Dia intenso e muito festivo, com calor humano que fez o sol esconder-se por timidez e reencontros esfusiantes, marcou o arranque do 20.ª Portugal de Lés-a-Lés, edição de todos os recordes do evento levado a cabo, ano após ano, pela Federação de Motociclismo de Portugal com imprescindível apoio de muitos moto clubes associados, autarquias, freguesias e empresas.
Fonte de enorme animação, com um colorido único, os mais de 2000 motociclistas em 1800 motos tornaram Faro, uma vez mais, capital do motociclismo nacional, com a presença nas verificações técnicas e documentais no Largo de S. Franciscos, antes da partida para o simpático e relaxado Passeio de Abertura. Confirmado o bom estado dos pneus, luzes e alguns importantes órgãos mecânicos – a segurança sempre em primeiro lugar! – tempo para os primeiros 65 quilómetros de descoberta, com partida e chegada ao palanque instalado no Jardim Manuel Bívar, bem no coração da urbe farense.
Na segunda vez que o Lés-a-Lés teve a mesmo local de partida, repetindo edição de 2012, Faro mostrou outros motivos de interesse e atributos diversificados, voltando-se agora para o Parque Natural da Ria Formosa, mas não sem antes visitar a Sé e, sobretudo a sua altaneira torre sineira. Escalada que ajudou a ter visão alargada do trajeto a cumprir, com passagem inicial por ponto marcante para muitos mototuristas portugueses, exatamente um extremo da N2, a mais longa estrada nacional que ao longo dos seus 738,5 km, desde ou até Chaves, atravessa 11 distritos, 38 concelhos, 8 províncias, 4 serras e 11 rios. Informações precisas e preciosas que os participantes ficaram a conhecer com a leitura das primeiras páginas do ‘road-book’, livro de 64 páginas que, ao longo destes dias, é mapa, enciclopédia, horário e almanaque.
Com ligeira alteração de percurso de última hora, mostrando a capacidade de adaptação aos imprevistos por parte da organização e clubes apoiantes, rumou a caravana ao Parque Natural da Ria Formosa e a sua enorme biodiversidade mundial, não sem antes efetuar uma paragem no primeiro dos muitos Oásis existentes ao longo do percurso. Locais onde um petisco, um pastel regional ou uma bebida fresca são justificação para ‘duas de conversa’ e mais algumas interessantes descobertas. Aqui, em plena Ilha de Faro, e com apoio da Junta de Freguesia de Montenegro, tempo para variar a vista e entre a ria e o mar.
Num Algarve menos conhecido, longe do bulício das grandes praias e dos locais de animação noturna, os elementos da Comissão de Mototurismo da FMP apostam na diversidade histórica e ambiental, variando entre o património paisagístico e arquitetónico. Depois da Ria de Faro, o Palácio de Estói e os seus magníficos jardins, propriedade de uma Câmara Municipal presidida por um motociclista de gema, Rogério Bacalhau, participante assíduo do Lés-a-Lés. Bom conhecedor, portanto, dos gostos mototurísticos, ajudando a encaminhar a caravana para o Cerro de S. Miguel, que, com os seus 411 metros de altitude, é o ponto mais alto da região, decorado com vegetação mediterrânica, entre azinheiras, medronheiros, aroeiras, cistos, palmeiras das vassouras ou alfarrobeiras. Local de vista privilegiada sobre o PN da Ria Formosa, bem ‘estudado’ no Centro de Educação Ambiental de Marim, com 60 hectares de surpresas da fauna e flora local, onde foi possível apreciar muitas aves, bivalves e crustáceos pouco conhecidos como as bocas, caranguejos que se diferencial por terem apenas uma enorme tenaz.
Descobertas em dia de pequena amostra do que será este 20.º Portugal de Lés-a-Lés que, na primeira etapa, com madrugadora partida às 6 horas para as primeiras equipas, levará enorme pelotão de Faro até Portalegre, ao longo de bem diversificados 430 quilómetros, incluindo visita ao Pulo do Lobo, local emblemático do Guadiana. E de que muitos começaram a fazer planos durante a visita à grande catedral do motociclismo nacional, a sede do Moto Clube de Faro, mesmo antes do jantar servido, com música e tudo! – no Jardim Manuel Bívar. Mesmo ao lado do palanque de partida que os verá partir poucas horas depois.