Os organizadores do Rali Dakar já tinham avisado que a edição de 2024 da maior e mais dura prova de todo-o-terreno do mundo seria mesmo a doer.
E de uma etapa para a outra, a dificuldades do percurso têm feito a diferença em termos de resultados. Além disso, como foi o caso do americano Mason Klein (KORR Offroad Racing), a mecânica das motos também começa a dar sinais de cansaço logo ao segundo dia a sério.
Nesta 2ª etapa do Rali Dakar, os pilotos das motos tinham pela frente uma especial de 470 km que os levou de Al Henakiyah até Al Duwadimi, num percurso composto por muita areia e troços mais rápidos, mas sempre com as habituais armadilhas do deserto da Arábia Saudita a deixarem os pilotos em alerta constante.
O grande vencedor do dia de hoje foi Jose Ignacio Cornejo.
O piloto da Monster Energy Honda Team conseguiu ser o mais rápido a cumprir a distância contra o cronómetro, demorando menos 5m59s a chegar ao fim do que o argentino Luciano Benavides (Husqvarna Factory Racing), que conseguiu superar por pouco outro chileno, neste caso Pablo Quintanilla (Monster Energy Honda Team) que precisou de mais 6m12s do que o seu compatriota e companheiro da Honda, fechando assim o pódio da 2ª etapa do Rali Dakar.
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Entre os pilotos que são considerados os principais nomes da prova, realçamos o problema sofrido por Mason Klein. Um dia depois de ter logrado o primeiro pódio com a sua Kove, o talentoso americano viu-se obrigado a dar uso aos seus conhecimentos de mecânica, quando, em plena etapa, mais precisamente ao quilómetro 46, a moto chinesa sofreu um problema técnico que obrigou Mason Klein a passar duas horas a reparar a moto.
Com isso, o piloto da Kove fica arredado dos lugares de topo da classificação do Dakar, e veremos o que conseguirá Klein fazer daqui para a frente nesta edição, sendo certo que ainda faltam muitos dias para chegarmos ao fim, e de uma etapa para a outra tudo pode acontecer.
Ross Branch (Hero Motorsports Team Rally) continua a ser o líder à Geral nas motos, porém, o piloto do Botswana perdeu muito tempo para os rivais ao ser 11º na etapa, e a sua liderança está agora mais “apertada” pois tem 2m55s de vantagem sobre Jose Ignacio Cornejo, e enquanto ainda não vimos os pilotos da KTM verdadeiramente ao ataque.
Nos destaques do dia, infelizmente temos de referir que o piloto espanhol Carles Falcón (TwinTrail Racing Team) foi hoje levado ao hospital de Al Duwadimi, em estado grave, depois de uma queda, de acordo com um comunicado da organização do Rali Dakar.
A nota da organização informa que o espanhol caiu às 15H52 (hora local) enquanto percorria o quilómetro 448 da especial. Um piloto que estava atrás alertou imediatamente a organização, que enviou um helicóptero médico para retirar o piloto, que estava em estado grave.
Aguardamos agora mais novidades sobre o estado de saúde de Carlos Falcón.
Quanto às cores portuguesas, temos de destacar a presença de três pilotos lusos entre os quinze melhores.
O luso-alemão Sebastian Bühler (Hero Motorsports Team Rally) foi o melhor classificado ao ser um excelente 4º classificado, Rui Gonçalves (Sherco Rally Factory) foi 13º e o campeão nacional António Maio (Drag’On Rally Team foi 15º.
Mais atrás terminaram a etapa Mário Patrão (Crédito Agrícola – MarioPatrao.com) em 39º, Bruno Santos (XRaids Experience) continua a estar sólido entre os “rookies” e foi hoje 42º, Alexandre Azinhais (Club Aventura Touareg) fechou com o 77º tempo, enquanto Gad Nachmani (Club Aventura Touareg) voltou hoje a perder bastante tempo e terminou com o 109º tempo.
Uma última referência em termos de pilotos portugueses para Joaquim Rodrigues. O experiente piloto da Hero Motorsports Team Rally abandonou o Rali Dakar logo na 1ª etapa. Transportado para o hospital, está fora de perigo, sendo que na verdade os exames detetaram “apenas” algumas fraturas nos dedos da mão do piloto português.
Joaquim Rodrigues confessa que na queda bateu com a cabeça no solo, chegando a estar alguns minutos a “dormir” (perdeu a consciência). Apenas se recorda de estar no helicóptero a ser transportado para o hospital, mas agradeceu a ajuda dos diversos pilotos que pararam para o ajudar nos primeiros momentos após a queda que ditou o abandono do Dakar.
As reações dos pilotos portugueses à 2ª etapa do Rali Dakar
Sebastian Bühler
“Boa etapa hoje. Tentei impor um ritmo forte desde o início e senti-me bem, apesar de algumas dores da queda de ontem. Etapa muito dura outra vez com pistas rápidas de areia e alguns rios com pedra com muita navegação”.
Rui Gonçalves
“Foi um novo e longo dia com mais de 460 km cronometrados e com pistas mais rápidas do que ontem. Tivemos de permanecer vigilantes quanto à navegação. Senti-me melhor, por isso fui capaz de manter um bom ritmo e rodei mais depressa do que ontem, o que me ajudou a recuperar a minha confiança. A certa altura, éramos vários pilotos a rodar juntos e havia muito pó. Tínhamos que nos manter atentos para não sermos surpreendidos por uma armadilha. Foi um dia positivo, acho que podemos melhorar alguns detalhes e é isso que vamos fazer nos próximos dias. Estamos no final da segunda etapa e o rali é muito longo, estamos apenas no início. Obrigado a toda a equipa pelo trabalho e a todos os meus fãs pelo apoio”.
António Maio
“Hoje a etapa foi francamente melhor e eu também me senti muito melhor. Ao início apanhamos umas dunas um pouco complicadas, mas depois a prova tornou-se mais rápida, mais ao meu estilo, com alguma pedra, mas nada como ontem. Fomos passando alguns pilotos e isso deixa-nos ainda mais motivados. Nos últimos 30 quilómetros apanhei um piloto que não me deixou passar e com isso perdi algum tempo. O importante é que não caímos, a moto esteve impecável e também estou melhor da minha constipação. Era importante encontrarmos o ritmo e isso hoje já aconteceu. Agora é continuar a olhar para a frente. Duas já estão”
Mário Patrão
“A navegação hoje foi particularmente distinta, muitos waypoints difíceis de encontrar, ontem perdi algum tempo porque fiquei sem sistema de GPS e hoje estava focado em recuperar o tempo perdido. A moto tem respondido muito bem e corresponde às expectativas que tinha. A especial foi extremamente longa, mas correu bastante bem. Venho da zona interior, como todos sabem, sou serrano com muito orgulho e tenho lutado muito para evoluir numa área em que os apoios são difíceis de alcançar, mas tenho a sorte de ter conseguido o apoio dos meus patrocinadores, que acreditam em mim! Luto diariamente para lhes dar o retorno e deixar Portugal orgulhoso”.
Bruno Santos
“Hoje foi uma longa etapa de 650 quilómetros, mais rápida do que ontem, menos perigosa, mas a velocidade fazia também aparecer alguns perigos para as motos. Rodei hoje de uma forma mais confortável, com menos pressão e de uma forma muito segura. Estou a pouco e pouco a desbloquear a navegação aqui no deserto, mas correu bem e estamos preparados para o dia de amanhã. Será outro dia diferente, também muito longo, mas onde vamos passar a noite sem as nossas assistências. Teremos apenas duas horas para rever a moto logo após o término da especial e antes de fazermos uma longa ligação para o acampamento, onde todos iremos dormir em tendas”.
Alexandre Azinhais
“A etapa teve um pouco de tudo: dunas, pedras, pistas rápidas, muita navegação e infelizmente acidentes. Ao quilómetro 440 encontrei o piloto que ia à minha frente caído e inanimado. Prestei assistência e chamei o helicóptero… espero que corra tudo bem. Acabei os últimos 20 km a rolar com calma. Com o tempo de paragem reavido penso que fiquei em 78°. Amanhã vão ser 430 km muito técnicos, portanto teremos de andar sempre com os olhos bem abertos”.
Resultados da 2ª etapa do Rali Dakar
1 – Jose Ignacio Cornejo (Monster Energy Honda Team) – 4H24m17s
2 – Luciano Benavides (Husqvarna Factory Racing) +5m59s
3 – Pablo Quintanilla (Monster Energy Honda Team) +6m12s
4 – Sebastian Bühler (Hero Motorsports Team Rally) +6m47s
5 – Ricky Brabec (Monster Energy Honda Team) +7m14s
6 – Sam Sunderland (Red Bull GasGas Factory Racing) +7m17s
7 – Toby Price (Red Bull KTM Factory Racing) +7m40s
8 – Skyler Howes (Monster Energy Honda Team) +9m39s
9 – Adrien van Beveren (Monster Energy Honda Team) +11m39s
13 – Rui Gonçalves (Sherco Rally Factory) +16m02s
15 – António Maio (Drag’On Rally Team) +16m31s
39 – Mário Patrão (Crédito Agrícola – MarioPatrao.com) +47m56s
42 – Bruno Santos (XRaids Experience) +56m54s
77 – Alexandre Azinhais (Club Aventura Touareg) +1H44m00s
109 – Gad Nachmani (Club Aventura Touareg) +2H12m08s
Classificação Geral das Motos após 2ª etapa
1 – Ross Branch – 9H50m05s
2 – Jose Ignacio Cornejo +2m55s
3 – Ricky Brabec +7m15s
4 – Pablo Quintanilla +15m20s
5 – Luciano Benavides +17m22s
6 – Daniel Sanders +17m24s
7 – Sam Sunderland +18m19s
8 – Toby Price +19m39s
9 – Adrien van Beveren +20m43s
10 – Martin Michek +22m58s
14 – Sebastian Bühler +30m44s
17 – Rui Gonçalves +41m49s
26 – António Maio +1H00m24s
40 – Mário Patrão +1H53m14s
41 – Bruno Santos +2H09m18s
78 – Alexandre Azinhais +4H12m20s
91 – Gad Nachmani +4H47m59s
Antevisão da 3ª etapa do Rali Dakar
Al Duwadimi / Al Salamiya
Total 733 km / 440 km
O início do Rali Dakar não vai ser gentil para pilotos e máquinas. Nesta primeira parte da etapa maratona terão de enfrentar uma mistura de zonas de pedras, vastas extensões de areia e ainda sequências de dunas. Encontrar o ritmo neste terreno é mais fácil dizer do que fazer tendo em conta esta mistura de terrenos e desafios. Para ajudar a dificultar as coisas, os mecânicos apenas terão duas horas para trabalhar nas motos antes de entrarem em parque fechado nesta maratona.
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