Entrevista: Rita Vieira – Uma mulher de desafios

A piloto portuguesa é uma mulher de garra e com 24 anos já acumulou muita experiência na competição. Ambiciona fazer a prova do Dakar.

Texto: Rodrigo Castro. Fotos: Rita Vieira.

A piloto Rita Vieira anda de moto desde os 5 anos e, atualmente com 24, acumula um interessante currículo na competição, tendo disputado várias provas nacionais e internacionais nas modalidades de Trial e Enduro, nas suas diversas categorias. Ambiciona participar no Dakar.

 

NOME – RITA FERREIRA VIEIRA
DATA DE NASCIMENTO – 31-05-1994
RESIDÊNCIA – PORTO
MOTO PESSOAL – NÃO TEM
MOTO DE COMPETIÇÃO – YAMAHA WR250F  FACEBOOK – facebook.com/RitaVieiraRacing/

 

 

Começaste a tua carreira no Trial , qual é a tua visão sobre a modalidade e que benefícios te trouxe? Aos 5 anos de idade tive a minha primeira moto e aos 8 fiz a minha primeira prova de Trial no Campeonato Nacional. Dos nacionais para os Europeus e Mundiais, comecei desde muito cedo também a representar a seleção feminina de Trial. Neste momento o Trial é uma modalidade muito competitiva onde os pilotos já trabalham bastante a parte física e por consequência o nível aumentou. O trial dá-nos bastante técnica e alguma facilidade na passagem de obstáculos. Ajudou-me muito para o enduro.

Continuas a dividir-te entre o Enduro e o Trial algumas vezes o Super Enduro qual a tua relação com cada uma das modalidades? Qual gostas mais? Sinceramente é difícil escolher, apesar de serem todas muito diferentes, umas completam as outras. No fundo o Trial foi onde eu cresci, é uma modalidade extremamente exigente a nível técnico e de concentração. O Enduro é muito físico, são mais ou menos 6h em cima da moto com muita adrenalina à mistura. O Super Enduro, apesar de ser a única mulher em prova é uma modalidade espetacular, onde se junta a intensidade física com a técnica.

Este ano estiveste à partida de uma Baja Internacional. Qual foi a tua impressão acerca destas provas? O Dakar está nos teus planos para o futuro? Fiz algumas provas de navegação (R3) a nível nacional, aprendi muito e dei os meus primeiros passos com o roadbook. Fiz também o campeonato do mundo de Bajas, que não correu da melhor forma devido a uma queda na Hungria onde fui obrigada a desistir. Sim, o Dakar é um dos meus objectivos.

Mais uma vez voltaste a dividir-te em termos de selecção com a participação nos ISDE e no Trial das Nações. Queres contar como te preparaste para cada uma delas? São provas muito diferentes, a começar pelos dias de competição e pelas motos utilizadas. Primeiro foi o Trial das Nações na Republica Checa, devido a ter estado a treinar a Leonor Moreira para a sua primeira participação acabei por treinar eu também. Apesar de dar sempre o meu melhor em tudo o que eu faço, encaro o Trial das Nações de forma diferente dos ISDE.

Neste momento não temos equipa para ter algum tipo de  objectivo. Acho ótimo marcamos presença, aprendemos e evoluímos bastante mas temos que ter noção das nossas capacidades, estamos ainda bastante longe das equipas da frente mas vamos continuar a trabalhar.

Já nos ISDE, que se realizaram no Chile é tudo totalmente diferente, é bastante exigente a nível físico, envolve toda uma estrutura bastante maior e as minhas colegas de equipa estão melhor preparadas o que acaba por dar uma motivação diferente. Preparei-me com treinos diários de moto e físico. Para mim é um enorme prazer fazer parte destas duas seleções nacionais e representar o meu país.

Neste momento não há muitas senhoras a disputarem provas de Enduro o que achas que se poderia fazer para atrair mais atletas para esta modalidade? Penso que uma forma de chamar mais senhoras para esta modalidade seria a criação de estágios com formadoras do sexo feminino e uma classe Feminina B no Campeonato Nacional de Enduro mais acessível seria uma boa forma de experimentarem a modalidade e perceberem que são capazes.

Tens alguma ideia de qual será o teu futuro neste desporto? É difícil prever o que quer que seja neste desporto, mas confesso que este assunto já me tirou o sono meia dúzia de vezes, tenho 24 anos e logicamente começo a pensar num futuro, deixei de ver a competição somente como um hobby e como um divertimento, a partir do momento que dedico 24h por dia a alguma coisa passa a ser um trabalho, e quando não somos remunerados pelo nosso trabalho acabamos por desmotivar.

Quando larguei os estudos iludi-me bastante com este assunto, sonhava em tornar-me piloto profissional e achei que seria possível construir uma vida somente ligada à competição mas cheguei à conclusão que em Portugal é algo demasiado utópico. Não me arrependo por ter tentado, e para dizer a verdade ainda não vou ficar por aqui, agora só paro quando concretizar o meu maior sonho ligado ao mundo das duas rodas. Até lá vou trabalhando diariamente e dando o meu melhor em tudo o que faço, porque no fundo a minha paixão é andar de moto e fazer corridas seja no Enduro, no Trial, no Super Enduro, nas Extremes ou nos Rally’s.

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