Depois de quatro corridas fora da Europa o Mundial de Velocidade regressa finalmente a solo europeu para o que muitos denominam de “verdadeiro” início da temporada 2022 de MotoGP. O Autódromo Internacional do Algarve será o palco da quinta ronda do ano, e pilotos de MotoGP, Moto2 e Moto3 voltam a enfrentar a “montanha-russa” algarvia de 22 a 24 de abril no Grande Prémio de Portugal.
O fim de semana no AIA promete emoções fortes, principalmente para os milhares de fãs portugueses que não querem perder mais uma oportunidade de ver ao vivo os melhores pilotos do mundo e, claro, apoiar nas bancadas do traçado português o Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) que terá agora mais uma oportunidade de repetir a vitória dominadora que conseguiu em 2020.
Pese embora as previsões meteorológicas para a região de Portimão apontem para chuva, o “layout” do Autódromo Internacional do Algarve é bastante específico, com muitas alterações de direção e desníveis. Um circuito que coloca às equipas de MotoGP um desafio muito especial do ponto de vista técnico.
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Nas três visitas anteriores ao AIA tivemos três vencedores diferentes e sempre em motos de fabricantes diferentes: Miguel Oliveira com a KTM RC16 (na altura da equipa satélite Tech3), Fabio Quartararo na Yamaha M1 da equipa de fábrica, e a última vitória é a de Francesco Bagnaia com a Ducati Desmosedici GP21 da equipa de fábrica. Logo aqui é possível perceber que o circuito algarvio não favorece claramente uma determinada marca.
Do ponto de vista técnico, o Autódromo Internacional do Algarve não é demasiado exigente para com os sistemas de travagem dos protótipos de MotoGP. Na realidade, apenas dois pontos do circuito exigem máxima força aos travões Brembo: travagem para a curva 1 e para a curva 5 (a da torre VIP).
Mas a verdade é que no restante da volta os pilotos de MotoGP passam muito tempo a praticar o denominado “trail braking”, em que mantêm a pressão nos travões, ainda que em menor nível, até bem dentro da curva, na tentativa de manter a moto na trajetória mais apertada de forma a seguirem o percurso mais rápido de curva em curva e assim garantirem o tempo mais rápido.
Motos como a Yamaha M1 ou a Suzuki GSX-RR terão aqui alguma vantagem pelas características do seu chassis, que privilegia maior velocidade em curva beneficiando de mais estabilidade.
Motos como a KTM RC16 do português Miguel Oliveira (e restantes pilotos da marca austríaca), que se dá melhor com o pneu dianteiro duro da Michelin, ou ainda a Ducati Desmosedici “GP21.5”, que Francesco Bagnaia tem tentado afinar para lhe oferecer um melhor “feeling” da frente como a GP21, ou ainda a Honda RC213V com que Marc Márquez e restantes pilotos Honda continuam a debater-se com problemas na frente, podem estar em dificuldade no ondulante circuito perto de Portimão.
Felizmente para as ambições de Miguel Oliveira, a KTM RC16 parece ter conseguido adaptar-se às características dos pneus Michelin médios e macios, pelo que o piloto português poderá aproveitar esta performance adicional para recuperar do desastre que foi o Grande Prémio das Américas.
No caso da Ducati da equipa de fábrica situação pode estar resolvida. No recente Grande Prémio das Américas o italiano “Pecco” Bagnaia afirmou que voltou a sentir a moto italiana como sentia a versão do ano passado. Isso será uma enorme ajuda para aquele que era apontado como favorito ao título dar a volta a um início de 2022 bastante mau em termos de resultados e pontuações.
Claro que numa categoria tão evoluída técnica e tecnologicamente como é MotoGP, as mais pequenas diferenças saltam à vista… literalmente!
Para este ano os pacotes aerodinâmicos de todos os protótipos foram redesenhados. E num circuito como o Autódromo Internacional do Algarve veremos de forma mais profunda como as alterações na aerodinâmica influenciam o comportamento das motos, sendo que não existe grande vantagem, em termos de resultados, para motos com maior ou menor carga aerodinâmica neste Grande Prémio de Portugal.
De facto, na visita mais recente ao circuito, venceu a moto com pacote aerodinâmico mais avançado (Ducati), sendo que a Suzuki GSX-RR, sem dúvida a que tem uma aerodinâmica mais “simples”, foi a segunda classificada.
As equipas vão ter de encontrar um ponto de equilíbrio ideal para permitir que o efeito aerodinâmico maximize a aceleração, mas por outro lado não podem abusar da carga aerodinâmica ao ponto de tornar as trocas de direção demasiado “físicas” e lentas. E no AIA elas são constantes!
Neste aspeto da aerodinâmica, é interessante perceber que a Yamaha M1 conta agora com um conjunto de asas maiores e que certamente provocam maior força descendente sobre a roda dianteira, fulcral para, principalmente Fabio Quartararo conseguir chegar à vitória ou lugares de pódio.
Outro ponto em destaque nas motos da Ducati, Aprilia e Suzuki é que o pacote aerodinâmico mais atual gera uma carga aerodinâmica maior, mas o coeficiente de arrasto, fator prejudicial, é menor do que no ano passado, o que resultará em maior velocidade e tempos mais baixos.
Com tudo isto a entrar como fator a ter em conta nas previsões sobre potenciais vencedores do Grande Prémio de Portugal, será que o italiano Enea Bastianini (Gresini Racing) tem o que é preciso para vencer pela terceira vez em 2022 e reforçar a sua liderança na classificação?
Ou será que veremos Miguel Oliveira a vencer pela segunda vez este ano e também pela segunda vez no AIA, até porque as previsões de chuva podem ser boas notícias para o piloto português?
Fique atento a www.motojornal.pt pois iremos acompanhar tudo o que acontece no Grande Prémio de Portugal de 22 a 24 de abril. E se quiser saber a que horas os pilotos das três categorias do Mundial de Velocidade entram em pista, então só tem de clicar aqui!