Esta quinta-feira 18 de janeiro os pilotos da categoria Moto que participam no Rali Dakar tinham aquela que era considerada pela organização da maior maratona do todo-o-terreno mundial, a etapa mais complicada desta edição de 2024 na Arábia Saudita.
Uma especial de 480 km e um dia que no total teve mais de 580 km. Este foi o menu da 11ª e penúltima etapa do Rali Dakar, com arranque em AlUla e final em Yanbu.
Como estava previsto tendo em conta os resultados do dia de ontem, Ross Branch (Hero Motorsports Team Rally), partindo mais atrás na ordem de arranque para a 11ª etapa, aproveitou para lançar aquele que terá sido o seu derradeiro ataque à vitória. O piloto do Botswana não perdeu tempo e arrancou ao ataque, alcançando a liderança da etapa logo no início.
Depois passou a ser “controlado” pelos rivais da Monster Energy Honda Team, nomeadamente Ricky Brabec, o líder à Geral do Rali Dakar, e também Adrien van Beveren. Os dois fizeram “sombra” ao piloto da Hero, que voltou a vencer uma etapa este ano, a segunda.
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Branch conseguiu bater Ricky Brabec por 32 segundos, mesmo com o americano a bonificar 5m45s. A diferença entre ambos na Geral após a 11ª etapa desceu assim ligeiramente, mas Ricky Brabec e a Honda estão em pleno controlo da situação e enfrentam a 12ª e última etapa do Rali Dakar já com a vitória à vista.
Para Ross Branch, os mais de 10 minutos que leva de desvantagem para a 12ª etapa serão quase impossíveis de “apagar”, ainda por cima tendo em conta que ao vencer hoje, amanhã estará com a complicada missão de abrir pista, tendo os mais diretos rivais logo atrás de si.
Adrien van Beveren, com mais um terceiro lugar em etapa, consolidou o derradeiro lugar no pódio à Geral. Está separado de Branch na classificação por pouco mais de 4 minutos, e ainda que essa seja uma diferença considerável, certamente que o americano vai tentar suplantar Ross Branch e a Hero até chegar ao fim do Rali Dakar, o que poderia dar à Honda o 1-2 final.
Para a Honda, liderada por Ruben Faria, o dia não foi ideal, pois a equipa japonesa viu o chileno Jose Ignacio Cornejo a perder muito tempo quando a sua moto apresentou um problema mecânico. Cornejo foi obrigado a passar combustível do depósito dianteiro para o traseiro, pois a bomba de combustível da sua moto deixou de funcionar, obrigando o piloto a fazer essa trasfega de gasolina entre depósitos.
Desta forma, um possível sonho de garantir os três primeiros lugares de pódio à Geral ficou fora de questão, com Cornejo a ter agora pouco tempo de vantagem sobre Kevin Benavides (Red Bull KTM Factory Racing).
Quanto às cores portuguesas, desilusão para Rui Gonçalves.
O piloto da Sherco Rally Factory sofreu mais uma queda, desta feita logo à passagem do 12º quilómetro da especial. Rui Gonçalves solicitou de imediato ajuda por parte da organização, tendo sido transportado para o hospital local para mais exames. Ao que se sabe, o português sofreu uma lesão no ombro. Um final inglório para Rui Gonçalves que este ano sofreu bastantes azares ao longo do Rali Dakar.
No momento em que escrevemos este artigo, e tendo em conta a dureza desta 11ª etapa e a sua duração, temos para já António Maio (Drag’On Rally Team) a ser então o melhor piloto português com o 27º lugar na etapa. Bruno Santos (XRaids Experience) também já terminou o dia e com um 30º lugar, enquanto Mário Patrão (Crédito Agrícola – MarioPatrao.com) fechou a etapa em 31º.
Resta saber qual será o resultado de Alexandre Azinhais e Gad Nachmani, ambos da equipa Club Aventura Touareg.
As reações dos pilotos portugueses
António Maio
“Foi uma etapa muito dura mesmo. Arranquei bem, mas apanhei algum pó o que limitou um pouco o meu andamento. A seguir ao abastecimento tive uma pequena queda e entortei o volante nas pedras, mas apesar do contratempo consegui manter um ritmo constante ao longo de toda a especial. Quando faltavam apenas 10 km para o fim falhei um waypoint e tive de voltar atrás. Entrei numa zona onde o GPS detetava como zona de velocidade e então fiz três quilómetros a 30km/h e com isto perdi imenso tempo. Os erros aqui pagam-se caro. No entanto, o que importa é que estamos bem e vamos para a última etapa. No Dakar cada quilómetro conta e tudo pode acontecer. Vamos manter o foco e concentração para chegar ao fim”.
Bruno Santos
“A 11ª etapa está concluída. Foi uma etapa dura e com muita pedra. Aliás, os 420km do setor seletivo de hoje foram feitos quase sempre em cima de pedra, quase parecia uma prova de enduro. Foi verdadeiramente massacrante. Apesar de tudo, foi um dia que correu bem onde optei por rolar de uma forma segura e controlada para amanhã poder estar na etapa final. Amanhã a jornada será mais curta, são só mais 150 km e chegamos ao fim desta competição. Este Dakar está a correr bem e é sem dúvida o realizar de um sonho. Amanhã será o último esforço e depois teremos a cerimónia de pódio e consagração de todos os que chegaram a fim desta exigente corrida”.
Mário Patrão
“A etapa hoje foi marcada por uma especial complexidade. Muita, muita pedra. Tive uma queda mais ou menos ao quilómetro 300, magoei-me um pouco no peito e cotovelo, mas consegui, com esforço continuar até ao final. A organização prometeu dureza e não enganou. Até ao final tudo pode acontecer e amanhã farei tudo o que estiver ao meu alcance para chegar ao final e levar o primeiro prémio para Portugal”.
Resultados da 11ª etapa do Rali Dakar
1 – Ross Branch – 4H51m57s
2 – Ricky Brabec +32s
3 – Adrien van Beveren +3m17s
4 – Luciano Benavides +4m38s
5 – Toby Price +6m31s
6 – Bradley Cox +8m05s
7 – Kevin Benavides +10m08s
8 – Daniel Sanders +12m23s
9 – Martin Michek +14m27s
10 – Stefan Svitko +15m47s
27 – António Maio +50m34s
30 – Bruno Santos +55m45s
31 – Mário Patrão +56m59s
81 – Gad Nachmani +3H08m29s
97 – Alexandre Azinhais +3H40m06s
Classificação Geral após 11ª etapa
1 – Ricky Brabec – 49H37m57s
2 – Ross Branch +10m22s
3 – Adrien van Beveren +14m31s
4 – Jose Ignacio Cornejo +38m44s
5 – Kevin Benavides +42m19s
6 – Toby Price +47m59s
7 – Luciano Benavides +55m48s
8 – Daniel Sanders +1H12m25s
9 – Stefan Svitko +1H54m18s
10 – Martin Michek +2H43m40s
18 – António Maio +6H09m44s
27 – Bruno Santos +9H30m41s
28 – Mário Patrão +9H39m49s
66 – Alexandre Azinhais +25H57m50s
93 – Gad Nachmani +63H50m24s
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