No Grande Prémio de Itália reina a força italiana do binómio Ducati Desmosedici GP22 e Francesco Bagnaia. O vice-campeão de MotoGP fechou da melhor forma um fim de semana que até parecia que não lhe seria particularmente favorável, mas “Pecco” Bagnaia deu a volta em corrida e garantiu uma preciosa segunda vitória nesta temporada 2022. Num dia em que mais uma vez teve de enfrentar muitas lutas no meio do pelotão, Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory) obtém um saboroso 9º lugar.
Numa corrida de 23 voltas que decorreu com condições climatéricas estáveis, ao contrário do que tinha sucedido no dia de qualificação, embora com temperaturas mais baixas, quer no asfalto quer a nível ambiente, não deixou de ser surpreendente ver nos dois primeiros lugares da grelha de partida dois “rookies”: Fabio di Giannantonio (Gresini Racing) e Marco Bezzecchi (Mooney VR46). A primeira vez desde o GP do Qatar em 2008 que isto aconteceu.
Quando os semáforos se apagaram dando início à corrida de MotoGP em Mugello, Marco Bezzecchi e o seu companheiro de equipa Luca Marini destacaram-se ao assumir as duas primeiras posições, deixando o compatriota Di Giannantonio mais para trás a ter de enfrentar a pressão do grupo que os perseguia.
Nesse grupo pontificavam o campeão Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha) e Aleix Espargaró (Aprilia Racing), que num circuito que é favorável às motos da Ducati, não quiseram deixar muito espaço para os três primeiros.
Enquanto isso, Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team) começava a subir na classificação, preparando o ataque aos primeiros lugares. Mais atrás era a vez de Miguel Oliveira e a sua KTM RC16 começarem a ascender, como tantas vezes temos visto ao longo dos anos em MotoGP, na classificação, e da 15ª posição na grelha de partida rapidamente o piloto português passou a rodar às portas do “top 10”.
Na frente da corrida as lutas entre os três pilotos privados da Ducati permitiram a Fabio Quartararo tentar a sua sorte e entrar na luta pelo pódio, o que lançou alguma confusão pois as trocas de posição eram constantes. Vindo de posições mais secundárias, Bagnaia também não quis deixar passar a oportunidade de entrar nesta intensa batalha por posições cimeiras, e o piloto de fábrica da marca de Borgo Panigale mostrou-se num nível superior aos rivais.
Na nona volta das 23 de corrida, Bagnaia finalmente passa a primeiro, já depois de muitas trocas de posição entre os primeiros classificados, fazendo valer a velocidade máxima da sua moto de fábrica frente a satélite de Bezzecchi que nada podia fazer para impedir Bagnaia de assumir a liderança. E por falar em velocidade máxima, refira-se que o novo recorde absoluto de MotoGP passa a ser de Jorge Martin (Pramac Ducati) que atingiu os 363,6 km/h!
Com Bagnaia a solidificar a sua liderança e a tentar escapar na frente da corrida, para gáudio dos fãs italianos e do “estado maior” da Ducati que acorreu ao Mugello em força, Fabio Quartararo também não queria deixar o seu rival fugir, e depois de muitas discussões de travagem e trajetória com os pilotos da Mooney VR46, finalmente o campeão em título conseguiu subir definitivamente a segundo.
No meio do pelotão, e depois de várias ultrapassagens nas voltas iniciais, Miguel Oliveira beneficiou também de algumas quedas de pilotos à sua frente e ascendeu mais algumas posições, como por exemplo quando Enea Bastianini (Gresini Racing) caiu e permitiu ao português subir a 8º.
Até à bandeira de xadrez que deu por finalizado o Grande Prémio de Itália de MotoGP, Miguel Oliveira não apresentou andamento para continuar a sua ascensão, estava a perder inclusivamente bastante tempo para o seu companheiro de equipa Brad Binder que se aproximava do grupo que lutava pelo “top 5”, e chegou mesmo a ser ultrapassado por Takaaki Nakagami (LCR Honda Idemitsu), o que fez o piloto da Red Bull KTM Factory descer para 9º.
Não será certamente um resultado desejado por Miguel Oliveira, mas tendo em conta o que vimos neste fim de semana em Mugello, e até mesmo por todo o ambiente tenso que se vive na box da KTM devido às negociações de contratos, este resultado acaba por ser bastante positivo e a mostrar mais uma vez que em situação de corrida o Miguel Oliveira consegue resultados sólidos. Cruzou a linha de meta a 11,2 segundos do vencedor.
E precisamente o vencedor foi Francesco Bagnaia. Já depois de assumir a liderança da prova, o piloto da Ducati nunca mais se deixou surpreender. Mesmo tendo optado pelo pneu dianteiro de composto médio, Bagnaia foi gerindo a diferença que o separava de Quartararo, com o francês a acreditar que o pneu dianteiro duro iria fazer a diferença nas voltas finais, o que não se verificou.
Assim, Bagnaia somou a sua segunda vitória do ano e redimiu-se da melhor forma do desaire em Le Mans. Fabio Quartararo defendeu-se bem em território muito favorável às motos da Ducati, e o segundo lugar permite ao campeão manter-se relativamente tranquilo na liderança do campeonato de MotoGP após oito ronda cumpridas.
Quanto ao lugar mais baixo do pódio, a decisão ficou para as últimas seis voltas. Aleix Espargaró foi pressionando o “rookie” Bezzecchi o mais que conseguiu, e inclusivamente permitiu a Luca Marini reentrar nesta batalha pelo desejado 3º lugar. Porém, o pneu dianteiro duro de Aleix na sua Aprilia RS-GP foi provavelmente o fator que fez a diferença, permitindo ao espanhol travar mais tarde no final da longa e veloz reta da meta de Mugello.
O piloto da Aprilia Racing eventualmente conseguiu mesmo ascender a terceiro e a partir desse momento foi abrindo uma pequena vantagem, particularmente no miolo do traçado da Toscânia, o que por sua vez lhe garantia que ficava a salvo dos ataques das velozes motos de Borgo Panigale na reta da meta. Até porque a Aprilia RS-GP não se mostrou nada fraca em termos de potência aqui em Mugello.
Foi desta forma que Aleix Espargaró garantiu um saboroso terceiro lugar, o quarto pódio consecutivo para a Aprilia Racing, e que o deixa em boa posição na luta pelo título.
Nesta corrida de Grande Prémio de Itália de MotoGP convém ainda referir que Marc Márquez (Repsol Honda), mesmo lesionado e em claras dificuldades, terminou em 10º aquela que terá sido a sua última corrida da temporada 2022 – recordamos que o piloto espanhol será submetido a nova operação ao braço direito daqui a poucos dias -, sendo que também temos de destacar, mas neste caso pela negativa, as desistências dos dois pilotos da Suzuki Ecstar.
Desde que foi anunciado o fim da participação da Suzuki em MotoGP, tanto Joan Mir como Alex Rins têm registado abandonos em corrida e muitas dificuldades nas qualificações.
MotoGP – resultados do Grande Prémio de Itália
1 – Francesco Bagnaia (Ducati Lenovo Team)
2 – Fabio Quartararo (Monster Energy Yamaha)
3 – Aleix Espargaró (Aprilia Racing)
4 – Johann Zarco (Pramac Ducati)
5 – Marco Bezzecchi (Mooney VR46)
6 – Luca Marini (Mooney VR46)
7 – Brad Binder (Red Bull KTM Factory)
8 – Takaaki Nakagami (LCR Honda Idemitsu)
9 – Miguel Oliveira (Red Bull KTM Factory)
10 – Marc Márquez (Repsol Honda)
MotoGP – classificação do campeonato
1 – Fabio Quartararo – 122 pontos
2 – Aleix Espargaró – 114 pontos
3 – Enea Bastianini – 94 pontos
4 – Francesco Bagnaia – 81 pontos
5 – Johann Zarco – 75 pontos
6 – Alex Rins – 69 pontos
7 – Brad Binder – 65 pontos
8 – Jack Miller – 63 pontos
9 – Marc Márquez – 60 pontos
10 – Joan Mir – 56 pontos
11 – Miguel Oliveira – 50 pontos