Depois dos três dias de “shakedown” para pilotos de teste e “rookies”, mas também para os dois pilotos oficiais da Aprilia Racing, o circuito de Sepang, Malásia, voltou a animar-se com a presença das motos ao longo do primeiro dia de testes oficiais de MotoGP 2022. Aleix Espargaró e Maverick Viñales aproveitaram a “rodagem” dos dias anteriores e terminaram no topo da tabela de tempos neste primeiro dia.
Com a temperatura do asfalto malaio a subir até aos 45 graus Celsius e a temperatura ambiente a rondar valores ligeiramente acima dos 30 graus Celsius, os pilotos da categoria rainha voltaram a pilotar os seus protótipos depois de largos meses de paragem.
Claramente para as equipas e pilotos, estes dois dias de testes oficiais que hoje começaram em Sepang não são para obter voltas rápidas. O foco está no desenvolvimento das motos e respetivos componentes. Porém, estar no topo da tabela de tempos confere sempre uma margem de confiança adicional. E Aleix Espargaró e Maverick Viñales voltaram a estar então em destaque.
O mais velho dos irmãos Espargaró – que foi avisado pela Dorna uns dias antes por ter furado a “bolha” anti-Covid do paddock para uma sessão de treinos de bicicleta – rodou em 1m58.371s. É uma das melhores voltas de sempre de uma moto ao traçado malaio. Aleix Espargaró ficou já muito perto do recorde absoluto que é de Fabio Quartararo com 1m58.303s e data de 2019.
Isto pode significar que todos os protótipos de MotoGP, após dois anos de evolução, embora tenha sido uma evolução contida pela pandemia e alterações nos regulamentos, estão mais rápidos. Mas também pode ser já um sinal de que a Aprilia RS-GP continua a aproximar-se das rivais e será uma moto a ter em atenção em MotoGP 2022.
Maverick Viñales terminou este primeiro dia de testes oficiais de MotoGP 2022 com o segundo melhor tempo (1m58.384s), enquanto outro espanhol, neste caso da Suzuki Ecstar, Alex Rins, fechou o “top 3” com a sua melhor volta em 1m58.471s.
Em relação à prestação do português Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory), o regresso aos comandos da sua KTM RC16 saldou-se com um 16º tempo e uma queda. Um pequeno azar sem grandes consequências, e que não impediu o piloto de Almada de continuar a trabalhar com a equipa agora liderada por Francesco Guidotti que chega à KTM vindo da Pramac Ducati.
Aprilia
Romano Albesiano, diretor técnico da Aprilia Racing, afirma que a mudança da moto de 2021 para a moto que compete em MotoGP 2022 não é muito grande. Mas é uma mudança que obriga a diversas alterações. As mais visíveis estão relacionadas com a traseira e sistema de escape. Mas o chassis também conta com novidades, como por exemplo o braço oscilante reforçado em carbono.
Ducati
Neste primeiro dia de testes a surpresa – ou talvez não – foi não vermos nenhuma moto de Borgo Panigale nas três primeiras posições. A melhor Ducati em pista foi a de Enea Bastianini (Gresini Racing Ducati) que foi o 4º mais veloz logo seguido de Johann Zarco (Pramac Ducati).
A Desmosedici GP22 está mais potente, de acordo com Gigi Dall’Igna, responsável pelo projeto de MotoGP da Ducati. Mas mais potência do V4 obriga a marca a trabalhar na saída de gases de escape. E foi isso mesmo que os pilotos oficiais fizeram, testando diferentes configurações de escape, com ponteiras mais longas ou mais curtas.
Será interessante perceber se no segundo dia de testes oficiais de MotoGP 2022 em Sepang as motos italianas de Borgo Panigale aumentam o ritmo. Por exemplo, Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) não foi além da 19ª posição. Ele que é um dos grandes favoritos à conquista do título de MotoGP 2022.
Honda
Para a Honda Racing Corporation esta temporada que agora começa é vital. Muitos milhões investidos e resultados muito abaixo do esperado nas últimas temporadas deixam o gigante japonês em maus lençóis, se assim se pode dizer. Porém, e mais do que testarem nada menos do que quatro tipos diferentes de quadro na RC213V, o grande ponto de interesse neste primeiro dia de testes oficiais foi o regresso de Marc Márquez.
O piloto espanhol começou por rodar com a moto de 2021, mas rapidamente saltou para a versão de 2022, com sistema de escape redesenhado, traseira bastante modificada, e uma configuração aerodinâmica totalmente diferente e proveniente de uma carenagem frontal totalmente revista.
Márquez, que não andava numa MotoGP desde outubro do ano passado, rodou em 1m59.287s, o que não sendo um tempo recorde, não deixa de ser um registo sólido para o oito vezes campeão do mundo.
KTM
Tal como já referimos, o dia do fabricante austríaco correu relativamente bem. Miguel Oliveira e Brad Binder, que, tal como o português, também sofreu uma pequena queda, rodaram bastante com a nova RC16. O motor V4 de Mattighofen é uma evolução clara da unidade motriz que foi estreada em 2021. Mas o destaque no protótipo da KTM é a nova entrada de ar frontal, maior e com um novo desenho, mas também as asas aerodinâmicas mais “afiladas” e agora com um novo conjunto de asas nas carenagens laterais.
Suzuki
O dia de testes oficiais de MotoGP 2022 correu de forma positiva para a marca de Hamamatsu. Alex Rins, apesar de uma queda, foi o terceiro mais rápido. Joan Mir foi 7º, mas sem conseguir baixar para o segundo 58. A Suzuki GSX-RR não revela grandes alterações exteriores. Porém, o motor quatro em linha da GSX-RR parece estar mais potente. Uma boa notícia para os dois espanhóis, que agora deixarão de sofrer tanto em linha reta como em anos anteriores.
Por outro lado, os engenheiros da Suzuki Ecstar têm estado ocupados a evoluir diferentes componentes na moto japonesa. Nomeadamente uma nova versão, mais suave em termos de mecanismo, do sistema de redução da altura da traseira e do “holeshot”, mas também um quadro com rigidez redefinida graças à utilização de reforços em fibra de carbono em determinados pontos do quadro.
Yamaha
Os campeões procuram ganhar velocidade em linha reta sem perder a velocidade de passagem em curva, característica tão importante na YZR-M1. As coisas parecem estar a caminhar no sentido de que a moto japonesa não perde tanta velocidade pura para as rivais, mas há ainda um longo caminho pela frente, pois os pilotos Yamaha continuam a figurar entre os mais lentos do plantel de MotoGP 2022.
Fabio Quartaro liderou o “ataque” da Yamaha e foi o 6º mais rápido em pista. Ficou-se pelo 1m59.002s, cerca de sete décimas mais lento do que o recorde absoluto de Sepang, que é seu. A moto japonesa ostenta agora uma carenagem frontal com asas aerodinâmicas semelhantes às da Aprilia RS-GP, mais longas e a “cruzarem” toda a frente da moto, mas um segundo conjunto de asas, nas laterais, ajudam a criar ainda mais força descendente.
Uma última nota para a utilização, pelo menos durante algumas voltas, de jantes prateadas. Tudo indica que a Yamaha está a testar o mesmo tipo de jantes que a Ducati estreou na Desmosedici GP21. Estas jantes especiais, com estrias, derivam das jantes que são usadas pelos Fórmula 1. As estrias na jante ajudam a manter a temperatura do pneu em níveis considerados baixos. Com isso, a degradação do pneu é menor. E no caso de Sepang, com o asfalto acima dos 40 graus Celsius, isto pode ser uma grande vantagem.
Tabela de tempos do 1º dia de testes oficiais de MotoGP 2022
1 – Aleix Espargaró – Aprilia – 1m58.371s
2 – Maverick Viñales – Aprilia – 1m58.384s
3 – Alex Rins – Suzuki Ecstar – 1m58.471s
4 – Enea Bastianini – Gresini Racing Ducati – 1m58.638s
5 – Johann Zarco – Pramac Ducati – 1m58.946s
6 – Fabio Quartararo – Monster Energy Yamaha – 1m59.002s
7 – Joan Mir – Suzuki Ecstar – 1m59.067s
8 – Marc Márquez – Repsol Honda – 1m59.287s
9 – Pol Espargaró – Repsol Honda – 1m59.353s
10 – Marco Bezzecchi – Mooney VR46 Ducati – 1m59.468s
16 – Miguel Oliveira – Red Bull KTM Factory – 1m59.945s
