalo Ribeiro terminou em 3º na corrida e venceu a classe, com Rodrigo Valente, a correr a poucos quilómetros de casa e aqui inscrito pela equipa Viñales Racing Team, a cerca de 2 segundos. Tymur Kostin fechou as contas do pódio desta classe. Gonçalo Ribeiro é assim o líder isolado nas ‘seiscentos’, com mais 14 pontos que Rodrigo Valente.
Classificação do CNV Moto após ronda Estoril I
Superbikes
1 – Ruben Macuá – 41 pontos
2 – Ricardo Lopes – 41 pontos
3 – Miguel Romão – 40 pontos
Superstock 600
1 – Gonçalo Ribeiro – 50 pontos
2 – Rodrigo Valente – 36 pontos
3 – Tymur Kostin – 27 pontos
Supersport 300
1 – Martim Jesus – 45 pontos
2 – Tomás Alonso – 38 pontos
3 – Dinis Borges – 33 pontos
Naked Bikes
CNB1
1 – Luís Franco – 50 pontos
2 – Paulo Vicente – 40 pontos
3 – Ricardo Almeida – 32 pontos
CNB2
1 – Frederic Bottoglieri – 50 pontos
2 – Marcos Leal – 40 pontos
3 – Romain Berton – 32 pontos
PréMoto3
1 – Vasco Fonseca – 50 pontos
2 – Tiago Martins – 40 pontos
3 – Frederico Guimarães – 32 pontos
Mir Moto5
1 – Lourenço Vicente – 50 pontos
2 – Tomás Carneiro – 40 pontos
3 – Carlota Carochinho – 29 pontos
85GP / Moto4
1 – Alexandre Cabá – 50 pontos
Copa Dunlop Motoval
Classe 1
1 – Ricardo Rodrigues – 50 pontos
2 – Tiago Pires – 33 pontos
3 – Vítor Silva – 32 pontos
Classe 2
1 – Rafael Ribeiro – 50 pontos
2 – Rui Palma – 40 pontos
3 – Alexandre Suati – 29 pontos
Troféu Século XX / Luís Carreira
TLC Open
1 – Fernando Mercier – 50 pontos
O Campeonato Nacional de Velocidade regressa no fim de semana de 8 e 9 de junho com a segunda visita do ano ao traçado do Estoril.
Fique atento a www.motojornal.pt para estar sempre a par de todas as novidades do mundo do desporto em duas rodas. A não perder!
*fotos por Hellofoto / Miguel Araújo