Mercado nacional (Junho): indícios de recuperação

A ACAP divulgou hoje os números do mercado nacional relativos aos primeiros seis meses do ano; apesar do acumulado ainda negativo, Junho foi promissor.

Dossier As scooters de 125 cc mais vendidas

Depois de ter invertido a tendência de crescimento em consequência da pandemia, o mercado nacional dá sinais de recuperação. Os números de Junho são positivos e revelam mesmo uma melhoria substancial face a Junho do ano passado. Mas não são ainda suficientes para tirar o acumulado dos primeiros seis meses do ano do território negativo.

Porém são promissores e vão ao encontro das previsões; com o país a entrar em desconfinamento, os números começam a voltar à ordem de grandeza anterior a Março.

Depois de Abril, o pior mês do ano com apenas 584 unidades registadas, segundo os dados revelados pela ACAP, em Maio foram registados 2239 motociclos acima de 50 cc e em Junho registaram-se 4019. É um número 27,7% superior ao de Junho de 2019. O segmento das 125 cc foi o que mais cresceu (33,2%, para um total de 2364 unidades) face ao mesmo mês do ano passado; os números das motos acima de 125 cc subiram 21%, para 1745 unidades, neste mês passado.

Os ciclomotores mantiveram a tendência negativa, somando mais um mês de quebra, 6,3% em Abril, face ao mês homónimo de 2019.

Números animadores

Os números de Abril são animadores, tendo em conta que, apesar de não terem conseguido levar o acumulado a um saldo positivo, diminuíram substancialmente a quebra face ao primeiro semestre do ano passado.

Nos últimos dois meses a queda rondava os 25% face aos primeiros meses do ano passado (ver números de Maio e Abril) no que diz respeito a motos acima de 50 cc, essa diferença é de -14,3%. Registaram-se 12 735 motos acima de 50 cc neste primeiro semestre, contra 14 856 no período homólogo de 2019.

A melhor prestação das 125 cc em Junho faz com que no acumulado dos primeiros seis meses do ano a sua quebra, de 10,1%, seja menor do que nas motos com mais de 125 cc, que perderam 18,5% no acumulado de Janeiro a Junho face ao mesmo período do ano passado.

Os números por segmentos

Os ciclomotores mantiveram a tendência negativa em Junho, com apenas 165 unidades matriculadas, o que representa uma quebra de 6,3% face ao mesmo mês do ano passado. No primeiro semestre de 2020 as cinquentinhas perderam 24,9% face ao período homólogo de 2019. A SYM é a marca que lidera as vendas deste segmento, mas com perda significativa de quota de mercado.

No segmento das 125 cc a Honda mantém a liderança apesar de ter perdido quota de mercado no primeiro semestre do ano; Yamaha e Keeway recuperaram terreno aumentando as vendas face aos primeiros seis meses do ano passado, e aumentando também a quota no segmento. Foram registadas 6665 motos de 125 cc nos primeiros seis meses do ano, que representam uma queda de 10,1% em relação aos números do ano passado.

Nas motos ‘grandes’, ou seja, acima de 125 cc, Honda, Yamaha e BMW mantêm as três posições na tabela de vendas; mas enquanto que a Honda perdeu quota neste segmento, Yamaha e BMW cresceram. Aliás, a BMW foi mesmo das poucas marcas que conseguiu aumentar o número de vendas (0,4%) face ao primeiro semestre do ano passado. O mesmo aconteceu com marcas como Husqvarna (4,7%), Zontes (167,4%), Royal Enfield (24,6%) ou Aprilia (5,6%).

O total das motos acima de 125 cc quedou-se nas 6070 unidades no primeiro semestre, ou seja, 18,5% abaixo do número do ano passado para o mesmo período.

Números positivos em Junho

Somando os números das duas tabelas anteriores obtemos a tabela do total de motos vendidas (excluindo os ciclomotores). Com o crescimento no segmento de 125 cc, a Yamaha – que perdeu apenas 0,5% face ao ano passado – está mais próxima da líder Honda. Também com o empurrão das 125 cc, a Keeway conseguiu ultrapassar a BMW no acumulado dos primeiros seis meses do ano.

Com 12 735 motos com mais de 50 cc registadas de Janeiro a Junho de 2020, a quebra face ao mesmo período de 2019 é de 14,3%.

Os números do semestre reforçam assim a confiança de que o mercado continue a recuperar nos próximos meses. Apesar da hecatombe de Abril e Maio, ainda há lugar à esperança de se poder chegar próximo dos números do ano passado… ou até ultrapassá-los, como se previa na fase pré-pandemia?