Torakusu Yamaha fundou a Nippon Gakki Co., Ltd. em 1887 na produção de instrumentos musicais com muito sucesso (e ainda continua nos dias de hoje), e até hoje o conhecido logótipo do grupo empresarial é um trio de diapasões entrecruzados derivado disso. No entanto, com o fim da II Guerra Mundial, o então presidente da empresa, Genichi Kawakami, decidiu reaproveitar material de guerra e, com o conhecimento de tecnologias metalúrgicas no seu currículo, foi o início da produção de motociclos e assim nasceu o primeiro modelo Yamaha, a YA-1 de 125 cc de cilindrada. Foi graças ao sucesso deste modelo que surgiu a Yamaha Motor Co., Ltd, em 1955.
Texto e fotos: Victor Schwantz Barros
A Yamaha cresceu e desenvolveu muitas motos ao longo desse tempo, umas mais marcantes que outras, até se tornar um dos maiores construtores mundiais. Pouco mais de 26 anos desde o início da marca, surge uma das mais icónicas e bem-sucedidas da marca de Iwata, a naked desportiva de 50 cc, a mítica RZ 50, e esta é a sua história.
A Yamaha RZ nasce em 1981, numa altura em que as motos a 2 tempos estavam no auge das vendas e a Yamaha estava a ter grande sucesso no Japão com as irmãs maiores, as RZ 250 e RZ 350 (na Europa as RD, respetivamente). A marca dos três diapasões desejava ter um leque mais abrangente nas cilindradas e, claro, chegar aos adolescentes pelo mundo fora. Assim, nasce a pequena desportiva de 50cc.
Liberdade e “independência”
Pode parecer uma história inventada pelos mais velhos e por mim, para os dias de hoje, onde os muitos jovens têm tudo ao seu dispor, muito facilitado e com muitos conteúdos eletrónicos a revelarem-se o mais importante nas suas vidas. No entanto, nos anos 80 e 90, uma moped ou ciclomotor era o que mais importava para os adolescentes da época. Ter uma 50 cc para ir para a escola ou para o trabalho; sim, trabalho, porque para a maioria, nessa década, as coisas não eram facilitadas e era preciso trabalhar para as ter, para ir ao café, passear a namorada, enfim, tudo se fazia de 50cc!
E assim nasceu a RZ. A Yamaha percebeu que devia ter um ciclomotor único no seu catálogo com características desportivas e à frente da concorrência. A silhueta naked era conhecida na época das suas irmãs de cilindrada maior, mas com detalhes deliciosos e únicos neste ciclomotor icónico.
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A começar pelo motor, este monocilíndrico de 49 cc vinha com uma evolução a nível de refrigeração em relação ao anterior que veio substituir. A grande novidade e estreia nestes motores foi a refrigeração líquida. A carburação estava a cargo de um Mikuni VM18 SS, e aliado ao sistema Yamaha Energy Induction System (YEIS), debitava uns vigorosos 7,2 cv. Juntando uma transmissão de 6 velocidades ao baixo peso a rondar os 80 kg, fazia esta ‘cinquentinha’ chegar perto dos 95 km/h… Para ‘putos’ com 16 anos, era top! Bastava apenas dar ao ‘kick’… porque não havia arranque elétrico.
Simplicidade e leveza
O quadro é de duplo berço, com muita boa rigidez, e possui uma suspensão dianteira com uma forquilha telescópica com curso de 130 mm e uma jante de 18 polegadas; os pneus eram da Dunlop, com a medida 2.50-18, e estava equipada com um braço oscilante Monocross com amortecedor a óleo. Todo este conjunto beneficiava o modelo com uma grande leveza e rapidez, e para pará-lo, a Yamaha montou à frente um travão de disco de Ø203 mm e um tambor atrás.
Na travagem, a solução na altura até podia não ser suficiente, mas se formos a ver as coisas, 8 anos depois a Yamaha lançou o seu maior sucesso nas 50 cc, a famosa DT 50 LC, com o famoso motor da RZ (sim, que muitos dizem que o motor da RZ é o da DT, mas é mais ao contrário) e ainda vinha com travões de tambor à frente e atrás.
O primeiro modelo da RZ esteve à venda até 93/94, já que a TZR 50 nunca viria a ser a sua verdadeira substituta por ser ainda mais “race replica”. Em 1998, a Yamaha relançou a RZ com um novo modelo com uma imagem mais retro, uma naked com soluções mais recentes, mas com o mesmo propósito: simplicidade e prazer na condução. Infelizmente, este modelo nunca foi comercializado por cá.
A Yamaha RZ era um ciclomotor simples e robusto, mas extremamente rápido, e tornou-se, por mérito próprio, uma das motos mais conhecidas e desejadas no mundo do motociclismo até aos dias de hoje.
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