Contacto Moto Morini Milano

Ruggeromassimo Jannuzzelli concebeu a Milano antes de a Moto Morini ser adquirida pela Zhongneng chefi ada por Chen Huaneng. Apesar da mudança de mãos, o projecto seguiu em frente e o nosso colega Alan Cathcart foi andar na Milano na cidade que lhe deu o nome. 

Texto Vitor Martins • Fotos Kel Edge

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Para Milão, e mais além 

Não há muito tempo, a pequena mas histórica marca italiana Moto Morini estava com os pés para a cova, ou seja, nos tribunais de insolvência, como mais uma vítima da grande crise económica de 2008. Mas agora pertence, desde Outubro passado, ao empreendedor asiático Chen Huaneng, CEO do construtor privado chinês Zhongneng, que esteve a trabalhar na preparação, para o EICMA de Milão, no passado mês de Novembro, de dois primeiros modelos Moto Morini de média cilindrada, uma roadster e uma street scrambler, ambas propulsionadas por um motor bicilíndrico paralelo de 650 cc fabricado na China.

Entretanto, na fábrica da Morini em Trovizo de 3000 m2, perto de Milão, continua a produção da gama de alta cilindrada, propulsionada pelo motor V-twin a 87° de 1187 cc CorsaCorta desenhado por Franco Lambertini. Este ex-’progettista’ da Ferrari criou anteriormente o lendário modelo 3½ com motor V-twin a 72°, lançado em 1969 e repleto de inovações de engenharia, que sustentaram a sobrevivência da Moto Morini até à era moderna.

Em 2011 a Moto Morini foi adquirida ao liquidante por dois investidores de Milão, e um deles assumiu a propriedade total da empresa cinco anos depois. A partir daí a Moto Morini continuou estabilizada a caminho do regresso, com Ruggeromassimo Jannuzzelli, de 59 anos, aos comandos, e graças a quem a marca sobreviveu o tempo sufi ciente para a Zhongneng a adquirir, e para Jannuzzelli sair na mó de cima. Para além disso também garantiu emprego às 13 pessoas que trabalhavam na pequena mas bem equipada fábrica perto de Pavia, que produziram 190 motos em 2018.

A maior parte delas eram unidades construídas à mão das versões ZZ e ZT da streetfighter Corsaro, que foi lançada em 2005 e mais tarde deu origem a uma família de modelos que incluiu a Morini Scrambler. Mas como parte do apressamento do plano de ressurgimento da Morini, Jannuzzelli investiu dinheiro a sério para produzir o tipo de moto que queria para si próprio. Essa moto entrou agora em produção, ironicamente sob propriedade chinesa, como Moto Morini Milano, e o seu propósito está todo no nome. «Queria uma moto que fosse prática mas excitante», diz Ruggero, «com um motor cheio que fosse emocionante de usar em estrada, mas fácil de usar numa cidade como Milão, algo que fosse o melhor de dois mundos. Queria uma moto como deve ser, com a praticabilidade de uma maxi-scooter, mas com melhores prestações».

O facto de Jannuzzelli dividir o seu tempo entre o apartamento na cobertura de um prédio em Milão e a sua magnífi ca casa de família muito perto da fábrica da Moto Morini, um castelo fortifi cado do séc. XII que em tempos foi leal ao Rei da Sardenha, diz tudo! Tinha que ser uma moto que ele pudesse conduzir na cidade e no trânsito sem queixas, mas que conseguisse prestações como a Corsaro nas estradas dos arredores. Chamem-lhe Super- Crosser, como em Crossover, não por causa do motocross! O homem responsável por criar este ‘melhor de dois mundos’ é o chefe técnico da Moto Morini, Massimo Gustato, de 39 anos de idade, que Jannuzzelli contratou como gestor de pesquisa e desenvolvimento em Outubro de 2015. Este é um cargo que Gustavo ocupou anteriormente na Bimota, onde foi o responsável por colocar uma série de modelos topo de gama em produção de pequena escala, da DBX Supermoto à desportiva BB3 Superbike com motor BMW. Antes disso passou quatro anos na Aprilia Racing, nas vencedoras RSW125 e 250GP e nas RSV4, por isso este é um homem que sabe desenvolver modelos de pequena produção de um modo eficaz do ponto de vista custo-benefício, sem sacrificar a qualidade a par da individualidade que é o ponto forte de um pequeno construtor.

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