A Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) no seu relatório anual “Sinistralidade Rodoviária: Vítimas no local”, de 2018, contabiliza a morte de 74 condutores de motociclos, menos 20% que no ano anterior. Isto quando em 2017, de acordo com os dados da ANSR, o registo de mortos mais que duplicou, com uma contabilização de 43 fatalidades em 2016, passando para as 93 aferidas em 2017.
Este aumento em 2017 de mortos por acidentes com motociclos, recorde-se, levou Eduardo Cabrita, Ministro da Administração Interna (MAI), a declarar em janeiro de 2018 que seria necessário reavaliar a norma que dispensa a formação e habilita automaticamente os condutores com carta de veículos ligeiros para a condução de motos até 125 cc. E afirmou que seria necessário tornar obrigatórias as inspeções periódicas para os veículos de duas rodas com mais de 250 cc, declarações que causaram uma onda de contestação dos motociclistas portugueses.
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A primeira medida até hoje não avançou e a segunda está dependente da publicação de uma portaria que “aprove a respetiva calendarização”, de acordo com o Instituto de Mobilidade e Transportes (IMT).
Outros números de 2018
No relatório anual da ANSR de 2018 verifica-se ainda que no cômputo global de veículos intervenientes em acidentes, os motociclos representaram 10,9% do total em 2018. Apesar de menos mortos, há uma ligeira subida do total de motociclos envolvidos em acidentes, com um registo de 5758 em 2017 para 6011 em 2018.
No que se refere à idade dos veículos, em 2018, mais de um terço dos motociclos acidentados tem registo de matrícula inferior a 4 anos (40%), ficando no topo dos números face aos restantes tipos de veículos com menos de 4 anos. Na mesma perspetiva de análise, verificou-se que só 16% dos veículos ligeiros têm menos de quatro anos; os veículos pesados só 17% e nos ciclomotores apenas 15%.
Em termos de evolução global da sinistralidade rodoviária com todo o tipo de veículos, entre 2017 e 2018, assistiu-se a uma pequena redução de acidentes com vítimas mortais, de -0,4%.
Escreve o jornal Público, citando o Director-Geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa (PRP), Alain Areal: “As oscilações podem estar relacionadas com a utilização de motociclos e o número de quilómetros percorridos.” As condições atmosféricas também devem ser tidas em conta, uma vez que “há muitos [motociclistas] que só utilizam quando está bom tempo”.
Também de acordo com o Público, para João Queiróz, Presidente da Associação Estrada Mais Segura, os números de 2018 são “o retorno a uma certa ‘normalidade’, que tinha sido brutalmente interrompida [em 2017]” — em média, entre 2010 e 2018, morreram 77 pessoas em acidentes com motociclos.
Pode consultar o relatório da ANSR: Sinistralidade Rodoviária: Vítimas no local”, de 2018
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