Calor, muito calor, intensidade, emoção, desilusão e até mesmo os chamados “golpes de teatro” mesmo no final. Tudo isto podemos dizer que aconteceu no Grande Prémio da Catalunha de MotoGP, nona ronda do calendário 2022. O circuito catalão foi palco de uma corrida dominada em absoluto por Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) e com Miguel Oliveira a fechar o fim de semana com mais um “top 10”.
No arranque para este GP da Catalunha, três pilotos ficaram fora de competição logo na primeira curva. Takaaki Nakagami (LCR Honda Idemitsu), vindo de 12º na grelha de partida, tentou ganhar posições na travagem para a curva 1 quando os semáforos se apagaram dando início à corrida de 24 voltas, mas levou longe demais o seu esforço.
O japonês da Honda perdeu a frente da sua RC213V na travagem, bateu com violência com a sua cabeça na roda traseira de Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team), que caiu, e a moto de Nakagami acabou por bater na Suzuki GSX-RR de Alex Rins. Tanto Bagnaia como Rins nada puderam fazer para evitar a queda, e assim este trio de pilotos abandonou a corrida logo na primeira curva.
E enquanto a confusão estava lançada no meio do pelotão de MotoGP, quem não perdeu tempo para chegar à liderança foi Fabio Quartararo. O campeão em título rapidamente se destacou na frente da prova, e volta após volta, com um ritmo impressionante e sempre nos mesmos registos, o francês da Yamaha foi abrindo uma vantagem que na última passagem pela linha de meta se cifrava em quase cinco segundos para os perseguidores.
Sem história quanto ao primeiro lugar de Fabio Quartararo, que reforça a sua posição de líder do mundial, o interesse centrou-se noutras posições um pouco mais atrás.
Por exemplo, Miguel Oliveira, saído da 16ª posição na grelha de partida, voltou a arrancar muito bem aos comandos da sua KTM RC16 de fábrica. Ainda na primeira volta o piloto português, que tudo indica que esteja a caminho de anunciar acordo com a Gresini Racing, mas que pode ainda ser convencido pela WithU RNF Aprilia de Razlan Razali, ascendeu à 13ª posição.
Depois, fruto de algumas ultrapassagens em pista e aproveitando também as quedas de alguns pilotos à sua frente, Miguel Oliveira viu-se envolvido numa batalha intensa com o ainda seu companheiro de equipa Brad Binder, luta essa pela 8ª posição.
Ambos os pilotos KTM oficiais escolheram pneus Michelin de composto médio em ambas as rodas, pelo que seria uma luta em condições semelhantes para os dois.
Na entrada da 12ª volta desta corrida catalã de MotoGP, Miguel Oliveira tenta capitalizar a pressão que vinha a exercer sobre Brad Binder. Na travagem para a curva 1, o “Falcão” português tenta passar o rival em travagem pura, prolongando um pouco mais esse momento, mas acaba por exagerar um pouco e alargar a trajetória. Miguel Oliveira chegou a estar em 8º nesse momento, porém acabou por ser obrigado a deixar Binder passar novamente.
A partir daí os dois pilotos Red Bull KTM Factory não se voltaram a aproximar um do outro, e a diferença, com vantagem para Binder, na passagem pela linha de meta cifrou-se em pouco mais de cinco segundos entre ambos. Miguel Oliveira consegue assim mais um “top 10” merecido, depois de um segundo fim de semana que arrancou mal, mas que graças ao seu esforço acaba melhor do que seria previsível tendo em conta as dificuldades reveladas pela equipa KTM.
Regressando à luta pelas posições de pódio, e com Johann Zarco (Prima Pramac Racing) a assistir de perto à luta intensa entre Aleix Espargaró (Aprilia Racing) e Jorge Martin (Prima Pramac Racing), ambos a trocarem algumas vezes de posição discutindo então o 2º e 3º lugares, as posições finais de pódio ficaram decididas de uma forma que podemos apenas definir como um verdadeiro “golpe de teatro”.
Aleix Espargaró, que, entretanto, tinha recuperado a segunda posição na volta anterior, pensou que tinha terminado a corrida quando na realidade estavam apenas na penúltima volta. O piloto da Aprilia Racing passou a linha de meta e imediatamente abrandou, acreditando que teria terminado em segundo neste Grande Prémio da Catalunha que até agora tinha sido dominado por si.
Enquanto levantava o braço para agradecer aos fãs nas bancadas da curva 1, Aleix Espargaró apercebeu-se que na realidade a corrida não tinha terminado. Ainda regressou à pista mesmo colado a Luca Marini (Mooney VR46), conseguindo subir ainda ao 5º lugar, mas claramente sem hipótese de ir mais além.
Um final de fim de semana inglório para Aleix Espargaró, que deixa fugir um segundo lugar e mais um pódio para a Aprilia Racing em 2022, por um erro que, tendo em conta as reações depois da corrida, terá sido mesmo do piloto espanhol que se mostrou inconsolável na chegada à box da equipa italiana.
Com o erro de Aleix Espargaró, quem mais beneficiou foi mesmo Jorge Martin e Johann Zarco. Os dois pilotos da Prima Pramac subiram uma posição cada um, respetivamente para segundo e terceiro, numa altura em que já não acreditavam ser possível este resultado de conjunto para a equipa satélite da Ducati.
MotoGP – resultados da corrida
1 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
2 – Jorge Martin (Prima Pramac Ducati)
3 – Johann Zarco (Prima Pramac Ducati)
4 – Joan Mir (Suzuki Ecstar)
5 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)
6 – Luca Marini (Mooney VR46)
7 – Maverick Viñales (Aprilia Racing)
8 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
9 – Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory)
10 – Alex Márquez (LCR Honda Castrol)
MotoGP – classificação de pilotos
1 – Fabio Quartararo – 147 pontos
2 – Aleix Espargaró – 125 pontos
3 – Enea Bastianini – 94 pontos
4 – Johann Zarco – 91 pontos
5 – Francesco Bagnaia – 81 pontos
6 – Brad Binder – 73 pontos
7 – Alex Rins – 69 pontos
8 – Joan Mir – 69 pontos
9 – Jack Miller – 65 pontos
10 – Marc Márquez – 60 pontos
11 – Miguel Oliveira – 57 pontos