Dizem os livros de história e os registos que a primeira moto alguma vez fabricada foi a Daimler Reitwagen. Estávamos no ano de 1885 quando Gottlieb Daimler e Wilhelm Maybach desenharam e fabricaram esta moto na Alemanha. Desde esse momento passaram mais de cem anos. Um período relativamente longo e que, claro, permitiu que surgissem uma série de mitos de motos que todos os motociclistas já ouviram falar.
Mas será que esses mitos de motos são verdade ou mentira?
Neste artigo apresentamos 8 mitos que provavelmente já ouviu falar numa conversa de café entre amigos que gostam de motos. Alguns desses mitos podem até ter um fundo de verdade. Mas será que hoje em dia podemos confirmar se são verdade ou se na realidade não passam de uma mentira dita muitas vezes que se torna numa verdade?
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Veja aqui a nossa lista de mitos de motos
1 – As motos italianas são mais frágeis
Este mito nasceu e ganhou força no anos 80 do século passado, quando a indústria italiana começou a apostar nas motos desportivas de baixa cilindrada com motores a dois tempos. Por natureza estes motores necessitam de maior atenção em termos de manutenção para garantir o seu funcionamento.
Pese embora se tenham registado algumas falhas de conceção e que reduziram a fiabilidade de algumas motos italianas, na passagem para os motores a quatro tempos a fiabilidade aumentou significativamente.
Hoje em dia, e mesmo tendo em conta que ocasionalmente podem existir alguns problemas, podemos dizer que uma moto italiana não se apresenta mais frágil do que motos de origem noutros países.
2 – As motos alemãs têm uma qualidade superior
A indústria alemã do motociclismo tem-nos oferecido motos bem construídas e de qualidade inegável. Durante os últimos anos do século passado provavelmente a sua capacidade de fabrico garantia uma qualidade superior, o que ajudou a fazer crescer o mito de motos alemãs com melhor construção.
Porém, e como acontece com motos de todos os fabricantes, as motos alemãs não são infalíveis e por diversas vezes temos recebido informações de “chamadas técnicas à revisão” por parte de motos com origem na Alemanha.
3 – As motos 500 cc a dois tempos de Grande Prémio são as motos mais selvagens
Quando em 2002 se iniciou a era MotoGP no Mundial de Velocidade, muitos fãs não quiseram aceitar que estávamos perante o ocaso das motos de competição equipadas com motores de 500 cc e a dois tempos. Devido às características dos seus motores, estas “quinhentos” de Grande Prémio eram, de facto, motos selvagens. Mas podemos dizer que são as mais selvagens de todas?
No início da década de 90 do século passado, estas motos de competição apresentavam cerca de 165 cv de potência para um peso pouco superior aos 100 kg, e não disponibilizavam qualquer ajuda eletrónica à condução. O caráter explosivo dos seus motores e o facto de disponibilizarem a potência apenas numa faixa de regime muito elevada, fazia com que fossem consideradas como “indomáveis”.
Mas em 2002 assistimos à chegada das primeiras MotoGP, motos de 990 cc com cerca de 250 cv de potência e 150 kg de peso. Já com eletrónica, melhores suspensões, melhores sistemas de travagem e ciclística, estas MotoGP demonstraram desde o primeiro momento que são verdadeiras motos de competição selvagens… mas muito mais eficazes! Os tempos por volta assim o comprovam.
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4 – As motos são apenas para conduzir com bom tempo?
Este é um daqueles mitos que é habitualmente propalado por todos aqueles que, infelizmente, não conseguiram ainda abraçar o conceito e a essência do motociclismo. O equilíbrio, os movimentos, a velocidade ou a sensação de liberdade não estão dependentes da altura do ano ou das condições climatéricas.
Sim, é verdade que, quanto mais agradável estiver o tempo ou a temperatura ambiente, melhor nos vamos sentir aos comandos de uma moto. Retiramos maior dose de prazer quando está sol. Mas isso não significa que não podemos gostar de andar de moto, ou sentir prazer, apenas por está de chuva ou faz mais frio no inverno!
Na realidade podemos dizer que hoje em dia, com a diversidade e qualidade de equipamentos específicos para motociclismo que estão disponíveis no mercado, é fácil encontrar meios de nos protegermos para andar de moto nestes dias menos “apetecíveis”. Faça chuva ou faça sol, calor ou frio, andar de moto é um prazer e uma atividade que em Portugal podemos praticar todo o ano!
5 – Mais potência = Menos segurança?
Sim, é verdade que com o aumento da potência pode dar-se o caso de aumentar os riscos para o motociclista. Mas este mito de motos não tem em conta uma série de condicionantes que na prática fazem com que seja uma mentira.
As motos de maior potência permitem reagir de forma mais imediata a situações de trânsito. Paralelamente, estas motos com mais potência usufruem de melhor ciclística e componentes mais eficazes. Estamos a falar de suspensões, travões, quadro ou até mesmo ajudas eletrónicas e pneus.
É verdade que numa moto mais potente o motociclista que a conduz deverá ter atenção redobrada ao que está a fazer para dominar essa potência superior. Porém, também não deixa de ser verdade que isso não significa imediatamente que a potência seja equivalente a menor segurança, pois também temos melhores “ferramentas” para domar a potência.
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6 – Um motociclista aprende com a experiência das quedas
Já todos ouvimos um amigo em conversa de café dizer: Só há dois tipos de motociclistas! Os que caíram… e os que vão cair. É evidente que uma queda de moto oferece, normalmente com muitas dores à mistura, uma quantidade enorme de informações que um motociclista adquire e poderá utilizar para aprender a não cometer o mesmo erro novamente.
Na realidade, não é necessário andar a cair de moto constantemente para se ganhar experiência de conduzir uma moto de forma responsável. Ser prudente em cada momento, não duvidar dos movimentos que tem de fazer aos comandos de uma moto, e ir até onde sabe que pode ir, com segurança, são ideias chave para evitar acumular experiência à base de quedas.
7 – Quanto mais arriscas, melhor condutor és!
Este é daquele mitos de motos que mais ouvimos falar.
Há alguns motociclistas que acreditam piamente que por serem mais rápidos do que os amigos numa determinada estrada, são melhores “pilotos”. Bom, talvez isto sirva para brincar com os amigos nos encontros de motos num café, mas não tem nada a ver com a realidade.
Um motociclista é melhor condutor quanto maior controlo tiver sobre a sua moto e das reações que ela tenha. Não serve de nada ser o “mais rápido” da rua, quando na realidade para o ser tem de ir para lá do limite do seguro e do que dizem as regras do Código da Estrada.
Um motociclista deverá minimizar os riscos para poder continuar a desfrutar do motociclismo. É bom desfrutar das duas rodas. Porém, isso não deverá levar a exageros e riscos desnecessários que coloquem em causa outras coisas na nossa vida.
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8 – Uma moto moderna é melhor do que uma moto de há 20 anos?
Não podemos esquecer que as motos modernas têm ABS, por exemplo, o que as torna mais seguras, e, logo à partida, melhores motos do que aquelas que eram fabricadas há 20 anos. Esta ideia não nos pode, no entanto, fazer esquecer a época dourada do motociclismo que se viveu nos anos 80 e 90 do século passado.
Nesses anos loucos os fabricantes estavam a dar tudo o que tinham!
Se pensarmos numa 400 cc atual, verificamos que tem habitualmente um motor de dois cilindros, travão com um único disco dianteiro, um quadro em aço de conceção bastante simplista e ainda uma ciclística pensada para conter custos.
Há 20 anos, estas 400 cc apresentavam motores de quatro cilindros em linha, sistema de travagem de dois discos dianteiros, quadros fabricados em alumínio do tipo dupla trave e baseados nos quadros de motos de 750 ou 1000 cc daqueles anos. Pequenas motos que atingiam rotações e velocidades incríveis.
Ainda que as prestações das motos atuais sejam fantásticas, e à luz deste tipo de argumentos, fica complicado dizer à partida que uma moto moderna é uma moto melhor do que uma fabricada há 20 anos. Este é o nosso último mito na lista de mitos de motos.