Rali Dakar 2024 – O guia completo

A quinta edição do Rali Dakar na Arábia Saudita promete emoções fortes e muita navegação pelo deserto. Aqui fica o guia completo para 2024.

Está tudo preparado para mais uma edição do icónico e famoso Rali Dakar. Em 2024, a maior e mais dura prova do todo-o-terreno mundial, volta a disputar-se exclusivamente num único País, com a Arábia Saudita a voltar a dar as boas-vindas a uma caravana recheada de talentosos pilotos e equipas altamente preparadas para um desafio de duas semanas que vai levar homens e máquinas a testarem os seus limites.

Esta será a 46ª edição do Rali Dakar, e desta feita as datas são de 5 a 19 de janeiro.

Uma prova que tem inúmeros motivos de interesse para os fãs portugueses, pois teremos seis lusos em ação na categoria Moto, e dois lusos “emprestados”. Mas dos portugueses já falaremos mais à frente para que fique a saber exatamente quem são.

A prova continua a ser gizada pelo diretor do Rali Dakar. David Castera promete que esta será a edição “Será uma das mais duras de sempre!” desde que a prova de mudou para o Médio Oriente. Para isso, Castera assume a vontade de fazer com que a organização a cargo da A.S.O. siga à risca a máxima de que um grande Rali Dakar, é um Rali Dakar duro.

Os participantes desta edição a disputar em 2024 vão percorrer os trilhos e percursos da Arábia Saudita atravessando o coração do País liderado pelo Rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. A caravana arrancará de Oeste para Este, partindo de AlUla rumo a Shubaytah. Aí, encontraremos aquela que é a grande novidade deste ano: a etapa de 48 horas!

rali dakarDepois da primeira semana, os pilotos vão enfrentar um tríptico no famoso Empty Quarter, incluindo o novo conceito de etapa de 48 horas. Esta etapa dupla será um desafio que vai testar ainda mais os limites dos pilotos, não apenas ao nível da pilotagem, mas, principalmente, da gestão do desgaste da sua moto e também da capacidade de se conseguirem aguentar em prova sem assistência das suas equipas de mecânicos.

A etapa das 48 horas será disputada precisamente no extremo Este do percurso, em Shubaytah. Os dois dias em formato “loop” serão denominados de etapa 6A e 6B, colocando aos pilotos as limitações da anteriormente conhecida como etapa maratona, sendo que os pilotos poderão ajudar-se uns aos outros.

Mas, desta feita, os pilotos não vão poder escolher quem são os seus parceiros de manutenção no bivouac! Isto porque nesta etapa de dois dias existirão nada menos do que 8 bivouacs espalhados pelo percurso.

Quanto o relógio assinalar 16H00, os pilotos serão obrigados a parar no primeiro bivouac que encontrarem no percurso a partir dessa hora. Não terão capacidade para perceber em que bivouac estão os seus rivais, e por isso sem possibilidade de analisarem as performances uns dos outros, para além de que terão de se socorrer da ajuda de outros pilotos para fazerem alguma manutenção às suas motos.

Ao todo, esta nova etapa de 48 horas será composta por mais de 500 km de especial cronometrada, pelo que se esperam algumas mudanças na classificação do Rali Dakar devido a este novo formato maratona.

Porém, o percurso terá um total de 12 etapas mais o Prólogo em AlUla, dia que servirá para definir as posições de arranque para a primeira etapa.

Depois, a 19 de janeiro, estará à espera dos pilotos um palanque final em Yanbu. Ao todo vão percorrer quase 7.900 km, sendo que dessa distância total nada menos do que 4.727 km serão percorridos contra o relógio nas especiais. Mais à frente neste artigo encontra os detalhes de cada etapa do Rali Dakar 2024.

rali dakarMission 1000: o desafio do futuro do Rali Dakar

Iniciado em 2021, o programa Dakar Future, que visa promover a passagem do Rali Dakar para o uso de energias alternativas e tem como data limite 2030 para que isso aconteça, está de volta e desta feita com a estreia do desafio Mission 1000.

Este novo conceito, onde estarão integradas 6 motos num total de dez veículos, coloca à prova veículos que utilizem formas de energia alternativas à utilização exclusiva de combustíveis fósseis. Os motores podem ser 100% elétricos, 100% a hidrogénio ou motorização com tecnologia híbrida.

No caso da Mission 1000, como o nome indica, os participantes vão percorrer cerca 100 km extra e separados do percurso original de cada etapa. No final do Rali Dakar terão cumprido cerca de 1000 km.

Não é um desafio que tenha influência no resultado da prova pois não é uma competição, mas a organização irá ordenar os participantes de acordo com uma série de critérios: quilómetros percorridos em relação ao total previsto, modo de condução utilizado com respetivos pontos bónus, desafio “Launch Control” em que os veículos têm de realizar um sprint de 100 metros para garantir pontos bónus, e ainda uma ligação aos fãs que poderão dar um “boost” ao seu piloto ou veículo preferido através de votação online.

Os favoritos

Na lista de inscritos, e no total das motos, encontramos 137 pilotos. Uma lista repleta de nomes bem conhecidos do “off road”, e onde, claramente, encontramos diversos pilotos que poderão fazer a diferença.

Nomes como Luciano Benavides (Husqvarna) que se sagrou campeão mundial de Rally Raid em 2023, Toby Price (KTM), Sam Sunderland (GasGas), Daniel Sanders (GasGas), Pablo Quintanilla (Honda), Ricky Brabec (Honda), Skyler Howes (Honda), José Ignacio Cornejo (Honda), Adrien van Beveren (Honda), Kevin Benavides (KTM) que defenderá a vitória na edição anterior do Dakar, ou ainda Joan Barreda (Hero) que regressa para mais uma tentativa e numa nova equipa, e Mason Klein (Kove), o jovem talento que assume a liderança do projeto da marca chinesa no Rali Dakar.

Porém, nesta lista de inscritos encontramos um piloto que já sabemos que não estará à partida para este Dakar: Matthias Walkner. O austríaco era um dos grandes favoritos, mas uma queda num derradeiro treino nos Estados Unidos deixou Walkner fora de ação, e com um longo período de recuperação pela frente. O piloto desfalca a KTM num momento crucial, mas fraturas múltiplas na tíbia, perónio e tornozelo esquerdo deixam Matthias Walkner fora do Rali Dakar.

Os portugueses nas motos: 6 + 2

Como sempre, a comitiva portuguesa no Rali Dakar representa o que de melhor temos para enfrentar o grande desafio do deserto Saudita. Este ano teremos então um total de seis pilotos portugueses.

São eles Alexandre Azinhais (#80), António Maio (#30), Bruno Santos (#140) a fazer a sua estreia, Joaquim Rodrigues (#27), Mário Patrão (#36) que vai competir sem assistência externa, e ainda Rui Gonçalves (#19). Os portugueses estarão aos comandos de motos da KTM, Husqvarna, Yamaha, Hero e Sherco, e esperamos que tenham a sorte do seu lado para fazerem grandes resultados.

Entre a comitiva da categoria Moto, encontramos ainda dois portugueses “adicionais”. Estamos a falar de Gad Nachmani (#146) que compete com licença portuguesa, enquanto o luso-germânico Sebastian Bühler (#14) é considerado como um piloto português por muitos adeptos, e por isso é sempre um dos nomes a seguir com mais atenção.

rali dakarRali Dakar 2024 – As etapas

Poucas coisas deixaram a caravana do Rali Dakar de “boca aberta” em surpresa como a região de AlUla, quando a prova se estreou na Arábia Saudita em 2020. A paisagem de cores que parecem um caleidoscópio misturadas com os elementos históricos e um certo mistério que rodeia a zona, são um verdadeiro convite para que a caravana contemple a região de uma outra forma.

O Rali Dakar regressou uma e outra vez a AlUla após o primeiro encontro com este local arqueológico.  Numa repetição de uma fórmula testada e aprovada nas margens do Mar Vermelho, a caravana vai concentrar-se num “super-bivouac” de grandes dimensões para as preparações antes do arranque oficial. O espírito de camaradagem e aventura vai certamente “encher” o ambiente deste local tão especial.

Para ficar a par de todos os detalhes do percurso de 12 etapas, deixamos de seguida os detalhes mais técnicos de cada um dos dias que levarão os pilotos do Rali Dakar, e as respetivas motos, a superarem-se. E no final teremos um novo vencedor!

rali dakarPrólogo – 5 de janeiro

AlUla / AlUla

Total 158 km / Especial 28 km

Um dia de abertura tão longo como este leva ao limite piloto e motos. Esta é uma etapa do Dakar em modo concentrado. Os pilotos vão ter de fazer um slalom por entre rochas, enfrentar percursos de areia e alguns trilhos, e tudo isto já com cenários deslumbrantes a acompanhar.

1ª etapa – 6 de janeiro

AlUla / Al Henakiyah

Total 532 km / Especial 405 km

A dura primeira etapa do Dakar 2024 será carregada de muita ação, lançando o ritmo para o resto da prova. O percurso foi desenhado a partir de uma “folha em branco” numa área geológica nunca antes vista no Dakar, atirando os pilotos para o meio da ação. Vão ter de serpentear por uma secção de vulcões numa mistura de tons de cinza, do mais claro ao mais escuro, provenientes dos minerais cristalizados. Mesmo sendo a primeira etapa, será suficiente para abrir algumas diferenças grandes entre os pilotos.

2ª Etapa – 7 de janeiro

Al Henakiyah / Al Duwadimi

Total 662 km / Especial 470 km

Uma estrada XXL para uma etapa XXL. Cerca de 30 km de dunas de areia estão à espera dos pilotos na primeira metade da etapa. Contudo, a maior parte desta etapa totalmente nova decorre em zonas rápidas que vão favorecer os destemidos. O Dakar entre no mundo da resistência. Vai ser um dia longo para chegar a Al Duwadimi.

rali dakar3ª Etapa – 8 de janeiro

Al Duwadimi / Al Salamiya

Total 733 km / 440 km

O início do Rali Dakar não vai ser gentil para pilotos e máquinas. Nesta primeira parte da etapa maratona terão de enfrentar uma mistura de zonas de pedras, vastas extensões de areia e ainda sequências de dunas. Encontrar o ritmo neste terreno é mais fácil dizer do que fazer tendo em conta esta mistura de terrenos e desafios. Para ajudar a dificultar as coisas, os mecânicos apenas terão duas horas para trabalhar nas motos antes de entrarem em parque fechado nesta maratona.

4ª Etapa – 9 de janeiro

Al Salamiya / Al-Hofuf

Total 631 km / 299 km

A viagem para Al-Hofuf será dura. A cidade fica aninhada num fantástico oásis repleto de palmeiras. O percurso será um pouco mais rápido nesta segunda parte da etapa maratona. Porém, a navegação será um puzzle que tem de ser desvendado com cuidado pelos pilotos se não quiserem perder tempo para os adversários. Qualquer erro acarreta um preço demasiado elevado a pagar na classificação geral.

5ª Etapa – 10 de janeiro

Al-Hofuf / Shubaytah

Total 727 km / Especial 118 km

Esta etapa do Rali Dakar parece ser fácil. Mas isso será apenas um engano. Neste dia podemos destacar dois perigos para os pilotos: por um lado a distância a percorrer em estrada e o arranque muito cedo no dia, e por outro lado o regresso ao mar de dunas do Empty Quarter, onde cada quilómetro da especial vai “doer” a duplicar ou triplicar. A velocidade média vai baixar rapidamente assim que se entrar no reino da areia. Apenas um “punhado” de pilotos vai conseguir chegar ao bivouac antes do sol desaparecer no horizonte.

rali dakar6ª Etapa – 11 e 12 de janeiro

Shubaytah / Shubaytah

Total 766 km / Especial 532 km

Dois dias de um desafio totalmente novo no Rali Dakar, e onde a experiência dos pilotos nas etapas maratona não servirá de muito. Quando o relógio marcar 16H00 no primeiro dos dois dias, os pilotos terão de parar no próximo bivouac que encontrarem. A organização criará diversos bivouacs ao longo da etapa, onde os pilotos recebem apenas os equipamentos e suplementos suficientes para passarem a noite no Empty Quarter sob as estrelas.

Não terão a oportunidade de escolherem companheiros para os ajudarem nas tarefas de manutenção das motos, nem ajuda exterior. Vão estar completamente isolados. A organização do Rali Dakar promete que a navegação será fator crucial nesta etapa de 48H, com muitos Waypoints escondidos. E os pilotos dos automóveis desta vez terão de encontrar o caminho sozinhos, pois as Motos vão ter um percurso separado, o que impede os automóveis de seguir os trilhos deixados pelas motos.

Descanso – 13 de janeiro

Ríade

7ª Etapa – 14 de janeiro

Ríade / Al Duwadimi

Total 873 km / Especial 483 km

Apesar da primeira semana de competição, provavelmente, ter criado boas diferenças entre os pilotos, a segunda semana de Rali Dakar vai proporcionar boas oportunidades para recuperações. Neste dia vão encontrar um labirinto por entre ravinas, com constantes mudanças de direção. E no final têm uma secção repleta de dunas.

8ª Etapa – 15 de janeiro

Al Duwadimi / Hail

Total 678 km / Especial 458 km

Num dia de pequenos contrastes, a etapa será ligeiramente mais fácil que os dias anteriores. A especial segue viagem a partir do centro e para o norte do país, noutro percurso de areia, mas sem grandes dificuldades de maior. A mudança de cenário vai relembrar os pilotos que devem estar em alerta constante. A areia irá dar lugar a trilhos de pedras, num percurso bastante duro, em que os pilotos terão de ter cuidado especial para não furar os pneus. Ser suave e gentil será a melhor forma de terminar bem esta etapa.

9ª Etapa – 16 de janeiro

Hail / AlUla

Total 639 km / Especial 417 km

Poucos, se é que algum, pilotos da frente terão a oportunidade de desfrutar das belas paisagens desta etapa, que os vai levar, mentalmente, ao limite. O início da etapa dá a ideia de que será um dia rápido, mas os pilotos rapidamente vão perceber que foram enganados. A navegação volta a ser primordial para o sucesso. As planícies rochosas vão testar a confiança dos pilotos.

10ª Etapa – 17 de janeiro

AlUla / AlUla

Total 609 km / Especial 371 km

Nesta segunda semana nunca teremos duas etapas semelhantes de seguida. Mas isso não significa que esta etapa em “loop” em torno das rochas monumentais de AlUla vai ser um passeio. Uma oportunidade única para que alguns pilotos consigam capitalizar dos azares dos seus rivais mais diretos para se conseguirem aproximar dos lugares de destaque.

11ª Etapa – 18 de janeiro

AlUla / Yanbu

Total 587 km / Especial 480 km

A “pièce de résistance” da segunda semana tem o potencial para alterar por completo a classificação. Estendendo-se por mais de 500 km, a maior parte da especial decorre numa zona particularmente dura em termos de piso. Vai ser o último grande desafio em termos físicos para os pilotos.

12ª Etapa – 19 de janeiro

Yanbu / Yanbu

Total 328 km / Especial 175 km

O último dia não apresenta grandes dificuldades, mas pode ainda ser decisivo. Que o diga Toby Price, que na edição anterior do Rali Dakar viu a sua margem de 12 segundos ser insuficiente para garantir o que seria a sua terceira vitória à geral e foi insuficiente para conter a “carga” de Kevin Benavides. A previsão é de que as diferenças entre os primeiros classificados sejam maiores este ano… mas nunca se sabe!

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