GP da Grã-Bretanha: água cancela corridas

O novo asfalto do circuito de Silverstone não lidou bem com a chuva de Verão este fim-de-semana, e o GP da Grã-Bretanha foi cancelado.

GP da Grã-Bretanha race day

Pela primeira vez em quase 40 anos um grande prémio foi cancelado. A última vez tinha isto tinha acontecido por condições climatéricas foi no GP da Áustria de 1980; em foi a neve que impediu a realização das corridas. Nesse ano foram cancelados também os GPs da Venezuela e Suécia. O primeiro por questões financeiras, o segundo por questões de segurança. Na verdade, o GP da Grã-Bretanha não foi cancelado por causa da chuva, que não foi anormal, mas porque o novo asfalto não escoava a água. Esta acumulava-se em várias zonas do circuito e provocava aquaplanagem.

Depois das quedas na FP4 devido à muita água na pista, e com a previsão de forte chuva para domingo, logo no sábado foi tomada a decisão de antecipar a corrida de MotoGP. Tentava assim evitar-se a chuva mais intensa que deveria chegar um pouco mais tarde.

Porém, já com os pilotos na grelha de partida, a corrida foi atrasada, porque já havia muita água na pista. Ainda não tinha parado de chover desde o warm up. A partida foi atrasada, e a partir daí as corridas foram sendo consecutivamente atrasada até ser finalmente canceladas. Apesar de a chuva ter praticamente parado, continuava a haver excesso de água na pista. Depois de várias reuniões e de ouvidos os pilotos, e depois de consideradas várias hipóteses, foi tomada a decisão de cancelar todas as corridas.

Várias opções, uma solução final

A hipóteses que estiveram em cima da mesa eram adiar as corridas para segunda-feira, ou esperar por uma melhoria do tempo prevista para mais tarde. Devido a problemas logísticos e também porque várias equipas se opuseram – porque têm testes privados esta semana -, a hipótese de segunda-feira foi posta de parte. A melhoria de tempo aconteceu, com a chuva quase a parar, mas a água persistia no asfalto. E assim estavam esgotadas as alternativas ao cancelamento.

Marc Marquez GP da Grã-BretanhaO problema reside no novo tapete de asfalto. O circuito de Silverstone foi reasfaltado no início do ano. Logo concluídos os trabalhos, no final de Fevereiro foi visitado por Franco Uncini, da Comissão de Segurança dos Grandes Prémios e responsável pela homologação dos circuitos. E este fez apenas alguns reparos e os pequenos problemas foram corrigidos. Depois em Março Cal Crutchlow foi convidado a rodar no circuito. O piloto britânico confirma que o traçado estava em condições. Porém, desde então, recebeu diversas competições de automóveis, incluíndo o GP de F1 em Julho. Voltou a ganhar os ressaltos de que os pilotos se queixavam no passado e que originou o reasfaltamento.

Ainda no domingo a Direcção de Corrida deu uma conferência de imprensa onde Mike Webb (director de corrida) Loris Capirossi (representante da Dorna na DC) e Franco Uncini (FIM Safety Officer) explicaram tudo o sucedido.

Franco Uncini GP da Grã-Bretanha race day
Franco Uncini

Pedido de desculpa aos 90 000 espectadores

Os pilotos estiveram de acordo com o cancelamento, por não estarem reunidas as condições mínimas de segurança, mas lamentando pelos fãs.

«Foi um dia estranho, e um fim-de-semana estranho, de um modo geral», disse Miguel Oliveira. «Com a chuva as condições não garantiam segurança. Esta manhã até fizemos um bom warm up, em boas condições. Havia água apenas para deixar as pista molhada e fui rápido e senti-me bem, e estava a pilotar relaxado e à espera de uma boa corrida no molhado. Mas infelizmente não houve corrida. O mais importante é que na classificação do campeonato nada mudou, e espero que agora vamos para um país com tempo mais estável», disse o piloto português.

Stuart Pringle, director do circuito de Silverstone pediu desculpa aos cerca de 90 000 espectadores que estiveram este domingo no circuito. Estiveram cerca de seis horas à espera de corridas que não aconteceram.

O circuito gastou perto de dois milhões de libras para essa obra, que agora terá que ser analisada. O problema terá que ser resolvido para poder voltar a receber um GP no próximo ano.

Quando o clima obriga a parar

Num passado relativamente recente já houve corridas canceladas ou adiadas devido às condições climatéricas. Mas não todas as corridas de um grande prémio como desta vez em Silverstone.

Em 2008 o GP de Indianápolis sofreu a influência do mau tempo devido ao furacão Ike. A chuva e o vento forte levaram à interrupção das corridas de 125 cc e MotoGP com bandeira vermelha. A de 250 cc, que tinha sido re-agendada para depois da de MotoGP acabou por ser cancelada.

No ano seguinte o GP do Qatar, prova de abertura da temporada, foi afectado pela chuva. Começou a chover na terceira volta da corrida de 125 cc, e à quarta foi mostrada a bandeira vermelha. Quando o GP do Qatar passou a ser nocturno, tinha sido decidido que sob iluminação artificial não se poderia correr à chuva. A chuva parou, a pista foi verificada pela comissão de segurança e foi dada luz verde para a corrida de 250 cc. Devido ao atraso de 40 minutos a corrida tinha sido encurtada de 20 para 13 voltas, e decorreu sem problemas. Mas voltou a chover logo após a volta de formação para a corrida de MotoGP, desta vez com maior intensidade. O arranque foi adiado e mais tarde seria decidido adiar a corrida para o dia seguinte. A corrida realizou-se na segunda-feira.

Em 2010 o GP do Japão teve que ser re-agendado. Previsto para 25 de Abril, foi apenas realizado a 3 de Outubro. Tudo porque o vulcão Eyjafjallajökull, na Islândia, entrou em erupção no dia 14 de Abril. Durante os dias seguintes as cinzas atingiram grandes altitudes e espalharam-se pelo globo forçando ao fecho do espaço aéreo europeu. Sem possibilidade de se concretizar a viagem dos pilotos, motos e equipas, o GP do Japão foi adiado, sendo depois realizado em Outubro.