Dossier: Livros sobre motos

A leitura é uma actividade que não tem um momento ou um lugar específico para ser levada a cabo. Numa altura em que muita gente tem tempo livre ‘forçado’, porque não pôr a leitura em dia, ficando a saber mais sobre o nosso veículo preferido?

Texto: Vitor Martins

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BIOGRAFIAS 

Aqui é difícil escolher uma uma. Há tantas e tão boas, com histórias de vida extraordinárias, que nos mostram como os pilotos fora de série também são pessoas normais, mas têm aquele ‘extra’ que os tornam especiais.

De pilotos destacamos, por exemplo, a de Valentino Rossi (com versão em português ‘E se eu não tivesse tentado?’) ou a de Casey Stoner (‘Pushing the Limits’) ou ainda, mais recentemente, a de Freddie Spencer (‘Feel, my story’). Obviamente, nesta lista tem que obrigatoriamente constar ‘Next Level: 44 Curvas Até ao MotoGP’ (migueloliveirafanclub.pt), para ficarmos a conhecer a história de Miguel Oliveira até cumprir o sonho de chegar à categoria rainha do Mundial de Velocidade.

Mas não são apenas as histórias dos pilotos que valem a pena. A história do fundador da Honda (versão portuguesa: ‘O Senhor Honda, tal como ele contou a sua vida a Yves Derisbourg’) mostra como um humilde mecânico construiu um colosso mundial; num registo diferente, temos a história de John Britten (‘Britten Motorcycles: The John Britten Story’; existem outros livros sobre a vida do génio neo-zelandês, mas esta é ‘oficial’) cujo engenho ficou espelhado nas suas motos, mas não só.

INDÚSTRIA

De vez em quando os construtores editam ou patrocinam livros que contam a história da sua empresa. Muitos deles não chegam às livrarias, sendo apenas para distribuição entre os clientes, por exemplo, ou para oferta em eventos. Mas há alguns livros interessantes sobre a indústria.

De entre os muitos livros publicados por Mat Oxley, um dos mais interessantes é ‘Stealing Speed – The biggest scandal in motorsport history’. Conta a história de como a Suzuki conseguiu apropriar-se dos segredos tecnológicos da MZ saídos da mente do engenheiro nazi Walter Kaaden, roubados por Ernst Degner que os vendeu aos japoneses. BSA, Norton, Ariel, Matchless, Vincent, Triumph, Royal Enfield, Sunbeam… as marcas britânicas dominaram a indústria motociclística, até ao seu declínio, em meados do Séc. XX, que culminou com o desaparecimento de várias delas.

Steve Koerner, canadiano, licenciado em História e doutorado em História Social – e entusiasta das motos britânicas -, tenta encontrar uma explicação para esse declínio e desaparecimento no seu livro ‘The Strange Death of the British Motorcycle Industry’. Uma leitura ‘pesada’, que traça um retrato detalhado, social e industrial, desde 1935, até ao colapso dos anos ‘70, enquadrado pelo crescimento de outras marcas europeias e a chegada dos japoneses.

Por falar em japoneses, actualmente conhecemos quatro marcas de motos oriundas do país do sol nascente. No livro ‘Japan’s Motorcycle Wars’ Jeffrey W. Alexander conta a história do crescimento desta indústria no Japão – seguindo precisamente o sentido oposto ao da indústria britânica -, e que incluiu motos feitas por empresas como a Fuji Heavy Industries (hoje conhecida como Subaru Corporation), a Bridgestone, a Meguro (comprada pela Kawasaki) ou a Mitsubishi, entre outras.

VIAGENS

Um bom tema de leitura são as viagens de moto. Ted Simon é um nome incontornável; foi um dos pioneiros, ao dar a sua primeira volta ao mundo de moto em 1973. O livro ‘Jupiter’s Travels’ são o relato dessa viagem que o levou a percorrer mais de 100 000 km, passando por 45 países montado na sua Triumph Tiger 100 – sem GPS, sem internet, sem telemóvel. Em 2001, já com 70 anos, repetiu essa viagem, numa BMW R80GS, que deu origem ao livro ‘Dreaming of Jupiter’.

Os livros têm algumas (poucas fotos), mas em 2013 Simon editou ‘Jupiter’s Travels in Camera’, um livro com as fotografias que tirou na sua primeira viagem. As aventuras de Ewan McGregor e Charlie Boorman, para além dos documentários televisivos também originaram livros, ‘Long Way Round’ e ‘Long Way Down’ (edições em português ‘O Caminho Mais Longo’ e ‘Uma Aventura Até ao Sul’, respectivamente).

Também há aventuras escritas em português. Gonçalo Gil Mata arrancou de Buenos Aires para sul, e quando a terra acabou rumou a norte, para terminar uma viagem de 40 000 quilómetros em Nova Iorque. A viagem é contada no livro ‘BuenaYork’ (www.buenayork.com).

Paulo Moura, escritor e repórter, percorreu terras lusitanas, optando pela costa. O livro ‘Extremo Ocidental’ (www.elsinore.pt) contas histórias e traça retratos ao longo dos quilómetros percorridos de Triumph Tiger 800 entre Caminha e Monte Gordo, sempre com o mar à vista. O livro conquistou em 2018 o Grande Prémio de Literatura de Viagens Maria
Ondina Braga, da Associação Portuguesa de Escritores.

 

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