Estamos a poucos dias do início da 40ª Concentração de Faro – clique aqui para ver o Guia Completo –, precisamente no ano em que o histórico Moto Clube de Faro também celebra quarenta anos de existência. Porém, a realização deste grande evento das duas rodas às portas da cidade de Faro está em risco de não se realizar devido ao estado de contingência decretado pelo Governo.
António Costa, primeiro-ministro português, anunciou que as atuais previsões meteorológicas apontam para o elevado risco de incêndios em Portugal devido às temperaturas muito elevadas, baixa percentagem de humidade e ainda vento intenso. Os “condimentos” perfeitos para acontecerem incêndios de grandes proporções.
Para tentar minimizar os riscos de incêndios, o Governo decretou estado de contingência até ao próximo dia 15 de julho.
Isto significa que a realização de eventos em zonas florestais não pode acontecer. Recordamos que dos 34 hectares ocupados pela Concentração de Faro, 14 hectares ocupam zona florestal, pelo que essa área toda não poderá ser utilizada, o que colocar sérios problemas à organização do evento a cargo do Moto Clube de Faro.
António Costa refere que o ministro da administração interna, José Luís Carneiro, já está em comunicação com os organizadores dos eventos e respetivas autarquias de forma a encontrar soluções adequadas para cada caso. Mas o primeiro-ministro garante também que “Não haverá qualquer hipótese de exceção à regra”.
Com a Concentração de Faro de 2022 a realizar-se de 14 a 17 de julho, e com milhares de motociclistas e aficionados das duas rodas já a caminho do icónico Vale das Almas para participar no regresso, sem restrições de pandemia, deste evento que atrai visitantes de todo o mundo, o Moto Clube de Faro revela que não existem condições para, em cima do acontecimento, alterar ou cancelar a concentração.
Em declarações concedidas à Rádio Renascença, José Amaro, presidente do Moto Clube de Faro, garante que organizar esta concentração é um enorme investimento, e que a zona onde o evento decorre é limpo constantemente para minimizar riscos de incêndio.
Quem se coloca ao lado do MCF e da Concentração de Faro é o presidente da Câmara Municipal de Faro. Rogério Bacalhau pede inclusivamente que o Governo deixe para a autarquia a responsabilidade de garantir a realização da Concentração de Faro.
“Apelámos ao Governo que nos deixasse decidir, e que, eventualmente, se entenderem que é necessário mais algumas medidas além daquelas que nós já temos definidas, nos dissessem, para que a concentração se possa realizar. Esta situação não é certamente igual a outras no resto do país, onde as situações no terreno são completamente diferentes”, refere o autarca algarvio à TSF.
Rogério Bacalhau vai mais longe na sua explicação na tentativa de esclarecer o que está em causa, garantindo que neste momento já estão na zona “Dois mil motociclistas e estão a chegar aviões com pessoas do mundo inteiro para a concentração”.
E quando se fala em risco de incêndio no recinto da Concentração de Faro e os planos de emergência e meios associados, o que é que se está a falar ao certo?
De acordo com as informações divulgadas pelo presidente da Câmara Municipal de Faro, o dispositivo associado à concentração inclui um sistema de rega da área da concentração, com especial foco na zona florestal, com bombas de incêndio instaladas, o que para além de diminuir o pó no ar aumenta a percentagem de humidade na zona, geradores que garantem o funcionamento permanente das bombas de incêndio e sistema de rega, quatro autotanques em permanência no local, uma torre de vigia posicionada a quatro metros de altura para vigilância de toda a área da Concentração de Faro, e ainda um dispositivo de mais de 60 bombeiros ali posicionados em permanência durante os dias do evento.
É desta forma que o autarca algarvio pretende que o Governo entenda a necessidade de adaptar a aplicação da lei à situação específica da 40ª Concentração de Faro, demonstrando que, para além dos meios habituais de anos anteriores, a autarquia e o Moto Clube de Faro estão a reforçar os meios de emergência para garantir que tudo decorre sem problemas de maior.