Para além de todas as novidades que recorrem exclusivamente a motores de combustão interna ou elétricos, o Salão de Milão EICMA foi também o cenário para o grande público contactar de perto com as duas Kawasaki que misturam o melhor dos dois mundos. Depois da Ninja 7 Hybrid de que a Revista MotoJornal já aqui lhe mostrou todos os detalhes e preço, a marca da Akashi decidiu apresentar na EICMA a segunda proposta híbrida: a Z7 Hybrid.
Com o claro intuito de reforçar a aposta nos modelos que permitam atingir a neutralidade carbónica, a Kawasaki Z7 Hybrid apresenta-se como uma inovadora naked que junta o motor a combustão (ICE) e o motor elétrico, funcionando os dois em conjunto ou em separado, de acordo com as necessidades e preferências do condutor.
No caso da Z7 Hybrid, já não devemos referir ao motor como sendo um único elemento. A Kawasaki denomina esta motorização como uma Unidade de Potência (Power Unit ou PU), o que engloba tanto o motor ICE como o motor EV.
Tecnicamente, esta unidade de potência japonesa é composta por um motor bicilíndrico paralelo com 451 cc, em que as curvas de potência e binário foram trabalhadas de forma a garantir uma resposta mais entusiasmante a baixos regimes. O motor alimentado a gasolina tem capacidade para gerar uma potência máxima de 58 cv às 10.500 rpm, valor que sobe 12 cv adicionais quando usado em combinação com o motor elétrico.
O bloco do motor está inclinado para a frente para em 25 graus, o que ajuda a otimizar o comportamento e agilidade da Z7 Hybrid ao posicionar o centro de gravidade mais sobre a dianteira e mais próximo do asfalto. Já o sistema de refrigeração dá uso a dois radiadores, um para o motor ICE e outro dedicado a baixar a temperatura do motor EV, que por sua vez recebe a energia acumulada de um “pack” de baterias que pesa 13 kg e encontra-se debaixo do assento do condutor.
A transmissão da potência para a roda traseira acontece via uma caixa de velocidades manual e automatizada.
Dependendo do modo de condução selecionado, o condutor poderá desfrutar de uma caixa totalmente manual, com as relações a serem engrenadas via patilhas no punho esquerdo, ou então o sistema automático faz a gestão de qual a melhor relação de caixa a usar em todos os momentos para garantir que a unidade de potência da Z7 Hybrid oferece a melhor tração possível.
O modo de transmissão totalmente automático fica disponível quando a moto se move apenas recorrendo ao motor elétrico, o modo manual por patilhas fica disponível no modo de condução Sport-Hybrid, enquanto em Eco-Hybrid é o condutor que pode optar a todo o momento se deseja trocar de caixa através das patilhas ou se deixa o computador usar a parametrização eletrónica da Kawasaki fazer as trocas de caixa.
E já que falamos em modos de condução que afetam o funcionamento da unidade de potência, quais são e como funcionam os modos de condução da Kawasaki Z7 Hybrid?
– Sport Hybrid: modo em que a unidade de potência disponibiliza a performance máxima combinando o motor a combustão com o motor elétrico. Neste caso o condutor poderá ativar a função “e-boost” quando a moto está parada. Assim que o “e-boost” fica ativo, a Z7 Hybrid disponibiliza toda a sua aceleração durante um máximo de 5 segundos;
– Eco Hybrid: modo em que o motor elétrico é utilizado apenas para arrancar, passando a usar a potência do motor a combustão a partir das 2000 rpm. Quando a moto para (por exemplo num semáforo), o motor a combustão desliga-se para poupar combustível. A função “e-boost” não está disponível neste modo de condução;
– EV: modo em que o motor elétrico é a única fonte de potência da Z7 Hybrid. Apenas pode ser usado para pequenas distâncias (autonomia máxima de 12 km), a velocidade máxima é limitada, e a transmissão automática apenas usa as quatro primeiras relações de caixa.
Refira-se que esta motorização híbrida da Z7 Hybrid não é do tipo “plug-in”. O motor a combustão é usado para recarregar as baterias. Convém também ter em conta que, não havendo possibilidade de carregar ligando à eletricidade, a Kawasaki instala na moto um sistema de regeneração de energia.
Quando se desacelera, o sistema híbrido consegue recuperar parte da energia gerada pela desaceleração, o que ajuda a prolongar um pouco a autonomia em moto EV. Conforme as baterias atingem valores de carga mais altos, o nível de regeneração é menor.
Ao nível do chassis, encontramos na Kawasaki Z7 Hybrid um quadro tubular tipo treliça, com pivot do braço oscilante reforçado, e que, de acordo com a marca japonesa, tem uma geometria que permite a esta moto oferecer as sensações de condução semelhantes a uma Z650.
A suspensão dianteira está a cargo de uma forquilha telescópica com bainhas de 41 mm, no eixo traseiro encontramos na Z7 Hybrid um amortecedor com sistema Uni Trak em que o link está posicionado abaixo do braço oscilante, uma opção usada para permitir colocar as baterias debaixo do assento do condutor que, convém notar, fica posicionado a 795 mm de altura do solo. Refira-se também que o condutor poderá afinar a pré-carga do amortecedor traseiro.
A potência de travagem e segurança fica garantida com a utilização de discos de 300 mm mordidos por pinças de dois pistões, à frente, enquanto na traseira um único disco de 220 mm acionado por pinça simples garante que mesmo nas situações mais “apertadas” o condutor da Z7 Hybrid desfruta de uma potência de travagem adequada. O ABS servirá como segurança adicional.
Com um preço ainda por confirmar em Portugal, mas com a Kawasaki a anunciar oficialmente que espera conseguir colocar a nova Z7 Hybrid nos concessionários durante a próxima Primavera de 2024, a marca “verde” que tem o grupo Multimoto como importador nacional reforça assim com uma segunda opção híbrida a sua estratégia de se tornar numa marca mais amiga do ambiente.
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